Caso Alana: acusado de matar a estudante não participa da reconstituição do crime, em Fortaleza
A defesa está presente na cena do crime, além de um perito particular
O empresário David Brito, acusado de matar a estudante Alana Oliveira, não participou da reconstituição do crime, na manhã desta terça-feira (5), no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza. A simulação ocorreu após mais de um ano da morte da jovem, em março de 2021.
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Pela legislação, o réu não é obrigado a participar da reprodução simulada sob a justificativa de ter o direito de não gerar provas contra si.
Na cena do crime, estiveram os advogados de defesa do empresário, da vítima, promotores, peritos da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e um particular, além de familiares de Alana.
A reconstituição iniciou às 9 horas de hoje e encerrou cerca de duas horas depois.
O que dizem os advogados sobre a simulação
Conforme o advogado Daniel Queiroz, assistente de acusação, a reprodução simulada do crime ocorreu no quarto onde o corpo de Alana foi encontrado. Um parente do réu participou.
"A perícia foi realizada e bem conduzida, vamos aguardar um laudo técnico e, após o laudo definitivo, iremos fazer as considerações", informou.
O advogado de defesa do réu, Leandro Vasques, disse acreditar que o documento pericial irá comprovar não se tratar de uma execução.
"Acompanhamos em respeito ao ato, aos senhores peritos e ao Ministério Público, mas, desde o início, havíamos sustentado não haver necessidade", afirmou, reforçando a tese de "tiro involuntário".
O promotor de Justiça Fradik Acioli pondera que a reconstituição está prevista no processo penal para retratar a cena do crime.
“O MP entendeu que era necessário para avaliar todas as nuances perpetradas pelo agressor e, obviamente, isso vai beneficiar tanto a acusação quanto a defesa. Não é possível chegar até o Tribunal do Júri trazendo qualquer tipo de dúvida", observa.
Família cobra Justiça
Amigos e parentes de Alana protestaram por Justiça, na porta da casa do empresário, onde ocorreu a reconstituição, nesta manhã. Para a irmã da vítima, Vitória Oliveira, a sensação de impunidade aumenta com a liberdade do réu mesmo após um ano do crime.
“Vemos, todos os dias, casos e mais casos acontecendo. Sabemos que não foi um acidente”, lamenta, lembrando que os familiares não foram informados pelo empresário sobre o suposto acidente e só souberam da morte da irmã pela imprensa.
Ela também questiona a presença de um perito particular para acompanhar a simulação. O advogado de defesa do réu, Holanda Segundo, frisou haver previsão legal para esta indicação.
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Já a tia da Alana, a pedagoga Maria das Graças, lembra que a família luta há mais de um ano pela prisão do acusado. “Temos muita expectativa que a Justiça seja feita. Espero que as nossas leis da terra cumpram seu papel”, enfatiza.
O crime
A estudante Alana Beatriz do Nascimento Oliveira, de 25 anos, e outras pessoas estavam na casa do empresário David Brito para assistir a uma live, em 20 de março de 2021, na Rua Moacir Alencar Araripe, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza.
Conforme a investigação, após o término da transmissão, os demais convidados foram embora. Alana ficou e morreu com um tiro na testa. David alega que o disparo foi acidental.
Atualmente, o empresário é réu por homicídio por dolo eventual (quando assume o risco de causar a morte) e responde em liberdade.