Universitária cuida de gatos abandonados no cemitério
Quixadá. Mãe, dona de casa, auxiliar de contabilidade e universitária. Apesar de todas essas atribuições Ismênia da Silva Morais, 37 anos, ainda encontra tempo para cuidar de mais de 30 gatos. Os felinos vivem em um local nada convencional, o Cemitério de Nossa Senhora do Carmo, em Quixadá. Os animais recebiam assistência da dona de casa Maria das Neves, mas ela faleceu há alguns anos e os bichos começaram a passar fome. Todos os dias era ela quem seguia até o parque santo da cidade e distribuía os alimentos. Essa história Ismênia Morais havia visto no Diário do Nordeste. Após a morte de dona Maria das Neves os animais passaram a sofrer. Ao saber dessa situação, há mais de dois anos, Ismênia passou a levar a alimentação para os gatos. Todos os dias os bichos se reúnem com ela. Algumas vezes não passam de dez, mas noutras aparecem mais de 30. Quando ela não pode ir é o filho Jonathas Regis Viana quem segue ao cemitério. Nos dias em que o portão está fechado, mãe e filho não fazem cerimônia, pulam o muro. "O importante é não deixar os bichos morrerem de fome", ressalta. Para manter o auxílio, Ismênia Morais utiliza o seu salário. Além dos gatos do cemitério, ela cuida de outro animal da mesma espécie e mais quatro cães que resolveu acolher em sua casa. O amparo chega também a outros três moradores do outro lado da rua. São três cachorros, utilizados para vigiar uma oficina durante as pernoites. Porém o proprietário não se importa muito com eles. O jeito foi passar a cuidar deles também. Ela acaba gastando todo o dinheiro que ganha na empresa de contabilidade onde trabalha com alimentação para os bichos.
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A respeito dessa relação com os animais ela diz ter herdado do pai. Ele tem o mesmo carinho e atenção com qualquer um deles, inclusive os utilizados na roça.
Ele era agricultor. Ainda criança encontrou nos gestos dele a reciprocidade das outras espécies. "Os animais são fiéis, carinhosos, amorosos e até leais. Virtudes assim são difíceis de encontrar nos adultos. Por esses motivos estou me afastado mais das pessoas e me aproximando cada vez mais da minha nova e numerosa família".
O filho, Jonathas, está seguindo seus passos. Além de ajudá-la nos cuidados com os quadrúpedes domésticos ele também integra a equipe de voluntários da 4 Patas. Agora, após concluir o ensino médio, pretende cursar Medicina Veterinária e compartilhar ainda mais esse amor, que vem de berço. Ela ressalta que as pessoas devem perder o medo de criar animais. Não importando de que jeito sejam, sempre serão dóceis com quem tratá-los com carinho.
Ismênia não integra a comunidade 4 Patas. Prefere seguir sozinha na sua jornada, mas assim como a ONG, ela diz que qualquer ajuda será sempre boa, até porque o tamanho do seu amor pelos bichos é tão grande que todo auxílio será sempre bem vindo. Quem puder e quiser ajudar poderá manter contato pelo e-mail da protetora ismeniamorais1978@hotmail.com.