Chuva em Tianguá é 4ª maior deste ano no Ceará; relembre outras precipitações que deixaram estragos
A precipitação das últimas horas foi a maior da história do município e a quarta maior deste ano, no Ceará
Casas invadidas pela água, carros submersos, motos arrastadas e crateras abertas nas vias. O cenário de destruição em Tianguá, após a forte chuva - a quarta maior do ano no Ceará - registrada entre esta segunda-feira (6) e hoje (7) é um evento raro no Município.
A chuva de 170 milímetros que caiu em um intervalo de apenas 24 horas foi a maior da história de Tianguá, superando os 140 mm ocorridos entre os dias 14 e 15 de abril de 1974 e os 136 milímetros registrados entre os dias 2 e 3 de maio de 2009.
A Defesa Civil do Município analisa os danos causados pela chuva e, ao fim do dia, deverá divulgar um relatório. Ainda não há informações de quantos imóveis foram danificados e se há famílias desalojadas.
Pelas redes socias, o prefeito Luiz Menezes de Lima (PSD) disse estar "ciente dos diversos estragos em algumas ruas e casas da nossa cidade".
"Estamos tomando as providências necessárias para minimizar esses problemas. Equipes da prefeitura, através da Defesa Civil e Secretaria da Infraestrutura estão nas ruas fazendo levantamento para as devidas providências", completou em postagem.
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A gerente de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Meiry Sakamoto, explica que "as chuvas na macrorregião da Ibiapaba - área que estava sob previsão de precipitações - foram causadas, principalmente, por áreas de instabilidades associadas à presença de um sistema chamado de cavado em baixos níveis, além da brisa marítima - que é a corrente de ar mais frio que ocorre do continente para o oceano no período da noite, proporcionando a subida do ar quente".
A especialista destaca ainda que "efeitos locais, tais como temperatura, relevo e umidade mais elevada" contribuíram para ocorrência da chuva torrencial.
Chuvas volumosas em 2021
Apesar de ser um evento incomum em Tianguá, os robustos volumes pluviométricos não são casos isolados no Ceará. Neste ano de 2021, outras precipitações deixaram estragos e famílias desalojadas.
Os três maiores volumes pluviométricos deste ano foram registrados em um ínterim de apenas dois dias. Em 14 de fevereiro, choveu 180 milímetros na cidade de Cariús, na região Centro-Sul. Dois dias depois, Crateús recebeu 200 mm e, no mesmo dia, Tauá, registrou a maior chuva de 2021, com 282 milímetros.
Confira os dez maiores volumes de 2021:
- Tauá, 282 mm - 16 de fevereiro
- Crateús, 200 mm - 16 de fevereiro
- Cariús, 180 mm - 14 de fevereiro
- Tianguá, 170 mm - 07 de dezembro
- Crateús, 170 mm - 16 de fevereiro
- Quiterianópolis, 170 mm - 16 de fevereiro
- Jati, 167.6 mm - 16 de fevereiro
- Granja, 161 mm - 17 de fevereiro
- Milagres, 160.5 mm - 16 de fevereiro
- Cariús, 160 mm - 14 de fevereiro
Dos dez maiores índices pluviométricos, apenas esse mais recente de Tianguá ocorreu fora da quadra chuvosa - período correspondido entre os meses de fevereiro a maio. Conforme explica Meiry Sakamoto, chuvas desta magnitude, na pré-estação chuvosa, é considerada "mais extrema". "São eventos pontuais, mas não constantes", acrescentou a assessoria de comunicação da Funceme.
No ano passado, por exemplo, a maior chuva de dezembro foi de 70 milímetros, na cidade de Nova Olinda, na região do Cariri cearense. Já em 2019, a maior precipitação registrada no mês de abertura da pré-estação chuvosa foi de 115,5 mm, na Ibiapina. A última vez que o Ceará havia registrado chuvas acima de 170 mm, em dezembro, havia sido há três anos.
Em 2018, os maiores volumes foram em Farias Brito (180 mm) e Crato (175 mm), ambas as cidades estão localizadas no Cariri. A região é a que recebe, historicamente, os maiores índices neste mês de dezembro.
A normal climatológica para o período, ainda segundo a Funceme, é de 66,1 milímetros, enquanto a média histórica para todo o Estado é de 31,6 milímetros.
Estragos causados pelas chuvas
As chuvas que atingiram Fortaleza neste ano de 2021 não figuram entre as dez maiores do Estado. No entanto, a precipitação de 121 mm registrada em 26 de março foi suficiente para deixar ruas de diversos bairros alagadas.
A Avenida Heráclito Graça foi um dos locais com maior ocorrência da alagamentos ao longo da quadra chuvosa. Ainda no mês de março, casas Bairro José Walter foram alagadas.
Na cidade de Iguatu, em abril, choveu 244 mm em apenas 4 dias. O volume acumulado gerou transtornos para moradores da cidade e de áreas rurais, com pontos de alagamento, ruas intransitáveis e invasão de água nas casas.
Em Abaiara, duas fortes chuvas (145 mm, no dia 13 de março e 130 mm, no dia 14) destruíram pontes e estradas. À época a prefeitura informou que “os prejuízos estimados foram em torno de R$ 600 mil na infraestrutura do município e as chuvas causaram a destruição de pontes, estradas vicinais e de passagens molhadas”.
Previsão para os próximos dias
De acordo com a Funceme, a previsão para esta terça-feira (7) "aponta baixa possibilidade de chuva na Ibiapaba, no Maciço de Baturité e no norte da região Jaguaribana e do Sertão Central, principalmente entre tarde e noite".
As precipitações esperadas para hoje são em virtude de áreas de instabilidade oriundas do oceano, além de efeitos locais, como temperatura, relevo e umidade. "Elas tendem a ser de forma isolada e com intensidade variando de fraca a moderada".
Para quarta-feira (8), a tendência é de baixa possibilidade de chuva no período da madrugada e início da manhã no Litoral do Pecém, no Litoral de Fortaleza e no Maciço de Baturité. Na Ibiapaba, a chance de precipitação é no período da tarde e noite.