Estudantes fazem petição e solicitam contratação de professores da Uece em Fortaleza e no Interior
O documento, assinado por cerca de 2.300 pessoas, aponta carência grave de docentes e precariedade de laboratórios, dentre eles o do curso de Medicina. Uece diz que planeja realizar concurso em 2022
Alunos de seis campi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em Fortaleza e nas cidades do interior, encaminharam para a reitoria da instituição de ensino superior uma petição com mais de 2.300 assinaturas solicitando realização de concurso para docentes, contratação de novos professores e melhoria de laboratórios.
De acordo com documento apresentado pelos alunos que coordenam o movimento reivindicatório, entre janeiro de 2007 a março de 2021, 446 docentes saíram da Uece (aposentadoria, falecimentos e exonerações).
No mesmo período de 14 anos, só 232 professores foram empossados, apontando um déficit de 214 docentes, considerando todos os cursos da instituição.
“A contratação de professores só ocorreu até 2016 e de lá para cá não houve mais posse de nenhum profissional”.
Ainda de acordo com o estudante, Pedro Medeiros, um dos coordenadores da petição eletrônica, a Uece desde 2016 solicita ao governo do Estado “a realização de concurso público para professores, mas até agora a instituição não foi atendida”.
O documento encaminhado pelos alunos mostra que a Uece “enfrenta um problema generalizado de carência de professores e que atinge todos os cursos da instituição e que perdura por longos anos”.
Mediante esse quadro, cerca de 80 alunos participaram da organização do movimento reivindicatório com o objetivo de “entender por que ao longo da história a Uece é deixada de lado”.
Medeiros frisou que “alunos ficam sem professores no meio do semestre à medida que os contratos dos docentes vão acabando no decorrer do curso e não são renovados ou não há contratação de outros professores em substituição”.
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Um exemplo apontado é o curso de Medicina que apresentaria “carência de docentes em mais de dez cadeiras”. Outros cursos teriam falta de professores de até 50% dependendo do semestre e das cadeiras oferecidas nos campi da Universidade.
Sobre o curso de Medicina, alunos relacionaram problemas nos laboratórios que incluiriam lâminas velhas e microscópios sem funcionamento de histologia, formol vencido há dois anos, presença de fungos no laboratório de anatomia humana, lâmpadas queimadas e ausência de aparelho de ar-condicionado.
A Uece tem campi em Fortaleza, Crateús, Iguatu, Itapipoca, Limoeiro do Norte e Quixadá.
O diretor da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (Fecli), Fernando Roberto Ferreira Silva, disse que a instituição oferece cinco cursos de licenciatura em Iguatu (Biologia, Física, Matemática, Letras - Português e Inglês, Pedagogia) e dois cursos em Mombaça (Artes e Computação) e que conta com 30 professores efetivos e 37 professores temporários ou substitutos.
“Com o grande número de docentes não efetivos fica evidente a carência de professores”, demonstrou Fernando Ferreira. “O número exato desta carência será indicado em breve, pois, o Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) da Uece aprovou uma Resolução que regulamenta o Censo de Carência Docente a ser enviado anualmente por cada Faculdade e temos 60 dias para fazer o primeiro levantamento”.
Esclarecimentos
Em nota, a Uece informou que planeja, com apoio do governo do Estado, “a realização de concurso público para reposição de vagas de aposentadorias, exonerações e falecimentos de docentes, para suprir a carência de docentes efetivos”.
A instituição informou que dispõe hoje de 397 professores em regime temporário (substitutos, temporários e/ou visitantes), 728 professores efetivos e 377 trabalhadores técnico-administrativos efetivos.
A Universidade pontuou também que “para 2022, ano em que deve deixar de vigorar a lei complementar 173/20, legislação federal que impede o aumento de pessoal em todo o serviço público do país, um outro concurso público para docentes deve ser realizado para contemplar os cursos existentes e as perspectivas de ampliação da atuação da Uece, com a criação de campi em Canindé e em Quixeramobim”.
A Uece conta com amplo apoio do governo do Estado, frisa a nota que afirma ainda “investimento no fortalecimento da instituição, como exemplificam ações como a construção do Hospital Universitário do Ceará no campus da Uece, no Itaperi, o suporte às pesquisas de desenvolvimento de vacina, a distribuição de chips para estudantes acompanharem as aulas via internet, e as intervenções de melhoria física de prédios e instalações da Universidade, com diversas obras em andamento. A aplicação de recursos em Educação se dá de forma planejada e responsável, num processo contínuo”.
Neste ano, segundo a nota da Uece, o governo do Estado aportou R$ 2 milhões para investimento em laboratórios de ensino de graduação da Universidade, melhorando as condições de funcionamento das unidades priorizadas para este ano.
Por último, frisou que “em relação ao laboratório de anatomia humana, estamos com um processo de aquisição de um conjunto de equipamentos, entre eles microscópios e modelos anatômicos, por meio do Programa de Modernização Tecnológica do Ceará (Promotec) coordenado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ensino Superior (Secitece) com previsão de entrega para esse ano”.
O documento esclareceu que “sobre as urgências envolvendo o formol e as lâmpadas do laboratório, já autorizamos a abertura de processo de aquisição de glicerina para substituir todo o formol. A Prefeitura do campus já está verificando o funcionamento das lâmpadas e substituirá todas aquelas com problemas”.