CPI que mira trabalho filantrópico de padre Júlio Lancellotti consegue aprovação na Câmara de SP
Requerimento foi feito por vereador do União Brasil, um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL)
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (3) a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o trabalho filantrópico conduzido pelo padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, na região conhecida como Cracolândia, no Centro da cidade. A CPI teve 25 assinaturas e foi requerida, inicialmente, pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL).
Segundo o Globo, a expectativa é de que a Comissão seja aberta no retorno do recesso parlamentar, que acaba no dia 1º de fevereiro. Inicialmente, a informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo.
"Existe uma chamada 'máfia da miséria' para obter ganhos por meio da boa-fé da população, e isso não é ético nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão da miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação", disparou Nunes ao Globo. Ele disse ainda que recebe "inúmeras denúncias" sobre a atuação de Organizações Não Governamentais (ONGs) no Centro de São Paulo, que doam alimentos, mas não acolhem os vulneráveis.
Inicialmente, o requerimento mira duas entidades que prestam serviço comunitário à população de rua e dependentes químicos da região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e o coletivo Craco Resiste.
À Folha de S. Paulo, o padre Júlio Lancellotti disse não ter relação com nenhuma das duas entidades e afirmou que não faz mais parte da Bompar há 17 anos. "São autônomas, têm diretorias, técnicos, funcionários. A Câmara tem direito de fazer uma CPI, mas vai investigar e não vai me encontrar em nenhuma das duas", afirmou o pároco.
Repercussão da CPI
Nas redes sociais, a decisão de criação de uma CPI para investigar o trabalho filantrópico de padre Júlio gerou uma série de críticas de parlamentares e integrantes da sociedade civil. Tanto que o nome do religioso chegou a ficar entre os assuntos mais comentados do 'X', antigo Twitter.
"Parece que a cidade de São Paulo não tem nenhum problema que mereça a atenção do vereador", escreveu o deputado federal Nilto Tatto (PT). A deputada federal Erika Hilton (Psol) também criticou Nunes. "Tinha que ser obra dos mimados e criados a danoninho do MBL", disparou.
É simplesmente um ABSURDO e OBCENO que a @CamaraSaoPaulo (de vereadores) instale uma CPI para perseguir o Padre Júlio Lancelotti e demais organizações e figuras que, de maneira exemplar, doam seu tempo, sua força e sua vida para ALIMENTAR e ACOLHER irmãos e irmãs em situação de… pic.twitter.com/lpuePw71uc
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) January 3, 2024