Assentamento inova vida comunitária com turismo rural

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda:
Foto: André Lima

Driblar as dificuldades utilizando criatividade para transformar as adversidades em aliadas. Foi com este pensamento que a comunidade do assentamento rural Coqueirinho, no município de Fortim, a 130 quilômetros de Fortaleza, conseguiu mudar sua história. Saiu da agropecuária e passou a explorar o turismo rural responsável.

O assentamento, primeiro do Estado a explorar o setor, vem, há dois anos, recebendo turistas, sobretudo estrangeiros, oferecendo turismo solidário e sustentável, onde a prioridade é a preservação ambiental e a qualidade de vida.

A comunidade dispõe de infra-estrutura com capacidade para receber grupos de até 30 pessoas. Além da boa acolhida nos chalés da pousada, um restaurante, uma horta comunitária, casa de farinha, passeios de carroça puxada a boi e passeios a cavalo por trilhas ecológicas estão entre os atrativos do assentamento. Mas, o principal deles é o cardápio do Restaurante Comunitário. Este vem recheado de comida tipicamente sertaneja, como galinha caipira, carne caprina, buchada de caprinos, maxixada, pirão de peixe, frutas e verduras. “Tudo produzido de forma orgânica”, ressalta Zildene do Carmo Nogueira, responsável pelo funcionamento da pousada. Além de todos estes chamarizes, nos fins de tarde grupos de crianças mostram danças tradicionais da região, como a quadrilha, e apresentam, em forma de teatro, a histórica luta pela terra.

Segundo Zildene, neste primeiro ano de funcionamento, cerca de 300 pessoas, maioria estrangeira, já visitaram a comunidade.

A pousada faz parte de um projeto de turismo comunitário da Rede de Turismo Responsável que conta com apoio da Organização Não Governamental (ONG) italiana, Associação Tremembé Onlus/Província Autônoma de Trento. Como parceiros do empreendimento estão a Cooperativa Mista de Aracati, Associação Caiçara de Icapuí, Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, Sebrae, Centec e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/ Ceará).

De acordo com o presidente da Associação Cooperativista do Projeto de Assentamento Coqueirinho, Almir Alexandre do Nascimento, foram investidos R$ 80 mil, recursos da ONG italiana. “Não entramos com contrapartida. Em compensação, neste ano, teremos que criar um Fundo de Investimento para desenvolver projetos com objetivo de ajudar famílias organizadas de outras comunidades”, diz Almir Nascimento.

O Coqueirinho é composto de 57 famílias assentadas divididas em agrovilas. Destas, pelo menos 15, trabalham diretamente com o turismo rural. O restante atua de forma indireta no fornecimento dos insumos. “O começo foi um pouco difícil. A gente recebia críticas e o povo ficava perguntando o que os turistas vinham fazer no meio do mato seco. Hoje, a gente pode se considerar na rota do turismo rural e estamos em pé de igualdade com comunidades de Minas Gerais, Paraíba, Amazonas entre outros estados que exploram este tipo de atividade”, ressalta Almir Nascimento.

Concorrendo com o cenário das belas praias do Litoral Leste cearense, entre elas, Canoa Quebrada, em Aracati; e Morro Branco, em Beberibe, Almir Nascimento garante que tudo isso não foi suficiente para desanimar os assentados do Coqueirinho. “A empreitada foi corajosa, porque o mundo rural também tem seu atrativos. É só a gente descobrir”, disse.

Para ele, Coqueirinho não tem praias, mas tem árvores centenárias, como Pau-Ferro, Maçaranduba, Quinaquina. “Tem animais como tamanduá, jacu, raposa, veado, preá peba entre outros animais de caça que estão sendo preservados no assentamento”, diz orgulhoso o líder da comunidade.

Cláudia Magalhães
Enviada a Fortim