Taxa de letalidade do paciente internado com Covid no Ceará é de 38,6%

Na segunda onda da pandemia no Estado, a cada 10 hospitalizados pela infecção, quase quatro morrem por complicações da doença. A taxa é menor se comparada à primeira onda, quando a média atingiu 49,6%

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
Legenda: Especialistas explicam fatores atuais que interferem para a redução da taxa no Estado
Foto: Camila Lima

A  taxa de letalidade de pacientes hospitalizados com a Covid-19 no Ceará é de 38,6% na segunda da pandemia. Ou seja, a cada 10 internações, quase quatro pessoas morrem em decorrência da infecção. O número é alto, mas se comparar com a taxa de letalidade desse público na primeira onda houve uma diminuição de 11 pontos percentuais, conforme mostram os dados disponibilizadaos no IntegraSUS. 

Do início da pandemia até 30 de setembro de 2020, quando é considerada a primeira onda da doença, a taxa de letalidade era 49,6% dentre os casos hospitalizados. De 1º de outubro do ano passado até essa segunda-feira (22), período que corresponde à segunda onda, a média chegou a  38,6%. A taxa de letalidade dos internados contando todo o período da pandemia é de 47,9%.

A taxa de letalidade relaciona o número de óbitos confirmados de Covid-19 pelo número de pessoas que foram acometidas pela doença. Esta relação nos dá idéia da gravidade do cenário, pois indica o percentual de pessoas que morreram de Covid e pode informar sobre as condições da rede de assistência hospitalar.

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Manejo dos pacientes

O médico emergencista Khalil Feitosa aponta três como principais fatores que podem ter ajudado na redução dos óbitos: conhecer mais a doença, saber como manejar melhor os pacientes e a aquisição de dispositivos não-invasivos.

De acordo com o profissional, que há um ano atua na linha de frente, saber o momento correto de internar os infectados também ajuda a salvar vidas. Em 2020, no início dos primeiros casos, os doentes demoravam mais tempo para procurar uma unidade de saúde. Agora, há um entendimento que preciso tratar no início dos sintomas.

Sobre a tecnologia utilizada para tratar os pcientes, Khalil cita o capacete elmo, cateter nasal de alto fluxo e a ventilação não-invasiva como trunfos que os profissionais da saúde fazem uso em pacientes internados com a Covid.

O conhecimento sobre as medicações utilizadas para cmobater a infecção causada pelo novo coronavírus também são apontadas pelo médico intensivistas. "Hoje, temos estabelecido como usar o corticoide, que até agora é a única droga que, comprovadamente, beneficia os pacientes internados. É a única droga indicada aos pacientes que internam e que altera a mortalidade da doença. Na primeira onda, quando estava no pico, se começou a usar esses corticoides, mas não estava ainda bem embasado na literatura o como utilizar". 

O infectologista Keny Colares concorda com o fator de, atualmente, os profissionais saberem acompanhar os pacientes de maneira mais eficaz. Keny destaca que quanto melhor o tratamento, menor a proporção de pacientes com complicações e que venham a óbito.

Perfil dos doentes mais jovens

Outra característica da segunda onda no Ceará que pode ter feito com que essa letalidade dos internados tenha reduzido é o perfil dos doentes. O infectologista ressalta que os infectados são pessoas mais jovens e sem comorbidades. "Uma das possibilidades é a doença ter predominado em pessoas mais jovens do que ano passado, então atravessam a doença sem o óbito. Isso explica em parte o fenômeno".

Outras possibilidades também podem ser consideradas, ponta Kenny, como a ampliação da testagem que consideraria um universo maior de pessoas infectadas. "Quando se amplia a testagem, cai a letalidade. Pode ainda acontecer da curva de óbitos estar atrasada com relação aos casos", pontuou

Infectados

Na manhã desta seguunuda-feira (22), o Ceará atingiu a marca de 511.019 cass confirmados de Covid-19. São 12.870 óbitos.  353.918 pessoas infectadas se recuperaram da doença. A taxa de letalidade geral, não só os casos hospitalizados, é de 2,5%. 

Dentre os que não resistem às complicações da doença, 42% são pacientes com alguma comorbidade, e com média de idade de 70 anos.

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