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Crato: cenário pré-eleitoral tem 8 nomes para sucessão de Zé Ailton e disputa por benção de Elmano

Apenas entre os aliados ao governador petista, já são seis nomes à disposição para concorrer ao cargo de prefeito no município do Cariri cearense

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Prefeitura do Crato
Legenda: Pelo menos oito nomes já estão colocados como pré-candidatos a Prefeitura do Crato em 2024
Foto: Divulgação

No Crato, a disputa pela Prefeitura começa com muitos competidores: até agora, pelo menos oito nomes são cotados como pré-candidatos à sucessão do prefeito Zé Ailton Brasil (PT) — que encerra, em dezembro, os oito anos à frente do Executivo municipal. 

Um dos principais desafios do gestor municipal deve ser garantir a unidade não apenas do partido, como da base aliada do Governo Elmano de Freitas (PT) para a disputa em outubro. Isto porque, apenas entre os partidos aliados ao governador, são seis pré-candidatos à Prefeitura do Crato — duas delas, no próprio PT, com a possibilidade deste número crescer.

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Enquanto isso, pré-candidatos da oposição antecipam que a divisão na base aliada pode contribuir para o fortalecimento dos opositores nessa disputa eleitoral. 

Entre eles, está o suplente de deputado estadual Dr. Aloísio Brasil (União Brasil) — que ficou na segunda colocação nas eleições de 2020 — e o vereador Lucas Brasil (PSDB), sobrinho do atual prefeito, mas que rompeu com ele no final de 2022. 

Impasse no PT

Partido que governa o Crato há sete anos, com Zé Ailton Brasil como chefe do Executivo, o PT já vivenciou o primeiro impasse sobre a escolha da pré-candidatura no final de 2023. A Executiva municipal petista no município lançou, em novembro, o vereador Pedro Lobo (PT) como pré-candidato, após o parlamentar ter apoio de dois terços da direção municipal do PT. 

Contudo, a Executiva estadual do partido acabou derrubando a decisão e ampliando o prazo para discussão de quem será o nome petista na disputa pela Prefeitura do Crato. Isto porque existe, pelo menos, outro nome petista lançado como pré-candidato: Rondinele Brasil (PT), chefe de Gabinete Adjunto da Prefeitura do Crato.

O vereador explica que vê o movimento como "natural" e "parte do processo democrático". "Houve um pedido do prefeito municipal para que se adiasse até o início de março. Ele evidentemente não queria antecipar o debate ainda no ano de 2023 e pediu para ser discutido e resolvido em 2024", explicou. 

Nos bastidores, a avaliação é de que Rondinele Brasil teria a preferência do prefeito Zé Ailton. Pedro Lobo, por sua vez, garante que tem "a preferência da militância e dos membros da Executiva municipal". Novamente, o vereador afirma "ver com naturalidade" essas preferências, mas que agora será momento de "discutir e tentar encontrar uma unidade para que o PT possa permanecer unido". Para Rondinele Brasil, a narrativa sobre uma preferência ocorre porque ele diz que está "trabalhando com Zé Ailton há 10 anos". "Pela proximidade, a turma fala de preferência", conta.

Indagado sobre a predileção, Zé Ailton disse que, no momento, a preferência dele é pela "discussão com o grupo e a sociedade para saber quem vai levar à frente a candidatura". "Defendo um grupo, defendo uma bandeira. Vamos discutir para decidir qual o melhor caminho", garantiu o gestor.  

Ele ressaltou ainda a importância de ouvir lideranças estaduais do PT, como o ministro da Educação, Camilo Santana (PT) — que é natural do Crato —, o deputado federal José Guimarães (PT) e o próprio governador Elmano de Freitas.

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Possibilidade de novos filiados

Além dos dois, a secretária de Educação do Governo do Ceará, Eliana Estrela, deve se filiar à legenda petista e está no rol dos nomes apontados para uma pré-candidatura na cidade do Cariri cearense. "Fico muito honrada de ter meu nome lembrado, neste momento, pela população cratense como uma opção para dar continuidade ao projeto político que vem sendo muito bem liderado pela atual gestão", destacou Eliana Estrela. 

A titular da pasta de Educação afirmou que tem diálogo constante com o prefeito Zé Ailton Brasil, responsável por conduzir "com muita tranquilidade e zelo" o processo de definição interna. “Estou convicta de que qualquer decisão será feita, acima de tudo, com base no desejo da população sobre o que é melhor para o município”, acrescentou Estrela.

Outro nome que pode aumentar a lista de pré-candidatos petistas à Prefeitura do Crato é o do vice-prefeito André Barreto (sem partido). Eleito pelo PDT na chapa encabeçada por Zé Ailton, Barreto deixou a presidência municipal e se desfiliou do partido no final de 2023. Barreto integra a ala dissidente pedetista, liderada pelo senador Cid Gomes (PDT). 

Ele ainda deve definir em qual partido irá se filiar e, entre as duas opções, estão o PT e o PSB — destino partidário do ex-governador cearense. A definição partidária deve ficar para fevereiro, mas ele confirma a pré-candidatura à Prefeitura do Crato. 

"São 24 anos na vida pública. Experiência como secretário do Governo Cid, como secretário de saúde do Crato, como vice-prefeito, 8 anos como vereador. (...) Me sinto preparado para esse desafio, pronto para a campanha e para governar o município nos próximos anos", pontua.

