Covid-19: Casos entre indígenas diminuem 8% no CE, mas avançam no Sertão de Crateús

Em Crateús, os casos entre indígenas aumentaram 24%, enquanto em Monsenhor Tabosa o número saltou 58% em relação ao último intervalo

Escrito por Rodrigo Rodrigues , rodrigo.rodrigues@svm.com.br
Legenda: O Ceará se aproxima dos 800 casos confirmados da Covid-19 entre indígenas.
Foto: Fepoince

O Ceará apresentou uma redução de 8% no número total de novos casos da Covid-19 entre indígenas na última semana epidemiológica, segundo boletim da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) desta semana. Apesar disso, houve um avanço da doença nos territórios indígenas presentes nos municípios de Crateús e Monsenhor Tabosa, na macrorregião do Sertão dos Crateús.

O Estado já soma 760 casos confirmados (45 atualmente) e 17 dos 19 municípios cearenses com territórios indígenas já têm registros. A grande maioria (708) das pessoas conseguiram se recuperar da Covid-19, mas, infelizmente, o Estado já registra sete óbitos.

Crateús havia registrado 16 novos casos entre indígenas no intervalo anterior - entre 9 a 16 de setembro (de 79 para 95). Já nesta última semana, porém, teve um avanço de 24%, chegando a 118 confirmações. Em Monsenhor Tabosa também houve aumento. O intervalo anterior marcava uma crescente de 66% dos registros (de 27 para 45), que ainda saltou 58%, chegando aos 58 casos atualmente.

Nos dois municípios vivem pelo menos nove povos indígenas.

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“São áreas que ainda não foram regularizadas e têm a presença constante de não indígenas”, destaca o assessor jurídico da Fepoince, Weibe Tapeba. “Nesses municípios existe a presença de muitos povos indígenas. Em Crateús, a situação é ainda mais preocupante porque temos comunidades indígenas socialmente organizadas ocupando territórios da periferia da cidade”, argumento.

Segundo ele, cerca de 90% da população se encontra nessa situação. Em matéria do Diário do Nordeste publicada na última semana, a reportagem mostrou que 96% dos territórios indígenas cearenses não têm demarcação de terra consolidada.

“As medidas de relaxamento precisam dialogar com os problemas que as comunidades enfrentam. As comunidades indígenas apresentam fragilidades muito profundas e temos algumas situação ainda não superadas, embora a gente tenha melhorado o acesso às máscaras, kits de higiene”. 

Municípios com mais casos entre indígenas:

  • Itarema: 198 (198 no intervalo anterior)
  • Caucaia: 157 (156 no intervalo anterior)
  • Crateús: 118 (96 no intervalo anterior)
  • Maracanaú: 72 (70 no intervalo anterior)
  • Monsenhor Tabosa: 58 (45 no intervalo anterior)

Weibe explica que, por conta do longo período da pandemia (iniciada em março, no Ceará), as campanhas que buscavam doações de alimentos, equipamentos de proteção, kits de limpeza, etc, também foram diminuindo. “Temos famílias que não têm dinheiro sequer para comprar comida. A aquisição de produtos como álcool em gel, materiais de higiene pessoal, está sendo muito frágil”.

Pandemia

Segundo boletim da Fepoince, no intervalo de 24 a 31 de agosto, o Ceará somou 35 novos casos da Covid-19. Entre 1º e 8 de setembro, o número caiu para 24, mas, no intervalo de 9 a 16, voltou a crescer, chegando a 46 novos registros. No intervalo mais recente, porém, foram 42 novos casos, uma redução de 8% em relação ao anterior. O levantamento inclui, também, indígenas não contemplados pelo Subsistema de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde.

Entre o grupo atendido estão o povo Karão-Jaguaribara, nos limites de Canindé e Aratuba; e o Kariri, na localidade de Poço Dantas, no Crato.

 

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