CPI da Covid ouve ex-secretário da Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo

É a primeira oitiva que direciona o foco para as apurações da conduta de estados e municípios no uso das verbas federais

Escrito por Redação ,

O ex-secretário da Saúde do estado do Amazonas, Marcellus Campêlo, é ouvido pela CPI da Covid-19 nesta terça-feira (15). Essa é a primeira oitiva da comissão que direciona o foco para as investigações da conduta de estados e municípios na utilização de verbas federais, enviadas para combater à pandemia do novo coronavírus.   

Os senadores desejam esclarecer o colapso sanitário que acometeu o Amazonas, no início do ano, em que pessoas com Covid-19 chegaram a morrer por falta de oxigênio nos hospitais.  

Ex-secretário da Saúde do estado do Amazonas, Marcellus Campêlo
Legenda: Campêlo ocupou o cargo na Secretaria da Saúde do Amazonas até o dia de 7 de junho
Foto: divulgação

Marcellus Campêlo esteve à frente da Secretaria de Saúde até o dia 7 de junho. Ele pediu exoneração do cargo, após ser preso pela Polícia Federal ao desembarcar de um avião no aeroporto de Manaus no dia 2.  

Os requerimentos que solicitaram a convocação do ex-secretário são de autoria dos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Conforme o primeiro, o depoente terá que “esclarecer os fatos no tocante ao colapso da saúde no estado do Amazonas no começo do ano”, ao enfrentamento da pandemia pelo governo federal e à fiscalização da aplicação de recursos federais por estados e municípios no combate à pandemia.  

Já para Vieira, Campêlo deve explicar “todas as circunstâncias relativas ao colapso da saúde na capital amazonense no início do ano, especialmente com relação à falta de oxigênio e à atuação dos gestores públicos para a resolução da crise”.   

Desvio de verba pública   

A operação Sangria da Polícia Federal apura se o Governo do Amazonas favoreceu empresários locais na construção de um hospital de campanha na capital, Manaus.   

Os agentes fizeram buscas na casa do governador Wilson Lima (PSC), na sede do governo, na Secretaria de Saúde e na residência do então secretário Marcellus Campêlo.   

Em junho do ano passado, o governador amazonense já tinha sido alvo de uma operação por suspeita de fraude na compra de respiradores.  

A quebra de sigilos telefônico e telemático de Marcellus Campêlo já foi aprovada pela CPI

Wilson Lima na CPI 

O governador do Amazonas, Wilson Lima, também foi convocado a depor na comissão. Ele deveria ter comparecido ao plenário do Senado Federal para participar de oitiva na última quinta-feira (10), no entanto, o gestor conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) que o liberou de comparecer à sessão, e assim o fez.

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Em justificativa, Lima apresentou alguns motivos para a ausência na CPI. Entre eles a realização de ações de segurança pública no Amazonas, que sofreu uma série de ataques coordenados por uma facção criminosa. "O povo precisa mais de mim aqui nesse momento", argumentou na ocasião. 

Em nota, ele também comentou sobre a inconstitucionalidade da CPI ao convocar governadores. "Temos um princípio que é importante ser respeitado, que é a independência dos Poderes. Isso é um princípio básico e elementar, os direitos da Constituição precisam ser garantidos", disse. O mesmo argumento deve ser usado por outros governadores convocados a prestar depoimento. 

O Amazonas foi palco de uma onda de violência. De acordo com levantamento balanço da Secretaria da Segurança Pública, até o dia 7, ao menos 29 veículos, sete agências bancárias e oito prédios públicos foram alvo de ataques atribuídos a uma facção criminosa. Os ataques teriam acontecido em represália pela morte de um traficante em confronto com a Polícia.

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