Nova fórmula, preços internacionais e impostos: entenda a alta no preço da gasolina

De acordo com especialista, mesmo com a elevação do preço, gasolina ainda é o combustível que apresenta maior vantagens para o consumidor

Escrito por Redação ,
Legenda: Mesmo apresentando o maior preço, a gasolina ainda é a que apresenta mais vantagens para o consumidor final
Foto: Daniel Aragão

O preço da gasolina sofreu alteração pela segunda vez em agosto. Nesta sexta-feira (21), o combustível apresentou elevação de 6%, os novos valores já estão em  vigor. De acordo com Bruno Iughetti, consultor na área de petróleo e gás, a entrada da nova gasolina no mercado é um dos grandes fatores para a alta nos preços. Mas não é só isso.

"Essa gasolina apresenta um custo adicional de 4%, então nisso realmente reside um dos fatores da gasolina estar com os preços aumentando para cima no mercado consumidor.  Outro fator que está influenciando é a desvalorização cambial e o aumento dos preços do petróleo cru no mercado internacional ", pontua.

Os novos padrões para a gasolina foram estabelecidos a partir de uma resolução da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicada no início deste ano. A resoluçãoestabelece que, a partir de 1º de janeiro de 2022, a gasolina deverá ter octanagem mínima de 93. A Petrobras, já está produzindo e comercializando o combustível com octanagem 93.

Segundo a própria Petrobras, a composição do preço do litro da gasolina envolve cinco elementos. Os de maior peso no valor final são a realização da Petrobras e o Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), ambos de 29%.

Mas ainda há a incidência de Cide (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) e PIS/Pasep (O Programa de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) no combustível, além de 13% para o custo do etanol anidro inserido na gasolina e mais 13% da distribuição e venda.

Iughetti ainda ressalta outros fatores que influenciam no preço da gasolina: a cotação no mercado internacional, a desvalorização cambial e a retomada das atividades econômicas no Estado.

Por que os valores subiram?

Além dos reajustes feitos pela Petrobras, o preço dos combustíveis também sofrem influência pela cotação dos preços no mercado internacional, a desvalorização do real e a inserção da nova gasolina, desde o dia 1 de agosto.

Para o consultor da área, no Ceará, a retomada das atividades também impactaram nessa alta. "O consumo que estava inibido nos primeiros meses da pandemia, com isso os veículos circulavam bem menos, os postos entraram numa crise muito forte em função da falta de consumo. Agora com a retomada e o retorno da circulação, os preços se elevaram também", comenta.

Como é feita a composição do preço da gasolina e do diesel?

De acordo com Iughetti, o grande vilão do preço destes dois combustíveis são os tributos federais e estaduais. Ele aponta que cerca de 48% do valor são referentes a carga tributária. No Ceará, cerca de 29% do preço da gasolina se refere ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o imposto pago no Estado é um dos mais "altos do Brasil".

"A carga tributária representada por esses 48%, no qual está embutido o ICMS, o PIS/Confins tem um efeito muito forte nos preços dos combustíveis. É quase metade do preço pago pelos consumidores. Basta extrair esses 48% dos tributos que a gente tem o preço real da gasolina, evidentemente embutido as margens do revendedor também", avalia.

O valor da gasolina pode aumentar mais?

Para o consultor, o preço do combustível não deverá sofrer elevações até o final deste ano. Ele avalia que os preços deverão oscilar de acordo com o "padrão" dos preços de hoje", já que o combustível chegou o "nível do equilíbrio".

Mesmo assim, ele avalia que tudo irá depender da variação cambial no mercado internacional. "No Brasil a gente tem que seguir o preço do mercado internacional, porque somos exportadores também. Sendo exportador, a gasolina que nos importamos tem que ter paridade com o mercado internacional", diz.

O que influencia no preço do diesel?

Além da carga tributária e o efeito internacional, o diesel também sofre interferência pela mistura com o biodiesel.  De acordo com Iughetti,  cerca de 12% de biodiesel é inserido no diesel e isso encarece o preço do combustível. Ele ressalta que o governo está avaliando a redução da mistura, de 12% para 10%, na tentativa de manter os preços equilibrados, já que esta composição afeta os preços do diesel para o consumidor final.

O diesel pode aumentar?

O consultor avalia que o preço do diesel está um patamar "praticado no mercado internacional", logo ele deverá se manter estável pelos próximos 60 dias. Após esse período, o valor do combustível poderá sofrer uma alteração tanto para uma elevação, como diminuição dos preços, tudo irá "depender do mercado internacional e da variação cambial". Independente de como essa o comportamento do combustível,  Iughetti avalia que a variação poderá girar em torno de 4% a 5%.

O etanol é uma possibilidade para o consumidor cearense?

Depende. Na análise de Iughetti, o etanol só se torna uma boa alternativa quando o valor do combustível na bomba está no "máximo a 70% do preço da gasolina". Caso o valor esteja superior a essa porcentagem, o combustível não apresenta vantagens para o consumidor. 

Qual o melhor combustível para utilizar?

Mesmo apresentando o maior preço, a gasolina ainda é a que apresenta mais vantagens para o consumidor final, pois apresenta menor taxa de consumo por quilômetro.  O consultor avalia que com a nova gasolina, o uso deste tipo de combustível se torna ainda melhor pela questão do desempenho.

No entanto, caso o valor do etanol hidratado estiver com um valor inferior aos 70% sobre oo preço da gasolina, também vale a pena abastecimento com o combustível, caso o contrário "não é um bom negócio".

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