O partido, que apostava em nomes com mais tempo de militância nos pleitos municipais – como Maria Luiza, Mário Mamede, Luizianne Lins e Elmano de Freitas –, agora foi buscar um nome que estava fora da legenda até pouco tempo atrás para representar a aliança do Governo do Estado na disputa pela capital cearense.
A figura de Evandro Leitão surge nesse contexto pela fidelidade provada na Alece ao assumir a liderança do Governo Camilo Santana no Parlamento. Filiado à época ao PDT, o deputado, com perfil moderado e de articulação, alimentou a confiança política não apenas entre pedetistas, mas também fora da sigla principalmente com lideranças do PT.
Após liderar o governo, o deputado, com apoio do PT, foi eleito presidente da Assembleia Legislativa, em movimento apoiado pelo Palácio da Abolição. Curiosamente, Roberto Cláudio (ex-prefeito) e José Sarto (atual prefeito) também foram lançados como candidatos na Capital quando presidiam a Alece.
Entre os aliados de primeira ordem de Camilo, Evandro acabou ocupando o primeiro lugar na fila para surgir como uma aposta do grupo. O registro do fotógrafo do Diário do Nordeste, Thiago Gadelha, mostra muito bem como essa relação estava azeitada lá em 2022.
Outro ingrediente que acabou fortalecendo a indicação do presidente da Alece à sucessão municipal é a pouca interlocução entre a ex-prefeita Luizianne Lins e o ministro da Educação, Camilo Santana – o maior fiador da escolha de Evandro. Ex-prefeita, a petista é a deputada mais votada em Fortaleza e tem o maior recall entre os correligionários.
No entanto, com todos os esforços voltados para Leitão, Camilo conseguiu convencer boa parte das alas do partido em Fortaleza a abraçar o nome do presidente da Alece. Um dos argumentos era a capacidade de unir a ampla aliança partidária que o grupo conseguiu conservar em 2022, já que Luizianne havia sido candidata em 2016 e 2020 com chapa pura.
Não é segredo para ninguém no ambiente político que a relação entre Luizianne e Camilo não é das melhores – o que explica a resistência ao nome dela pelo grupo liderado pelo ex-governador. O próprio Lula chegou a questionar os petistas cearenses a não indicação da deputada à candidata a governadora em 2022. Fato que foi contextualizado ao então candidato presidencial. Ele, claro, deixou o jogo local se resolver por si mesmo, sem interferência.
Desafio
Agora escolhido como pré-candidato, Evandro tem o desafio de unir o PT e buscar interlocução com a deputada federal Luizianne Lins, que tem força eleitoral na periferia.
Diante de tantos padrinhos, como Lula, Camilo e Elmano, Evandro terá que mostrar autonomia como candidato e protagonismo no processo eleitoral para se mostrar viável em uma disputa que se apresenta como muito equilibrada.