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Trends x voto na urna: o que a pesquisa Ipec Ceará indica sobre o papel das redes sociais

Conforme a pesquisa do Ipec, nessas investidas mirando atrair votos, as campanhas terão que ter como alvo eleitores majoritariamente jovens e com avançado grau de escolaridade

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(Atualizado às 07:00)
Redes sociais podem influenciar votos dos cearenses, aponta pesquisa
Legenda: Redes sociais podem influenciar votos dos cearenses, aponta pesquisa
Foto: Twin Design/Shutterstock

A exatamente um mês das eleições, a primeira pesquisa Ipec realizada no Ceará revela as tendências de perfil do eleitorado em plataformas que foram decisivas no pleito de 2018: as redes sociais e mensageiros eletrônicos. À época, o então candidato Jair Bolsonaro (PL) conseguiu ser eleito, apesar de ter apenas 16 segundos diários de propaganda gratuita em rádio e TV, mas com uma multidão de seguidores nas redes sociais.

Para o pleito deste ano, as campanhas tentam tomar espaços nas redes e atrair eleitores, reduzindo o impacto da influência do presidente, que agora disputa a reeleição.

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Conforme os dados colhidos pela pesquisa do Ipec, nessas investidas mirando atrair votos, as campanhas terão que ter como alvo eleitores majoritariamente jovens e com avançado grau de escolaridade, por exemplo. Essa estratificação aponta tendências daqueles usuários de redes sociais e mensageiros eletrônicos que estão entre os mais influenciáveis. 

Na pesquisa, os entrevistados foram questionados sobre quais fontes de informação costumam levar em conta para decidir o voto. Diante disso, a influência de amigos e, principalmente, familiares apareceu como o fator mais preponderante. No entanto, as plataformas digitais aparecem em seguida em alguns grupos.

O levantamento foi encomendado pela TV Verdes Mares e ouviu 1.200 pessoas entre o dia 29 de agosto e a última quarta-feira (31). A pesquisa foi realizada pelo instituto Ipec Inteligência e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-05276/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) sob protocolo CE-08708/2022. 

O nível de confiança estimado é de 95%. Ao todo, foram ouvidos eleitores, de forma presencial, de 56 municípios cearenses. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. 

Jovem digital

Do total de cearenses ouvidos pelo Instituto, 23% apontaram as redes sociais como uma base de informação que pode definir o voto em outubro deste ano. Entre as plataformas citadas estão Facebook, Instagram, Twitter e TikTok. Na prática, é como se um em cada quatro cearenses sofresse influência do que recebe em plataformas digitais.

Considerando essa parcela do eleitorado, os jovens são os mais sujeitos a essa influência. De acordo com a pesquisa, 37% dos eleitores com idade entre 16 e 24 anos declararam que levam em conta as redes sociais para definir as escolhas nas urnas. A faixa etária seguinte, de 25 a 34 anos, também tem presença significativa nas redes sociais, com 30% do eleitorado dizendo usar essas plataformas como fonte de informação para decidir o voto.

O levantamento aponta que, com o aumento da faixa etária, há uma redução da força das redes sociais. Assim, 22% das pessoas com idade entre 35 e 44 anos usam informações desses espaços digitais para decidir o voto. Outros 15%, com idade entre 45 e 59 anos, têm a mesma postura na hora da escolha.

Já entre os idosos, com idade acima de 60 anos, há uma queda drástica na influência. Apenas 7% reconhecem que tomam como base as redes sociais para definir o voto.

Levando em consideração o grau de escolaridade dos eleitores, é possível notar uma influência até maior de plataformas como Facebook, Twitter e Instagram sobre alguns grupos. É o caso daqueles eleitores com ensino superior.

