Legislativo Judiciário Executivo

CPI da Covid ouve auditor afastado do TCU por relatório incorreto sobre mortes

Alexandre Marques é apontado como autor de um “estudo paralelo” indicando que 50% das mortes pelo coronavírus não teria ocorrido

Escrito por Diário do Nordeste e Agência Senado ,
Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques
Legenda: O servidor foi afastado das funções para responder a um processo administrativo
Foto: reprodução/YouTube

A CPI da Covid ouve o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques nesta terça-feira (17), a partir das 9h30. Ele é apontado como autor de um “estudo paralelo” indicando que metade das mortes confirmadas no Brasil pelo coronavírus não teria ocorrido. Em junho, ele foi afastado do cargo.

Nesta sessão os senadores ouvem ainda o ex-secretário da Saúde do Distrito Federal Francisco de Araújo Filho, denunciado por irregularidades na compra de testes rápidos para detecção do coronavírus.

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Auditor do TCU

A convocação do auditor Alexandre Marques foi sugerida pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O parlamentar sergipano quer “esclarecer os detalhes da participação” do auditor na produção do “estudo paralelo”, que chegou a ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro como um documento oficial do TCU. 

O documento indicava que "50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram" causados pela doença, a informação foi citada pelo presidente da República. No entanto, após o TCU publicar um comunicado negando a existência do estudo, Bolsonaro admitiu que errou ao atribuir a autoria ao tribunal.   

Na última semana, Marques disse em depoimento ao próprio tribunal que o documento era um "rascunho" e que a versão divulgada pelo presidente da República estava adulterada, segundo informações do G1.

“No meu arquivo, o que eu preparei, não tinha qualquer menção ao Tribunal de Contas da União. Não tinha cabeçalho, não tinha identidade visual, data, assinatura, não tinha destaques grifados com marca texto, não tinha nada disso. Ou seja, depois que saiu da esfera privada, particular, dei para o meu pai, e ele acabou repassando. Como era um arquivo em Word, ele poderia ser editado por qualquer pessoa”, declarou. 

Conforme o jornal Metrópoles, em junho, Alexandre Marques incluiu os dados distorcidos no sistema do TCU. Segundo o Tribunal de Contas, o documento não é oficial e trata-se de uma “análise pessoal” do servidor. Por causa disso, ele acabou afastado das funções para responder a um processo administrativo.

Na declaração á comissão de sindicância do tribunal, o auditor disse que no dia 6 de junho conversava com o pai sobre as mortes por Covid-19 quando o enviou, via mensagem, um breve levantamento sobre o caso, que definiu como sendo um simples rascunho. 

O pai de Marques é o coronel da reserva Ricardo Silva Marques, colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Por indicação do gestor federal, o militar assumiu uma gerência na Petrobras.

Segundo o G1, o auditor postou o documento para colegas do TCU no dia 31 de maio, antes de enviar ao pai. Mas as considerações dele foram descartadas pelos outros servidores por falta de consistência.

No depoimento ele ainda disse que Bolsonaro foi irresponsável ao afirmar a ideia de que mais da metade das mortes causadas pelo coronavírus aconteceu por outras razões.

Com a convocação do servidor os senadores também desejam saber se ele manteve contato com integrantes do gabinete paralelo, com autoridades do Palácio do Planalto ou com os filhos e pessoas próximas ao presidente.

Inicialmente, Marques foi convocado para participar de oitiva em junho, mas devido à votação da privatização da Eletrobras, o depoimento foi adiado e a sessão suspensa

Ex-secretário da Saúde do DF

O depoimento do antigo gestor da pasta Francisco de Araújo Filho atende requerimento do senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Ele lembra que a Operação Falso Negativo, deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal, descobriu irregularidades na aquisição de testes para o coronavírus.

Francisco de Araújo Filho chegou a ser preso e denunciado por organização criminosa, fraude à licitação e desvio de dinheiro público.

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