No Ceará, Bolsonaro nega ataques a nordestinos, fala de relação com Elmano e estratégias no Estado

Presidente e candidato à reeleição cumpre agenda de campanha no bairro Conjunto Ceará

Escrito por Luana Severo, Jessica Welma, Igor Cavalcante, Thatiany Nascimento ,
Bolsonaro com os braços para cima no palanque.
Legenda: Bolsonaro discursou para apoiadores no Conjunto Ceará.
Foto: Thiago Gadelha

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, cumpriu agenda de campanha neste sábado (15), em Fortaleza. O chefe do Executivo nacional fez comício no Polo de Lazer do Conjunto Ceará na tentativa de diminuir, no segundo turno, a diferença de votos entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro chegou à Capital pelo antigo terminal de passageiros do aeroporto, no bairro Vila União, e concedeu entrevista coletiva à imprensa. Pouco depois, o presidente rumou para o Conjunto Ceará, na periferia da Cidade, onde apoiadores o esperavam com bandeiras do Brasil e uma estrutura havia sido montada para recebê-lo.

Apoiadores esperam Bolsonaro em estrutura montada no Conjunto Ceará.
Legenda: Apoiadores esperam Bolsonaro em estrutura montada no Conjunto Ceará.
Foto: Camila Lima

"Quem muito fez, tem pouco para falar porque as obras falam por si", disse o mandatário, inicialmente, aos seus eleitores. No palanque, ele fez ataques costumeiros ao Partido dos Trabalhadores (PT) e destacou o programa federal Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família no ano passado, como uma das principais entregas de sua gestão.

Com um discurso agressivo contra seu oponente, Lula, que segue à frente nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro pediu ao público presente que repetisse o voto nele, caso o tivesse feito no primeiro turno, e disse, aos que "porventura, votaram no outro cara, que reflitam e venham para nós". "Vamos, o bem, derrotar o mal", completou.

Também foram feitos ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e repetidos discursos sobre o Governo ser contrário à "ideologia de gênero", sobre ter "baixado o preço da gasolina no Brasil" e "vencido" a Covid-19.

Entrevista coletiva

Antes do comício, na coletiva para a imprensa no aeroporto, o presidente também destacou o Auxílio Brasil e acusou o PT de propagar "mentiras" sobre sua pessoa e sua gestão. Além disso, para se defender de acusações de racismo e de "não gostar de nordestino", ele repetiu que sua esposa, Michelle, "é filha de cearense", e que mantém boa relação com o sogro, Paulo Negão, que é negro.

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Ainda, para tentar mitigar os efeitos de sua fala recente atrelando a baixa votação no Nordeste a um suposto "analfabetismo" da população, o presidente ressaltou que foi reduzido o tempo de alfabetização das crianças no País. "Quando se fala, por exemplo, em analfabetismo, quiseram colar em mim como se eu tivesse criticando o povo nordestino", se defendeu.

O candidato também negou a possibilidade de aumentos do preço dos combustíveis após as eleições e o fim do Auxílio Brasil em 2023.

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Estamos andando o Brasil levando o que nós fizemos, o que estamos fazendo e as propostas para o futuro. Agindo dessa maneira, estamos revertendo votos do primeiro turno e acredito que já temos o suficiente para falarmos em vitória".
Jair Bolsonaro
Presidente da República e candidato à reeleição

Ele também minimizou o controle sobre o Orçamento da União, atrelando ao Poder Legislativo as decisões sobre destinação de recursos, e frisou ações em defesa das mulheres, citando o Auxílio Emergencial durante a pandemia de Covid-19, a abertura de microcrédito e a lei aprovada no Congresso Nacional que mudou regras de laqueadura.

"A mulher era dominada muito pelo marido, tinha que ter autorização do marido para fazer a laqueadura. Deixou de depender, ponto final", afirmou.

Estiveram ao lado do candidato na coletiva políticos cearenses como os deputados federais Capitão Wagner (União Brasil), Moses Rodrigues (União) e Dr. Jaziel, o deputado federal eleito André Fernandes (PL), os deputados estaduais eleitos, Carmelo Neto (PL), Oscar Rodrigues (União) e Sargento Reginauro (UB), e os deputados estaduais Dra. Silvana (PL) e Delegado Cavalcante (PL). Além deles, estava também a deputada federal eleita Dayany do Capitão (União Brasil), a vereadora de Fortaleza Priscila Costa (PL), o prefeito de Eusébio e presidente do PL Ceará, Acilon Gonçalves.

Capitão Wagner e Jair Bolsonaro durante coletiva para a imprensa no aeroporto antigo de Fortaleza
Legenda: No Ceará, Bolsonaro é apoiado por lideranças como o deputado federal Capitão Wagner (UB), que disputou o Governo do Estado.
Foto: Camila Lima

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Relação com Elmano

Durante a entrevista, Bolsonaro também foi questionado sobre como deve conduzir sua relação com o governador cearense eleito, Elmano de Freitas (PT), caso conquiste a reeleição.

Especialmente porque Elmano tem relação próxima com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que é constantemente criticado pelo presidente.

Na resposta, ele disse que nunca deixou de conversar com prefeito ou governador e que "dá recursos" para todos. "Olha, minha relação, nunca deixei de atender nenhum prefeito ou governador do Brasil com recursos, nenhum, o Ceará recebeu recursos. O que quero é de vez tirar os que faltam ser tirados da escravidão da posse, vamos dar título para eles, vamos dar um registro da terra e eles vão ser cidadãos, vão integrar pra valer a agricultura familiar".

No comício, porém, falando para apoiadores, Bolsonaro votou a atacar diretamente o MST, dizendo que seu Governo "acabou com a invasão de terras" do movimento.

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Visita a Fortaleza

Diferentemente da última vez em que o mandatário esteve na Cidade, em julho, na 'Marcha Para Jesus', dessa vez, não está prevista motocarreata.

Segundo o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), apoiador do presidente no Estado, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que esteve em Fortaleza nesta sexta (14) junto à senadora eleita, Damares Alves (Republicanos), não deve acompanhar o marido na visita.

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Primeiro turno no Ceará

No primeiro turno, Bolsonaro recebeu 25,38% dos votos válidos dos cearenses, perdendo para o ex-presidente Lula, que teve 65,91% dos votos válidos. Na coletiva para a imprensa deste sábado (15), quando questionado sobre a que atribui a baixa votação no Estado, ele disse, apenas: "Muita desinformação praticada pelo PT".

Para tentar reverter esse cenário, o presidente disse aos jornalistas que a estratégia será "conversar", "como estou conversando com vocês aqui. Levar a verdade para a população, porque quem decide é povo".

"O Nordeste vai se transformar, em poucos anos, no maior produtor de energia limpa do mundo, com as eólicas aqui na costa. (...) É o nosso País, é a nossa região, que sempre há críticas sobre ela, mas o PT administrou por 20 anos. Se eles fossem tão bons assim, isso aqui tinha que ser uma suíça", completou.

 

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