Legislativo Judiciário Executivo

Flávio Dino chama ataques de 'Capitólio brasileiro', mas diz que pior já passou

Ministro da Justiça comparou crimes em Brasília aos ataques ao congresso dos EUA

Escrito por Redação ,
3bsb
Legenda: Manifestantes ocuparam a rampa do Planalto
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, comparou os ataques terroristas em Brasília ao atentado ao Capitólio dos Estados Unidos. No último domingo (8), apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram as sedes dos três poderes da República — o Congresso Nacional, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. 

Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (9), Dino disse que o país "caminha para a absoluta normalização institucional com muita velocidade". O ministro afirmou que em torno de 1,2 mil pessoas foram detidas. Com pedaços de paus, pedras e ferros, os invasores destruíram mobília, quadros e aparelhos eletrônicos dos prédios públicos. 

Flávio ressaltou que os criminosos não conseguiram cumprir os objetivos de ruptura da lei e da legalidade. "De um modo geral, acreditamos que esses eventos não obtiveram êxito em si mesmo e não obtiveram êxito em seu intento, que era gerar um efeito dominó", disse.

Deus abençoou ontem o Brasil, porque não tivemos nenhum morto. Vivemos ontem o Capitólio brasileiro. Com duas diferenças: a primeira, não houve óbitos, e a segunda é que tivemos mais presos aqui do que lá — e com muita velocidade. O que mostra que as instituições sobreviveram ao stress a que foram submetidas. Mas não tenho dúvidas: vivemos ontem o Capitólio brasileiro
Flávio Dino
Ministro da Justiça e Segurança Pública

O ministro apontou que os detidos estão sendo ouvidos e, a princípio, há configuração de crime em flagrante. "Neste momento, estão sob guarda da Polícia Federal, que está ouvindo e lavrando os documentos pertinentes e haverá o encaminhamento ao Poder Judiciário, creio que hoje ou amanhã", disse.

Veja também

Pelo menos dez estados enviaram contingentes policiais para fortalecer a segurança de Brasília, informou Dino, agradecendo aos governadores. O ministro ressaltou que foram realizadas perícias nos locais atacados para apoiar a ações de indenização e responsabilização criminal.

O Ministério de Justiça abriu um e-mail para receber denúncias de pessoas que atacaram as instituições - endereço de e-mail é denuncia@mj.gov.br.

O que é capitólio?

Os ataques ao Capitólio - sede do Congresso dos Estados Unidos - ocorreram em 6 de janeiro de 2021. Apoiadores de Donald Trump - ex-presidente que perdeu a campanha a reeleição em 2020 - invadiram a sessão que confirmaria a eleição de Joe Biden à presidência.

Legenda: Imagens mostram manifestantes quebrando janelas para invadir o Congresso. Eles acessaram várias partes do prédio, inclusive o plenário
Foto: AFP

A invasão ao Capitólio deixou cinco pessoas mortas. Entre as vítimas, estão um segurança do prédio, um homem que vendia bonecos de canguru vestidos como Trump e três apoiadores do ex-presidente.

Momentos antes da invasão, Donald Trump havia realizado um discurso público em que, sem provas, repetiu acusações de fraude nas eleições. 

Os eventos levaram a Câmara dos Representantes a aprovar o impeachment de Trump, que se tornou o primeiro presidente da história dos EUA a ser alvo do processo duas vezes. O Senado, no entanto, absolveu o político.

Dois anos após os ataques, mais de 900 pessoas envolvidas foram presas, segundo a Secretaria de Justiça dos EUA. Cerca de 350 suspeitos ainda são procurados pela justiça e 192 foram condenados à prisão.

O Capitólio dos Estados Unidos é um dos símbolos da democracia representativa. Um dos três poderes, o congresso estadunidense é o único eleito diretamente pelo povo. Assim como no Brasil, há divisão em Câmara dos Deputados e Senado.