Em reunião com Cid, deputados esperam desfiliação em massa de prefeitos do PDT
Debandada no PDT começou com a concessão de anuências a deputados na última semana
A reunião que ocorre na tarde desta terça-feira (14) entre prefeitos cearenses e Cid Gomes, todos do PDT, deve definir a desfiliação de pelo menos 40 gestores. É o que projetam deputados pedetistas ligados ao senador, que também estão de saída da legenda. Apesar disso, evitam adiantar conversas com outras siglas.
Por não serem detentores de mandatos proporcionais (já que foram eleitos de forma majoritária), nem Cid nem os mais de 50 prefeitos do PDT precisam de anuência para deixar o partido.
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Para o deputado estadual Osmar Baquit, então, a expectativa é que a sigla tenha uma perda de 40 prefeitos no Ceará. Já Marcos Sobreira projeta um número um pouco maior: “pelas minhas contas, são cerca de 47, beirando 50 prefeitos porque tem alguns que estão em outras siglas que vão aderir ao novo partido que o senador venha a liderar nesse novo projeto”.
“Cid nunca tratou sobre para qual partido vai. Ele nunca teve conversas preliminares com partidos no meio dessa crise, até porque se tivesse, estaria contradizendo tudo o que ele tá dizendo. Então nós não temos partido para ir, até porque nós ainda vamos ter a aprovação do TRE para que a gente possa sair de maneira legítima sem perder o mandato”, acrescenta Baquit.
Na última semana, eles e outros 14 parlamentares (incluindo suplentes) pediram autorização do PDT para se desfiliarem sem prejuízo ao mandato. O pedido foi atendido, mas para ser efetivado, precisa de aval da Justiça. É aí que entra o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE).
Já Lia Gomes, irmã de Cid, avalia que essa é uma primeira conversa com os gestores para entender o cenário e a situação de cada um.
“Hoje é um primeiro dia para ouvir, porque cada município tem a sua especificidade. Acredito que não dê para a gente ir para um partido só porque tem lideranças que estão dentro do PDT que, hoje, são oposição e que precisa ter legenda para os dois, então vai ser mais um passo”, afirma.
A menos de um ano das eleições municipais, a estabilidade na legenda à qual é filiado(a) é essencial para gestores buscam a reeleição ou a eleição de sucessores. O destino desses prefeitos e prefeitas deve ser definido até abril de 2024, segundo a legislação eleitoral.
Crise no PDT
Desde a pré-campanha eleitoral do ano passado, o PDT vive uma crise interna. O impasse começou com a candidatura da legenda ao Governo do Estado. Enquanto Cid defendia o nome da então governadora Izolda Cela (sem partido), Ciro queria o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Roberto foi escolhido, o que causou um rompimento do partido com o PT no âmbito estadual. Na eleição, o ex-prefeito terminou em terceiro lugar.
Depois disso, a nova divergência foi sobre o PDT embarcar oficialmente na base governista do Ceará. O grupo aliado a Cid defende a tese, já a ala de Ciro quer ser oposição. Todavia, o estopim para a escalada atual da crise pedetista foi a concessão de uma carta de anuência para desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão.
A autorização foi concedida em agosto deste ano quando Cid estava há pouco mais de um mês no comando interino da legenda no Ceará após acordo com André Figueiredo — que era o presidente da agremiação no Estado, mas se licenciou para apaziguar os ânimos da ala cidista.
A carta de anuência abre caminho para Evandro lançar uma possível candidatura à Prefeitura de Fortaleza por outro partido, em oposição ao prefeito José Sarto (PDT). A possibilidade de desfiliação da legenda é questionada na Justiça pelo PDT Nacional, mas última decisão do TRE-CE reconheceu a validade da medida.
No início de outubro, após o senador convocar uma nova reunião para debater o apoio oficial do PDT ao Governo de Elmano de Freitas, André Figueiredo suspendeu a licença da presidência do diretório do Ceará, afastando Cid do comando do partido.
Em resposta, cidistas convocaram uma reunião e elegeram uma nova Executiva Estadual no dia 16 de outubro, com o senador no comando de forma permanente. A deliberação é questionada judicialmente, mas a última decisão judicial sobre o assunto manteve Cid à frente da agremiação.
Como reação, o grupo do ex-ministro Ciro Gomes decidiu pela intervenção da Executiva Nacional no Estado, no último dia 27 de outubro. Essa intervenção foi oficializada nesta quinta-feira (9), com a instalação de uma comissão provisória para atuar no Estado.
A Justiça, contudo, reverteu a intervenção, restabelecendo o comando de Cid. Porém, as anuências concedidas aos demais deputados seguiram nulas. Eles devem recorrer.