Legislativo Judiciário Executivo

Senadores devem prorrogar investigações da CPI da Covid até novembro

Previsão é de que os trabalhos sejam concluídos até o dia 8 de agosto. No entanto, informações reveladas na última semana devem exigir mais tempo de apuração

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
CPI pode ser prorrogada por mais 90 dias
Legenda: CPI pode ser prorrogada por mais 90 dias
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A descoberta recente de um suposto esquema na compra da vacina Covaxin pelo Governo Federal deve ser o principal motivo alegado pelos senadores oposicionistas para requerer a prorrogação por mais 90 dias dos trabalhos da CPI da Covid-19 – que se encerram em 8 de agosto.

Entre os parlamentares, a expectativa é de que, nesta semana, essa proposta seja votada pelo colegiado, assim como a convocação do deputado federal Ricardo Barros (PP), líder do governo na Câmara, apontado como suposto articulador do conchavo. 

Veja também

Na terça-feira (29), os senadores planejam ouvir o depoimento do deputado estadual do Amazonas Fausto Júnior (MDB). Ele foi relator de uma CPI na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). As investigações tocadas no estado apontaram indícios de corrupção na Secretaria da Saúde estadual durante a pandemia. À época, o parecer do deputado foi usado como base para a Operação Sangria, da Polícia Federal.

Na quarta-feira (30), será a vez do empresário Carlos Wizard ser ouvido pelos senadores. Inicialmente, o depoimento estava previsto para 17 de junho, mas ele não compareceu. A defesa alegou que o empresário estava nos Estados Unidos acompanhando familiares em um tratamento de saúde. 

O presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD), solicitou à Justiça a condução coercitiva e a retenção do passaporte do empresário. A Comissão também determinou a quebra dos sigilos do investigado. Wizard é acusado de ser um dos integrantes do chamado “gabinete paralelo”, que supostamente assessorou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia. 

Covaxin

Na última sexta-feira (25), as investigações da CPI da Covid-19 sofreram uma reviravolta com informações reveladas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM) e pelo irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde e ex-chefe do setor de importação da pasta, Luis Ricardo Miranda. Segundo eles, havia indícios de irregularidades na compra das vacinas Covaxin, e Bolsonaro foi avisado sobre o caso em 20 de março, mas nada fez para impedir as tratativas.

“O presidente entendeu a gravidade. Olhando nos meus olhos, ele falou: ‘Isso é grave’. Não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome para mim, dizendo: ‘Isso é coisa de fulano’”
Luis Miranda (DEM)
Deputado federal

Horas depois, Miranda afirmou que o parlamentar citado foi Ricardo Barros.

A revelação colocou o presidente em uma situação de omissão diante da irregularidade. Reforça essa teoria o fato de o líder do Governo ter sido o autor da emenda que facilitou a importação da Covaxin. Barros nega qualquer ilegalidade. 

“Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. ‘Não sou esse parlamentar citado’, A investigação provará isso”.
Ricardo Barros (PP)
Líder do Governo na Câmara

No sábado (26), o vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) afirmou que irá denunciar Bolsonaro à Procuradoria-Geral da República (PGR) por crime de prevaricação. 

No mesmo dia, o presidente atacou integrantes da Comissão. “Não adianta provocarem, inventarem, querer nos caluniar, nos atacar 24 horas por dia que não conseguirão. Só uma coisa me tira de Brasília, é o nosso Deus. Não vão ganhar no tapetão ou inventando narrativas”, disse a apoiadores. 

Ele afirmou ainda que a CPI tem “sete pilantras, que não querem investigar quem recebeu o dinheiro, apenas quem mandou o dinheiro”.

Assuntos Relacionados