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Impasses no União Brasil e no PL já mobilizam mudanças de partido na Câmara Municipal de Fortaleza

Vereadores aguardam definições sobre quem comandará o novo partido no Ceará; disputa está entre Capitão Wagner e Chiquinho Feitosa

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Plenário da Câmara
Legenda: Dança das cadeiras na Câmara Municipal é mobilizada por mudanças em siglas como DEM, PL e Pros
Foto: CMFor

A indefinição sobre o comando do partido União Brasil no Ceará e a ida do presidente Jair Bolsonaro para o PL deve reconfigurar bancadas na Câmara Municipal de Fortaleza. Vereadores já atuam nos bastidores e devem tentar trocar de sigla mesmo sem a janela partidária, seguindo a orientação de líderes para alinhar os grupos com vistas em 2022.  

A análise nos bastidores é de que os vereadores deverão pensar estrategicamente. Isso, porque, de acordo com regras de fidelidade partidária, eles só poderão trocar de sigla se os partidos concordarem. Do contrário, poderão até perder o mandato.  

Isso se dá pela chamada “janela partidária”, que é aberta seis meses antes de cada eleição para que os candidatos troquem de sigla visando composição de grupos, eleições e acordos internos.

Ou seja, vereadores só podem migrar de partido na janela destinada às eleições municipais, e deputados federais e estaduais naquela janela que ocorre seis meses antes das eleições gerais. 

De acordo com uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mandato pertence ao partido e não aos candidatos. Recém-eleitos em 2020, vereadores não terão janela em 2022.

Reflexos na Câmara

É nesse contexto que os vereadores de Fortaleza se inserem em um cenário no qual o comando União Brasil no Ceará, de acordo com interlocutores, oscila entre ficar com o deputado federal Capitão Wagner (Pros) e o senador em exercício Chiquinho Feitosa (DEM), ligado ao grupo dos irmãos Ferreira Gomes.

Os parlamentares aguardam uma definição no diretório. A expectativa se dá no grupo ligado ao Capitão Wagner, de oposição ao governador Camilo Santana (PT) e ao prefeito José Sarto (PDT), de Fortaleza.

As estratégias mudam de acordo com quem comandará o novo partido, fruto de uma fusão entre DEM e PSL. Na Câmara de Fortaleza, a análise do vereador Marcelo Lemos, que foi do PSL, é de que a agremiação possa comportar até 12 parlamentares municipais.

Para que mudem de partido, no entanto, os vereadores terão que contar com a anuência de suas respectivas siglas. Esse acordo requer habilidade, uma vez que não é de interesse dos dirigentes que os partidos percam membros. 

Bastidores

Líder da oposição na Câmara, Márcio Martins (Pros) destaca que o União Brasil está firmado sob o comando do Capitão Wagner. Recentemente, o deputado federal reuniu seu grupo em um almoço com o presidente nacional da sigla Luciano Bivar, no qual afirma que lhe foi prometido o diretório.

Bancada de oposição na Câmara de Fortaleza
Legenda: Vereadores do grupo de oposição à direita na Câmara de Fortaleza
Foto: Felipe Azevedo

Márcio Pontua, no entanto, que o grupo dos chamados “wagnistas” - vereadores diretamente ligados ao Capitão Wagner, ainda aguarda mais definições para inicarem processo de debandada para o União Brasil.

Essa é, inclusive, uma orientação do próprio Wagner. Pré-candidato ao governo do Ceará, ele orienta os vereadores a aguardar.

“Vereador não pode migrar de partido agora. Estou orientando os vereadores do Pros que fiquem no partido. Alguns querem arriscar a candidatura a (deputado) estadual e estão avaliando para onde vão, o que vão fazer. Vereador não tem janela agora.”, pontua o deputado.

Acerca das chamadas indefinições no diretório, o deputado fala em “disse me disse”.  

“Da nossa parte está consolidado, o Bivar veio e participou do almoço, tem vídeo dele falando e provas factuais que mostram que o partido vai ficar com a gente. Não vou entrar nesse disse me disse com o Chiquinho, que é uma pessoa que eu respeito e tenho amizade”, disse.

No grupo de Wagner na Câmara, estão os vereadores Márcio Martins (Pros); Sargento Reginauro (Pros); Priscila Costa (PSC) e Julierme Sena (Pros).

Questionado sobre o destino partidário, Sargento Reginauro informou, através de assessoria, estar aguardando as conjunturas políticas. “Precisamos avaliar, contudo a melhor alternativa para nós seja ir para o União Brasil, devido a filiação do Capitão Wagner, que é a nossa maior liderança”, disse.

Também do Pros, Bruno Mesquita não deve acompanhar o grupo. Apesar do partido mais alinhado à direita, o vereador é aliado do prefeito José Sarto e também espera definições no diretório para tomar uma decisão. 

Jair Bolsonaro e o vereador Carmelo Neto em um avião
Legenda: Carmelo Neto é um dos parlamentares cearenses mais próximos do presidente Bolsonaro, e deve acompanhar a troca de partido
Foto: Reprodução/Instagram

Bolsonaro no PL 

A confirmação da ida do presidente Jair Bolsonaro ao PL também reflete no parlamento da Capital. Atualmente na bancada estão as vereadoras Ana Aracapé e Tia Francisca, que também atuam na base do prefeito Sarto.  

As parlamentares, contudo, seguem orientações do presidente estadual do PL, Acilon Gonçalves. Em recente coletiva de imprensa, ele assegurou que fica no comando da agremiação e que não deve deixar a base do governador Camilo Santana. 

Já há, no entanto, um convite do partido Republicanos a Acilon. O presidente estadual Ronaldo Martins confirmou a informação e, através das redes sociais, apareceu em uma foto ao lado de Acilon. 

Carmelo Neto e Inspetor Alberto

Mais próximos do Presidente da República, Carmelo Neto (Republicanos) e Inspetor Alberto (Pros) também deverão atuar para ingresso no PL. Carmelo, que se diz pré-candidato a deputado estadual, avalia uma maneira de deixar o atual partido sem que sofra sanções eleitorais. Uma das alternativas é contar com a anuência do Republicanos.

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