Camilo Santana e Bolsonaro já trocaram outras farpas por situações envolvendo o Ceará
Em visita ao Estado, o presidente criticou o petista por regras de isolamento social
Em visita ao Ceará, nesta sexta-feira (13), o presidente Jair Bolsonaro criticou as regras de isolamento social decretadas por chefes dos Executivos estaduais, incluindo o governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Para Bolsonaro, as medidas são um "ato criminoso". Em contrapartida, o petista rebateu afirmando que "crime é ignorar a perda de mais de meio milhão de vidas".
Esta não é a primeira vez que os dois trocam acusações publicamente. Desde o início do mandato de Jair Bolsonaro à frente do Palácio do Planalto, em 2019, as 'farpas' foram trocadas pelos adversários políticos em diferentes situações.
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Episódios de críticas mútuas se sucederam em temas como o diálogo entre os Poderes, o motim de policiais militares no Ceará e, principalmente, a condução do enfrentamento à pandemia.
Relembre desentendimentos:
Fevereiro de 2021
Durante a visita de Bolsonaro ao Ceará, em fevereiro deste ano, ele e o governador já havia trocado ataques por causa do descumprimento de regras de isolamento. As críticas começaram ainda na véspera da visita do presidente aos municípios de Caucaia e Tianguá.
O governador avaliou a visita como "um grande equívoco" pela possibilidade de haver "muitas aglomerações" - que acabaram ocorrendo e que seriam "algo frontalmente contrário à contenção da pandemia".
O presidente rebateu: "Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que seu povo quer. Não me critiquem, vão para o meio do povo mesmo depois das eleições”, disse em referência às medidas de isolamento social.
Sem citar o presidente, Camilo respondeu, por meio das redes sociais, que “aqueles que debocham da ciência, ignoram a luta dos profissionais de saúde para salvar vidas, e, principalmente, desrespeitam a dor das milhares de famílias vítimas da Covid, receberão o justo julgamento”.
Junho de 2020
Camilo Santana decidiu não aceitar o convite para a solenidade que marcou a chegada das águas do Rio São Francisco ao Ceará, por meio da transposição. Esta foi a primeira visita de Bolsonaro ao Ceará desde que assumiu a presidência da República.
"Só após superarmos este grave momento de pandemia, que já atingiu mais de cem mil irmãos e irmãs cearenses, deverei voltar ao local da transposição, para ver de perto as águas do São Francisco já no nosso Cinturão das Águas, por onde seguirão para garantir segurança hídrica para a população cearense", disse o governador à época.
Maio de 2020
Camilo Santana foi um dos governadores que se posicionou contra decreto do governo federal que incluiu como atividades essenciais academias, salões de beleza e barbearias.
Bolsonaro criticou os gestores estaduais, dizendo que a decisão de não obedecer ao decreto "afronta o estado democrático e aflora o indesejável autoritarismo no Brasil". Os governadores se basearam, na época, em decisão do Supremo Tribunal Federal.
Fevereiro de 2020
Durante os 13 dias de motim dos policiais militares em fevereiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que era responsabilidade do Governo do Ceará dar solução para o problema "que é do seu estado".
"A gente espera que o Governo resolva o problema da Polícia Militar do Ceará e bote um ponto final nessa questão", disse.
Na época, ele também afirmou que a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) "não é para ficar eternamente atendendo um ou mais governadores". Apesar disso, ele renovou a GLO para reforçar a segurança do Estado durante a paralisação.
Na época, Camilo criticou apenas a "mistura de política com polícia" durante o motim. Em junho de 2021, em entrevista ao portal UOL, o governador disse que o discurso do presidente em relação às corporações policiais favorece posturas "ilegais".
"Aqui, até pela reação forte que tivemos, será mais difícil, porém o clima liderado pela maior autoridade do País favorece essas ações, como aconteceu aqui no Ceará e em Pernambuco. Acho que o discurso e forma como ele age favorecem isso", declarou.
Janeiro de 2019
Ainda nos primeiros dias de mandato de Jair Bolsonaro, ele se envolveu em troca de farpas com Camilo Santana, em meio à crise de segurança no Ceará, ocasionada por onda de ataques liderados por membros de facções criminosas.
Bolsonaro afirmou, no dia 4 de janeiro de 2019, que o envio da Força Nacional foi feito de forma "rápida e eficaz" apesar do governador ter "uma posição radical contra nós". Ele disse ainda que o apoio não foi enviado antes porque o pedido não havia sido oficializado pelo Palácio da Abolição.
Em resposta, Camilo afirmou que "a eleição já passou". "Os interesses da população do meu Estado sempre estarão acima de qualquer interesse pessoal ou partidário. Como homens públicos temos que ser maiores do que qualquer divergência”, rebateu o governador.