'Caso Mangue 937': onde estão os presos após 6 anos do crime que resultou em mulheres decapitadas

Seis homens foram condenados no total a mais de 400 anos de prisão por torturarem e executarem três mulheres em um manguezal no bairro Vila Velha, em Fortaleza

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
foto das mulheres que foram mortas e decapitadas no canso do mangue 937
Legenda: Mulheres foram mutiladas, torturadas e executadas em um manguezal no bairro Vila Velha, em Fortaleza, em março de 2018
Foto: Reprodução

As mortes de três mulheres torturadas e esquartejadas, em um caso que ficou conhecido nas redes sociais como Mangue 937 e chamou atenção no Ceará e no País pela natureza bárbara do crime, completam seis anos neste sábado (2). Seis homens foram condenados, e atualmente a maioria segue cumprindo a pena. 

O crime ocorreu no dia 2 de março de 2018, no manguezal do bairro Vila Velha, em Fortaleza, e vitimou Darcyelle Ancelmo de Alencar, Nara Aline Mota de Lima e Ingrid Teixeira Ferreira, que tiveram seus corpos mutilados e foram mortas em uma combinação de cortes de facão e tiros.

Cinco homens foram a júri popular em 27 de fevereiro de 2019, quase um ano após a barbárie, e pegaram, juntos, mais de 335 anos de prisão. O sexto, preso em 2020 por participação nas mortes, foi condenado a 83 anos de reclusão em abril de 2022.

A motivação dos homicídios seria o fato de as vítimas serem integrantes de uma facção criminosa de origem carioca com atuação no Ceará. Eles foram consideradas rivais de uma organização originada em território cearense, e da qual os condenados pelos assassinatos fazem parte. 

Nara e Ingrid morreram em decorrência da decapitação e Darcyelle por um tiro — mas também teve a cabeça removida, só que após a morte, segundo apontam os laudos cadavéricos presentes na denúncia do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). 

Os criminosos ocultaram os cadáveres esquartejados em uma ilhota no Rio Ceará, a cerca de um quilômetro da margem, e os corpos só foram encontrados uma semana após o crime, no dia 9 de março de 2018, após um dos envolvidos apontar a localização. 

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Onde estão os autores do crime? 

Os condenados pelos crimes são Francisco Robson de Souza Gomes, Bruno Araújo de Oliveira, Jeilson Lopes Pires, Rogério Araújo de Freitas e Júlio César Clemente da Silva e Jonathan Lopes Duarte​. De acordo com as últimas movimentações processuais as quais o Diário do Nordeste teve acesso, pelo menos três do grupo ainda se encontram presos. Todos foram sentenciados a cumprir a pena em regime fechado. 

Bruno, Francisco e Jeilson começaram o cumprimento na Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira II (UPPOO II), em Itaitinga, na Grande Fortaleza. Rogério, que depois do julgamento ficou foragido e só foi preso em 2021 no município de Mombaça. 

Francisco Robson de Souza Gomes, condenado a 85 anos por ser o mandante do crime, estava encarcerado na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso Sul, e participou do júri, em 2019, por videoconferência. 

Conforme o processo, Jonathan está preso na Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim (UP-Sobreira Amorim). O único que está solto é Júlio César, conforme a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). 

O grupo foi sentenciado por três homicídios triplamente qualificados (por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), destruição e ocultação dos cadáveres, participação em organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo e tortura. 

O Diário do Nordeste solicitou à Secretaria Nacional de Políticas Penais uma atualização sobre a situação prisional de um dos condenados, e aguarda resposta. 

Crime bárbaro nos moldes do Estado Islâmico

O crime bárbaro foi encomendado para ocorrer nos moldes das execuções do grupo terrorista Estado Islâmico, de acordo com a promotora de acusação Joseana França, que representou o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) no júri. 

Francisco Robson, conhecido pela alcunha de "Mitol", ordenou o crime de dentro da prisão, na função de líder de organização criminosa. Ele mandou os comparsas filmarem toda a ação em um "vídeo islâmico", em referência aos registros do grupo extremistas faz de suas execuções. 

A ordem foi dada por Robson a seu braço direito, Jeilson Lopes Pires, o "Jê". As imagens, inclusive, circularam pelas redes sociais, e não serão reproduzidas nesta matéria devido ao conteúdo violento. 

Em um dos registros, as mulheres são obrigadas falar que estão "rasgando a camisa" de uma facção para entrar em outra. 

"Eu estou há 13 anos no júri e nunca vi um negócio desses. Duas delas foram mortas por decapitação, o laudo cadavérico fala. A Nara Aline levou pisa de pá; cortaram os dedos, o braço e a perna dela. O que aquela moça passou não existe. O agravante é que o facão utilizado na execução, comumente usado como instrumento corto-cortante, estava cego, ou seja, se tornou corto-contundente. “Eles usaram como se fosse um machado", disse a promotora à época do julgamento. 

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