Com Evandro Leitão, PT volta nesta quarta (1º) ao comando de Fortaleza após 12 anos
A sigla disputou todas as eleições majoritárias na Capital desde a redemocratização e já comandou a Prefeitura por três mandatos
A partir desta quarta-feira (1º), a cidade de Fortaleza passa a ser comandada pelo prefeito Evandro Leitão (PT) e pela vice-prefeita Gabriella Aguiar (PSD). Eleita com 716,1 mil votos, a dupla venceu a disputa mais acirrada em 24 anos na Capital. Eles derrotaram a chapa liderada pelo então candidato André Fernandes (PL) por uma diferença de 10,8 mil votos. Para além dos números, a vitória do candidato do PT consolida um novo momento da sigla — e de suas lideranças políticas — na Cidade.
O PT volta ao comando da Prefeitura de Fortaleza após 12 anos — desde a saída de Luizianne Lins (PT), em 2012. Além disso, nacionalmente, Evandro é o primeiro petista eleito prefeito de uma capital em oito anos. A última vez em que isso ocorreu foi em 2016, quando Marcos Alexandre foi eleito em Rio Branco, no Acre. Dois anos depois, ele deixou a gestão para concorrer ao Governo do Acre.
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Histórico do PT em Fortaleza
Desde a redemocratização, o PT sempre disputou as eleições para o Executivo de Fortaleza. E de cara, em 1985, saiu vitorioso com a eleição de Maria Luíza Fontenele, marcando a primeira vitória do Partido na disputa pela prefeitura de uma capital brasileira. Ela também foi a primeira mulher a ser escolhida como prefeita de uma capital no País. À época, a legenda tinha apenas cinco anos de fundação.
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Quatro anos depois, o PT não elegeu um sucessor da prefeita. Mário Mamede Filho atingiu 5,75% em 1988, ficando apenas na 4ª colocação. A escolha do petista para representar a sigla, inclusive, foi cercada de disputas internas, já que Maria Luiza defendia o nome de Dalton Rosado para ser o candidato à sua sucessão. Em meio a primeira crise interna da sigla, Maria Luiza, Dalton Rosado e outros militantes ligados à ex-prefeita foram expulsos do PT.
Já em 1992, o candidato foi Fernando Branquinho, que teve 4,45% dos votos, mantendo o quarto lugar da sigla nas eleições municipais. Tanto em 1996 quanto em 2000, o PT lançou candidatos a vice-prefeitos nas chapas lideradas por Inácio Arruda (PCdoB) nos dois pleitos. Em 1996, Mário Mamede Filho representou a sigla, já em 2000 foi Artur Bruno. Ambas as chapas acabaram derrotadas.
Em 2004, a sigla chegou novamente ao comando da Prefeitura de Fortaleza, com Luizianne Lins. Ela derrotou Moroni Torgan no segundo turno, levando o PT ao comando da Capital cearense pela segunda vez. Quatro ano depois, Luizianne foi reeleita para o cargo no primeiro turno.
Em 2012, sem poder disputar o cargo novamente, a prefeita decidiu lançar a candidatura de Elmano de Freitas (PT) como seu sucessor. À época, além da disputa interna no PT, havia uma tensionamento na relação entre a petista e o então governador Cid Gomes sobre a montagem da chapa majoritária. A divergência entre eles acabou gerando o rompimento político entre o PT e o grupo liderado pelos Ferreira Gomes.
Nas urnas, o candidato indicado por Cid, o então presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Roberto Cláudio (então no PSB), se saiu melhor e foi eleito no segundo turno, derrotando o petista e colocando um fim nos oito anos de gestão do PT em Fortaleza.
Luizianne Lins então voltou para as disputas na Capital. Em 2016 e 2020 ela liderou chapas petistas em busca de um terceiro mandato, contudo, em ambos os pleitos ela ficou em terceiro lugar, assistindo Roberto Cláudio se reeleger — derrotando Capitão Wagner (no extinto PR) no segundo turno — e Sarto se tornar prefeito — vencendo Wagner no segundo turno.
A escolha do PT em 2024
Para voltar ao comando de Fortaleza em 2024, o PT passou por um extenso processo interno e externo até a escolha de Evandro Leitão. Dentro da legenda, a principal concorrente dele, Luizianne Lins, chegou a defender que fossem realizadas prévias para a definição da candidatura petista — na qual todos os filiados poderiam votar diretamente para escolher o candidato.
Com a mediação do governador Elmano de Freitas, a definição acabou ficando para o Encontro Municipal, quando a decisão esteve na mão de delegados anteriormente escolhidos pelos filiados.
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Evandro chegou ao Encontro com a maioria dos delegados — número que aumentou após Guilherme Sampaio e Larissa Gaspar desistirem da pré-candidatura em apoio a ele. Minutos antes da definição, Luizianne Lins retirou a pré-candidatura, e os delegados que a apoiavam se abstiveram da votação que confirmou o nome de Evandro Leitão.
O político, que é um dos principais aliados do ministro Camilo Santana (PT) no Ceará, é egresso dos quadros do PDT. Ele deixou a sigla em meio ao racha provocado pelas eleições de 2022. Desde sua filiação, em dezembro de 2023, era apontado como o candidato da sigla para o pleito do ano passado.
Depois da escolha interna, ele passou a alinhavar uma ampla base de apoio que contou com lideranças do PP, do PSB, do PSD, do Republicanos e do MDB, além do PV e do PCdoB, federados ao PT.
Durante a campanha, Evandro usou intensamente a imagem de Camilo Santana, do governador Elmano de Freitas (PT) e do presidente Lula, que chegou a visitar o Ceará duas vezes: uma no lançamento da chapa e outra no segundo turno.
No primeiro turno, o candidato do PT obteve 480,1 mil votos, o equivalente a 34,33%. André Fernandes passou em primeiro lugar, com 562,3 mil, ou 40,2% dos votos válidos. Já no segundo turno, Evandro assumiu a vantagem, totalizando 716,1 mil votos (50,4%), enquanto o adversário do PL ficou com 705,2 mil (49,6%).