Em resposta à pesquisa, 35% com esse nível de escolaridade declararam levar em consideração os conteúdos que recebem em plataformas digitais para definir o voto. Em seguida aparecem 28% das pessoas com o Ensino Médio completo. Por fim, apenas 10% dos eleitores com grau de estudo até o Ensino Fundamental levam em conta as redes sociais para decidir o voto. 

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Consultor de marketing político, Leurinbergue Lima aponta que, para um candidato e sua equipe, conseguir interpretar o conteúdo que atrai a atenção de cada um desses grupos pode ser decisivo entre uma vitória e uma derrota nas ruas. 

“Como tudo na publicidade, para funcionar bem é preciso segmentar, isso faz toda a diferença. As próprias plataformas entregam isso com o antigo impulsionamento, hoje chamado de anúncio patrocinado, por segmentar para vários grupos, inclusive com base na ideia, na classe social do usuário, na religião. Não adianta só atingir, é preciso chegar com a mensagem correta”, aponta.

Para ele, esse foi o diferencial, na campanha de 2018, que garantiu vantagem ao então candidato Jair Bolsonaro nas plataformas digitais. “Hoje, esse espaço está mais disputado. Na verdade, já vem sendo disputado há tempos, a diferença é que Bolsonaro, em 2018, já vinha em campanha desde 2014, então ele chegou naquele pleito com o público já bem selecionado, segmentado, com mensagem clara, o que facilitou o acesso dele ao eleitorado. Além disso, ele tinha uma rede de multiplicação muito forte”, aponta.

Influência sobre ricos e evangélicos

A pesquisa Ipec também levou em consideração a influência das redes sobre o eleitorado de acordo com a renda. Nesse quesito, aqueles que recebem mais de dois salários mínimos são os mais abertos a levar em conta conteúdos digitais na hora de definir o voto. Entre os entrevistados, 33% reconheceram que avaliam essas informações na hora da escolha dos candidatos. 

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Entre os que recebem entre um e dois salários, a influência é sobre 24% desse grupo. Entre os eleitores com renda inferior a isso, 18% reconheceram que levam em conta o que consomem nas redes sociais na hora de votar. Levando em conta a raça, pretos e pardos são os mais influenciáveis pelas redes, com 24%. Entre os brancos, 20% apontam a influência. 

Outra diferença significativa ocorre no quesito religião, os evangélicos tomam as redes sociais como base informação para decidir o voto com mais frequência, ocorrem com 27% do eleitorado. Já 21% dos católicos reconhecem essa influência.

Aplicativos de mensagem

A pesquisa ainda levou em consideração a influência de informações vistas em aplicativos de mensagem, como Whatsapp, Messenger ou Telegram. Nesses casos, de acordo com o levantamento, há uma influência menor, se comparada a das redes sociais. Do total de entrevistados, apenas 4% reconheceu levar em conta informações recebidas nessas plataformas para decidir o voto.

23%
dos eleitores do Ceará consideram o que consomem nas redes sociais para escolher os candidatos

Entre os segmentos sociais desse grupo, há um equilíbrio, com pouca variação de influência, seja por idade, renda, sexo ou escolaridade. O mesmo ocorre entre aqueles que tomam como base para decidir o voto conteúdos vistos em plataformas de vídeo, como Youtube e Vimeo. De acordo com o Ipec, 3% dos eleitores cearenses consideram informações vistas nesses espaços digitais.

Para Leurinbergue Lima, plataformas como o Whatsapp terão menor força sobre o eleitorado, já que a empresa tem adotado mecanismos para impedir a disseminação de informações em massa e para combater a desinformação. 

“Foram criadas barreiras, como a limitação do número de pessoas para encaminhar as mensagens, que certamente trarão impactos. Além disso, as próprias pessoas estão mais esclarecidas. Não tem comparação o que temos hoje de combate a fake news do que se tinha em 2018. Os próprios consórcios de mídia têm feito um ótimo trabalho de combater a disseminação desses materiais, soma-se a isso o fato de as pessoas estarem mais atentas”, conclui.

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