Covid-19: Ceará passa dos 710 casos em indígenas e número de novos registros volta a crescer

Segundo boletim da Fepoince, houve um aumento de 91% em relação ao intervalo anterior - entre 1º e 8 de setembro

Escrito por Rodrigo Rodrigues , rodrigo.rodrigues@svm.com.br
Legenda: Em maio, a Aldeia Tremembé da Barra do Mundaú, no Ceará, adotou uma barreira sanitária na entrada do território indígena para evitar a entrada de visitantes.
Foto: Samuel Tremembé

O Ceará chegou a marca de 718 casos confirmados da Covid-19 entre os povos indígenas, segundo o último boletim da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince), divulgado nesta semana. Segundo o informe, sete indígenas já perderam a vida após a infecção, que já chegou em 17 dos 19 municípios cearenses com territórios indígenas. Felizmente, 638 pessoas se recuperaram

O Estado apresentou tendência de queda no número de novos casos na primeira semana de setembro, mas voltou a ter um aumento na curva. Entre os dias 24 a 31 de agosto, foram 35 novos casos. Já entre 1º e 8 de setembro, o número caiu para 24 - redução de 31%. No intervalo entre os últimos dias 9 a 16, no entanto, foram 46 novos casos, um aumento de 91% em relação ao intervalo anterior.

Boletim atualizado:

Segundo a Fepoince, o aumento se deu, principalmente, por conta do avanço da doença nos territórios dos municípios de Crateús e Monsenhor Tabosa, na macrorregião do Sertão dos Crateús. Em Crateús, houve um aumento de 16 (20%) casos confirmados da doença no intervalo - de 79 para 95. Já no segundo município o salto foi de 66% - de 27 para 45, no último levantamento.

Municípios com mais casos entre indígenas:

  • Itarema: 198
  • Caucaia: 156
  • Crateús: 95
  • Maracanaú: 70
  • Monsenhor Tabosa: 45

Redução

Por outro lado, os territórios do povo Tremembé, no Litoral Norte, que vinham registrando aumentos significativos, principalmente na primeira quinzena de agosto, tiveram uma redução no avanço da doença. Em Acaraú, por exemplo, não há registros de novos casos entre indígenas desde 18 de agosto. Em Itarema, município com maior incidência na população tradicional, houve apenas um novo caso na última semana.

Veja também:

No levantamento, a Fepoince considera casos em indígenas que não estão contemplados pelo Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai). Neste caso, estão comunidades que vivem em áreas sem providências de processo demarcatório, como dos povos Karão-Jaguaribara, nos limites de Canindé e Aratuba; e Kariri, na localidade de Poço Dantas, no Crato.

Os dados levam em consideração os indicadores da Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará, das secretarias municipais e de pesquisa realizada pelas organizações indígenas do Ceará.

Sesai

Conforme boletim da Sesai, 632 indígenas já foram infectados pelo novo coronavírus no Ceará durante a pandemia - 54 atualmente. O número difere dos apresentados pela Fepoince pela metodologias adotadas. Segundo a Pasta, cinco indígenas foram vitimados pela doença no Estado, três a menos em comparação aos registros da Fepoince. Além disso, o Ceará tem 48 casos suspeitos da infecção.

 

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