CGD abriu inquérito contra oito agentes penitenciários em 2017
Um servidor foi preso, na última segunda (24), quando se preparava para entregar drogas e celulares em Presídio
Crimes praticados por agentes penitenciários no Ceará estão sendo investigados pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD). Somente neste ano, foram instaurados oito inquéritos, em desfavor dos servidores que têm como dever efetuar a segurança e manter a disciplina nas unidades prisionais.
De acordo com levantamento da CGD, os procedimentos apuram crimes como corrupção, tráfico de drogas e ingresso de celulares em unidades do Sistema Penitenciário. O caso mais recente envolvendo agente penitenciário aconteceu na noite da última segunda-feira (24).
O servidor Luiz Fernandes Perote da Costa, 28, foi preso no Município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), por suspeita de tráfico de drogas. Segundo o comandante do Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE), tenente-coronel Ronaldo Silva, o agente penitenciário se preparava para entregar celulares, carregadores, fones de ouvido e entorpecentes para um integrante da facção Comando Vermelho (CV), que está detido na Unidade Prisional Desembargador Adalberto de Oliveira Barros Leal, conhecido como 'Presídio do Carrapicho'.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a prisão de Luiz Fernandes se deu após um primeiro suspeito ter sido interceptado. Em vistoria de rotina do BPRE, no Km 20 da CE-065, em Maranguape, Alexcyer Pereira Chaves, 23, que trafegava na garupa de um mototáxi, foi detido com 200 gramas de cocaína e R$ 2 mil em espécie.
O suspeito contou aos policiais que o material seria entregue a outra pessoa, que o aguardava em Caucaia. Os policiais foram até o local e encontraram o agente penitenciário.
"Por volta das 20h, o entregador foi interceptado em uma abordagem de rotina próximo ao Anel Viário. Verificamos, no celular dele, uma conversa dizendo onde a droga seria entregue. Quando chegamos em Caucaia, vimos que havia uma pessoa parada aguardando", contou o comandante do BPRE, tenente-coronel Ronaldo Silva.
Ao ser abordado, Luiz Fernandes assumiu ser agente penitenciário. Ao revistar o servidor, policiais encontraram, no celular, conversas com uma mulher identificada apenas como Mayara, que seria a companheira de um membro do Comando Vermelho, identificado como 'Marcin do CV', preso no Carrapicho, onde Fernandes é lotado.
No veículo do suspeito, foram encontrados e apreendidos sete celulares, carregadores e fones de ouvido. "Pelas mensagens, a suspeita é que a entrega fosse para um traficante do CV. Ele não confirma e nem diz qualquer outro nome de quem receberia lá dentro do presídio", revelou o comandante. Conforme a SSPDS, Luiz Fernandes e Alexcyer Pereira foram conduzidos para a Delegacia Metropolitana de Caucaia (DMC), enquanto o mototaxista foi liberado. Ao verificar que um dos presos é agente penitenciário, a Polícia Civil encaminhou o procedimento para a Controladoria.
"Além do procedimento criminal, o agente penitenciário responderá também na seara disciplinar pela CGD. O servidor continua preso até análise da Justiça", anunciou a Controladoria. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). No entanto, até o fechamento desta edição, não havia recebido resposta.
Outros episódios
Mais sete agentes penitenciários são acusados de crimes, neste ano, estão sendo investigados pela DAI. No último dia 18 de março, conforme a Polícia, uma servidora foi vista por outros servidores facilitando o transporte de 56 celulares, chips e baterias até as celas da Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL 5), em Itaitinga. A CGD afirma que o processo administrativo disciplinar contra a suspeita está em fase final e a servidora se encontra afastada de suas funções.
No último dia 2, outro agente foi detido transportando aparelhos eletrônicos no Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO) II. Na mochila do suspeito, encontravam-se quatro celulares, 35 carregadores e 46 fones de ouvido. O servidor negou que fosse dono do material. O inquérito para apurar o fato está em fase de diligências para oitivas de testemunhas e no aguardo do resultado de perícias.