Como garantir unidade na base aliada

Além das discussões internas no PT, Zé Ailton ressalta que os partidos aliados devem estar envolvidos na discussão sobre quem será o nome que irá concorrer ao comando Prefeitura do Crato. A ideia é unificar os partidos que dão sustentação à gestão municipal — "que são os mesmos que dão sustentação ao Governo do Estado", cita.  

Além das quatro pré-candidaturas já citadas, existem, pelo menos, mais dois pré-candidatos de partidos aliados. O presidente da Câmara Municipal do Crato, Florisval Coriolano (PRTB), e o diretor da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Rafael Branco (PP), também estão com nomes colocados para a disputa em outubro. 

"Nós somos soldados à disposição, para que, caso seja necessário, a gente possa entrar na disputa. Estamos trabalhando muito, pautado nas propostas, ouvindo as lideranças, para que possa estar preparado para ser candidato. E defendendo a unidade do nosso grupo político", afirma Rafael Branco.

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Ele destacou o papel do prefeito Zé Ailton como "intermediador" das articulações para a pré-candidatura, a partir da definição de critérios para escolha e de construir um entendimento para união entre os aliados do Governo Elmano. "Eu defendo para que todos saiam unidos. (...) E, quando defendo a unidade, coloco inclusive que se o meu nome não for o escolhido, eu estarei apoiando a chapa que for escolhida pelos nossos líderes", pontua. 

O posicionamento é semelhante ao do vice-prefeito André Barreto, que considera que, para garantir a unidade, é necessário “que todos tenham a grandeza de colocar os objetivos maiores da população acima de quaisquer objetivos e metas pessoais”. “Estarei junto independente do nome lançado para nos representar como candidato”, garante.

A meta é tentar unir as seis pré-candidaturas aliadas à gestão municipal em apenas uma chapa. Com a previsão de uma definição interna até o final março, as articulações devem se intensificar em fevereiro — antes disso, há uma concentração em filiar e montar as chapas para o legislativo. Uma das primeiras tratativas deve ser reunir todos os pré-candidatos lançados até o momento para estabelecer quais os critérios devem ser usados no processo de escolha

Apesar do esforço para a unidade, tanto Zé Ailton como Pedro Lobo afirmam que irão defender que a candidatura saia do PT. "É natural que, como o PT está governando, permaneça governando. Essa é a estratégia política do PT a nível de estado: dar prioridade de, onde está sendo governado, que possa continuar", reforçou o pré-candidato.

 

"Nós vamos defender que o nome saia do PT, porque o PT está governando", concorda Zé Ailton. "Mas vamos conversar com todos os pré-candidatos, com todos os partidos e, em acordo, com o governador Elmano de Freitas, com o ministro Camilo e com o deputado José Guimarães, decidir. (...) Não vai ser uma candidatura imposta". Para Rondinele Brasil, a decisão sobre a cabeça de chapa ser de um nome petista é uma “discussão que já foi superada". "O PT vai ser cabeça de chapa, por isso que está aglomerando a maior quantidade de pré-candidatos", afirma.

Fortalecimento da oposição

Segundo colocado na disputa pela Prefeitura do Crato em 2020, Dr. Aloísio Brasil aponta que existe um "desgaste do prefeito" na cidade, principalmente em áreas como a Saúde e a gestão de água e esgoto na cidade. "E sem conseguir emplacar um candidato dele, fortalece a oposição", considera. 

Por isso, é momento da oposição chegar unida para o processo eleitoral, completa o pré-candidato, para ampliar as chances de vitória. No Crato, assim como na ampla maioria dos municípios cearenses, a eleição é definida ainda no 1º turno — apenas Fortaleza e Caucaia têm possibilidade de 2º turno. "Estamos unindo a oposição, reunindo todos, (...) alinhando para termos uma força importante para 2024", ressalta Dr. Aloísio. Ele detalha que para garantir esse fortalecimento, tem conversado com lideranças como os ex-prefeitos do Crato, Zé Adega e Ronaldo Matos. 

Ele também tem conversado com o outro pré-candidato opositor, o vereador Lucas Brasil. Ex-aliado da gestão de Zé Ailton Brasil, o vereador rompeu com o prefeito e tio no final de 2022. "Saí porque vi que não tinha espaço", explicou Lucas Brasil. 

Eleito pelo PSB em 2020, ele teve a pré-candidatura à Prefeitura lançada pelo PSDB, com a presença do vice-prefeito de Fortaleza e presidente estadual da sigla tucana, Élcio Batista (PSDB). "Ele é a melhor escolha para liderar um novo ciclo e projeto para a cidade do Crato", ressaltou o dirigente em publicação.

O vereador explica que tem priorizado, nesse primeiro momento, articular acordos políticos em torno da pré-candidatura "para, quando colocar a campanha na rua, sair fortalecida". A exemplo da aliança que se desenha na Capital cearense, ele disse que pretende se aproximar do PDT e buscar diálogo com lideranças como o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). 

Mas ele concorda na necessidade de "fortalecer a oposição". "Precisa ver a viabilidade (das candidaturas), não se dividir", pontua. 

Para Dr. Aloísio a decisão deve ser embasada nas pesquisas para "determinar a cabeça (da chapa) e o vice". Aliado ao prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União Brasil), ele destaca ser, no momento, o primeiro colocado nas consultas feitas até aqui sobre a eleição para a Prefeitura. 

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