'Em uma guerra de facções, crianças serem assassinadas é inadmissível', diz ministro Silvio Almeida
Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania esteve em evento no bairro do Barroso, em Fortaleza, onde houve uma tentativa de chacina no último dia 21 de junho
O ministro Silvio Almeida, titular do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), esteve no bairro do Barroso, em Fortaleza, na manhã desta quarta-feira (3), e lamentou a tentativa de chacina ocorrida em uma areninha na localidade, no último dia 21 de junho. À imprensa, ele falou da necessidade de articular ações de segurança pública com medidas que permitam o pleno acesso aos serviços públicos que garantem cidadania à população.
“Esses equipamentos são importantes, ainda que eles estejam também à mercê da violência ao redor. Por isso é necessário haver a complementaridade de políticas. Além de levar serviços públicos e levar a possibilidade para as pessoas para além daquelas que elas têm no território — de resolver os problemas do território —, é preciso haver também um combate firme às organizações criminosas, milícias, ao crime organizado, às facções”, afirmou Almeida.
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Segundo ele, a interação entre as duas áreas é positiva para existir uma maior efetividade do Poder Público. “Ou seja, de um lado, a promoção de direitos humanos, o cuidado com as pessoas, levar serviços públicos, melhorar a forma que as pessoas acessam a cidadania e, do outro lado, também um combate firme das organizações criminosas”, resumiu o ministro.
Almeida defendeu o eixo em que sua pasta atua, rechaçando ideias de que haveria uma defesa de ativistas dos direitos humanos para com criminosos. “Quem diz que política direitos humanos é de alguma maneira ser leniente com o crime organizado, essa pessoa está muito enganada”, rebateu, afirmando que o crime organizado “viola os direitos das pessoas”.
“Em uma guerra de facções, crianças serem vitimadas, serem assassinadas, isso é inadmissível. Tem que haver responsabilização de quem está por trás disso e é necessário que haja um combate firme a quem torna possível que esse tipo de coisa exista. Por exemplo, arma, nós precisamos ter uma política firme contra. Precisamos ter uma política firme contra fluxos financeiros, eu não sei porque essas pessoas ganham dinheiro com isso”, completou.
Ação conjunta com a UFC e a CUFA
O titular do MDHC esteve na capital cearense para participar da entrega de certificados de um projeto promovido através do direcionamento de recursos pelo Governo Federal à Universidade Federal do Ceará (UFC). A instituição de ensino promoveu formações para jovens do Poço da Draga e do Barroso, em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA).
De acordo com o ministro, a ideia é que o modelo experimentado localmente possa ser replicado em outros lugares do país. O esforço, pelo que argumentou, amplia a noção do que seriam os direitos humanos. “A educação é uma face fundamental disso”, refletiu.
“Nós estamos dentro de um território conflagrado, que tem uma série de problemas e nós estamos ajudando outras pessoas que trabalham com isso, no caso a Universidade Federal do Ceará e a Central Única das Favelas, a desenvolver atividades aqui que mostrem que não é só violência, não é só precarização do serviço público, que há pessoas aqui e essas pessoas têm várias possibilidades”, relatou Almeida.
Dirigente da CUFA, Preto Zezé comentou que, além de Fortaleza, as formações estão sendo realizadas no Rio de Janeiro, no Complexo da Penha. Elas são consideradas pela entidade como projetos-piloto, que irão contribuir com a ampliação da iniciativa para outros lugares do Brasil.
“A parceria com a Universidade vem no sentido de aproximar a instituição para dentro das favelas, já que hoje, por exemplo, na UFC, mais da metade dos alunos vêm desses territórios. E a ideia também de ter o Ministério é porque os direitos humanos fazem parte de uma agenda que contempla a maior quantidade de demandas”, acrescentou.
Zezé pontuou que a ação no Poço da Draga, antecipa o Campus Iracema, que será instalado na região pela UFC. “Naquela área, a gente já está trabalhando há muitos anos. É uma área estratégica para nós, que a gente vem para ficar. Vamos trabalhar lá, ampliar os laços, levar o setor privado também para ser parceiro desse processo e buscar trazer mais gente para tornar a cidade menos desigual, menos apartada como ela é hoje”, concluiu.