'Chefes' do tráfico na Praia de Iracema e Aldeota são presos

Grupo mantinha imóveis de luxo e teria entre seus integrantes uma escrivã da Polícia Civil

Escrito por Redação ,
Legenda: Delegados Leonardo Barreto e Luís Carlos Dantas, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apresentaram os resultados da investigação e forneceram detalhes sobre as ações da quadrilha
Foto: FOTO: KIKO SILVA

A abordagem surpresa na saída de um apartamento próximo à Beira-Mar foi o passo principal para o cerco que desarticulou a quadrilha comandada pela traficante Gabriela de Sousa Bonfim, a 'Gabi', na Praia de Iracema. Estava armada de pistola, mas foi rendida com sua comparsa Suelem Amorim na saída de um prédio de luxo. O mesmo em que, na sequência, foi dada voz de prisão ao namorado de 'Gabi', Francisco Weskley Bento de Lima, o 'Leleca', em um apartamento com joias, celulares, computadores, R$ 14,6 mil em espécie e um pequeno laboratório do tráfico de drogas.

O trio foi conduzido à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde era investigado por homicídios e tráfico de entorpecente. Uma escrivã de Polícia, tia de Gabi, foi saber o motivo das prisões e foi detida. Já havia mandado de prisão contra Maria das Graças Gadelha Bonfim, policial civil acusada de passar informações privilegiadas para a quadrilha.

Início

Até a última quarta-feira foram presas 11 pessoas. Mas ainda não terminaram as investigações que tiveram início em outubro do ano passado, lideradas pelo delegado Leonardo Barreto. Ele presidiu o inquérito que teve início com as investigações do assassinato de Felipe Nathan da Silva, em outubro do ano passado. O autor teria sido Valfrísio de Carvalho Filho, preso com o comparsa Lindemberg de Sousa Mendes. Ambos seriam do grupo de Gabi. As prisões, lideradas por Leonardo Barreto começaram no dia 20 de junho, com Gabi, Suelem e 'Leleca'. É o dia em que a escrivã Maria das Graças recebe voz de prisão preventiva. "Sem querer ela facilitou o trabalho da Polícia ao já vir aqui", afirma o delegado. Ainda no dia 20 foi presa Graziele de Sousa Bonfim, a 'Ziza', irmã de Gabi e que controlava a venda de drogas na Favela da Graviola, nas imediações da Avenida Monsenhor Tabosa. No dia seguinte, foram presos Eduardo Santos Silveira e Regina Lúcia de Sousa, a Lucinha. Foi o mesmo dia das prisões dos acusados Valfrísio e Lindemberg.

Ainda na sequência das investigações, a Polícia chegou à técnica de enfermagem Silvia da Silva Roca e seu companheiro Antônio Israel da Silva Martins, este mal saído da prisão no dia anterior. Na residência do casal havia munições de calibre Ponto 40 e 38, carregador de pistola, identidades falsas e 13 kg de mistura química em pó, usada na produção de entorpecentes. Segundo a Polícia, o casal era responsável por se informar sobre os grupos organizados e identificar os desafetos da quadrilha.

A lista parcial de detenções foi fechada com a apreensão de dois adolescentes e que seriam usados, na linguagem do tráfico, como "para-choque". Eles assumiriam casos de flagrantes de crimes cometidos pelos parceiros da quadrilha.

No comando

De acordo com a Polícia, 'Gabi' tinha o costume de andar armada. Em sua posse (inclusive durante a abordagem), uma pistola ponto 40. "Ela comandava o tráfico, mas tinha o cuidado de fazer parecer que não tinha envolvimento", afirma Luís Carlos Dantas, diretor da DHPP. A cocaína apreendida, 1 kg, tem alto grau de pureza. "Ela sempre teve o interesse em só comercializar drogas de primeira qualidade", frisou Dantas.

A área de abrangência do grupo de 'Gabi' se estende pelos bairros Praia de Iracema, Aldeota e Moura Brasil. Mas não foi a primeira prisão dela, nem mesmo a primeira vez em que a Polícia anunciou a "desarticulação" da sua quadrilha.

Por força de liminares judiciais, não só ela, como outros comparsas foram soltos em 2012, pouco tempo de suas prisões - 'Gabi' foi detida por policiais da Delegacia de Narcóticos (Denarc) quando acompanhava o velório de um partícipe do seu grupo. O primeiro revés da sua quadrilha deu-se em 2009, com a prisão de seis integrantes.

A tia de Gabriela, escrivã de Polícia Maria das Graças Gadelha Bonfim, lotada no 33º DP, nas Goiabeiras, está presa na Delegacia Geral de Polícia Civil.

Conforme o diretor da DHPP Luís Carlos Dantas, ela deverá ser expulsa da Polícia. É acusada de associação ao tráfico. Todos os presos foram acusados pelos crimes de homicídio qualificado, tráfico de entorpecentes e na Lei de Organização Criminosa.

Melquíades Júnior
Repórter