Litoral do Ceará terá monitoramento colaborativo realizado por meio de aplicativo de celular

A partir de fotos enviadas por moradores e turistas, cientistas ambientais poderão acompanhar o cenário das praias cearenses, avaliando questões como erosão e avanço do mar

Escrito por Redação ,
Legenda: O monitoramento comunitário do litoral será realizado por meio de fotografias compartilhadas nas redes sociais, como Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp e até e-mail
Foto: Arquivo pessoal

Como forma de possibilitar um monitoramento mais barato e acessível dos 573 km de costa do litoral cearense, o Projeto CoastSnap Ceará, busca realizar o registro das praias locais de forma remota e comunitária. Com a contribuição de fotos tiradas por moradores e turistas em mais de 20 municípios, o aplicativo irá transformar as imagens em dados costeiros, a fim de prever impactos como erosão de falésias.

O Projeto CoastSnap Ceará será lançado de forma oficial nesta sexta-feira (18), às 9h, na praia do Pacheco, em Caucaia (CE), com a presença do secretário estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno. O evento irá inaugurar a primeira base fixa do projeto para fotografarem a faixa de praia e compartilharem as imagens pelas redes sociais.

As imagens registradas pelos usuários da praia permitirão medir a variação da largura, a inclinação da praia e o alcance máximo do espraio das ondas.
Davis de Paula
Professor de Geografia

A participação é simples, sendo necessário somente compartilhar imagens nas redes sociais com a hashtag #CoastSnapCeará. A partir disso, com as fotografias compiladas será possível compreender a mudança da costa ao longo do tempo e mapear as áreas de risco ao longo do litoral, explica o professor de geografia da Universidade Estadual do Ceará, Davis de Paula.

Impactos ambientais 

O também integrante do programa Cientista Chefe Meio Ambiente, acrescenta que as fotos enviadas pelos usuários servirão para avaliar e prever impactos costeiros, como a erosão de praias e falésias. Com isso, poderá ver os locais em que há possibilidade de queda de blocos e estruturas urbanas, como ocorre na Praia do Pacheco (Caucaia-CE). 

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Atualmente, o trabalho de acompanhamento da costa tem sido realizado principalmente pelas universidades, com projetos associados a laboratórios ou trabalhos de iniciação científica, de conclusão de curso, ou mesmo dissertações de mestrado e teses de doutorado. 

No entanto, o geógrafo doutor em Ciências Marinhas Tropicais, Eduardo Lacerda Barros, aponta que esses acompanhamentos costumam ser temporários e quase sempre em uma praia específica. Com o projeto, ele acredita que será possível unir as universidades com os municípios costeiros, criando uma rotina dessa atividade. 

Precisa criar esse caráter de monitoramento de médio a longo prazo. Somente monitorando a gente consegue dados para auxiliar na tomada de decisão para poder conter ou mitigar o problema de erosão costeira.
Eduardo Lacerda Barros
Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente

Relevância social do projeto

Para além do mapeamento, a ideia também aproxima os cearenses e turistas à produção científica, integrando o grupo ao fazer coletivo de pesquisa. “O impacto é muito interessante, porque isso gera a ciência cidadã. Nós vamos ter um banco de dados fantástico e algumas pessoas vão entender a função das ciências para elaborar políticas públicas de qualidade”, aponta o professor Marcelo Soares. 

O pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da UFC e Cientista-Chefe de Meio Ambiente (FUNCAP/SEMA/SEMACE) coloca que o primeiro teste está sendo realizado em Caucaia, na Região Metropolitana Fortaleza, mas logo devem ampliar as bases informativas do projeto. 

A ideia é colocar essa estação em vários cantos ao longo do litoral do Ceará, porque os turistas e cearenses, poderão bater as fotos, e a gente vai monitorar todo o litoral do Ceará com um custo baixíssimo e ainda com as pessoas fazendo ciência.
Marcelo Soares
Cientista-Chefe Meio Ambiente

O projeto foi criado na Austrália, em 2017, através de uma parceria entre a University of New South Wales (UNSW) e o Northern Beach Council. Após a implantação, a iniciativa foi ampliada para outros continentes, formando uma rede global comunitária de monitoramento das zonas costeiras. 

Legenda: Usuários também podem apontar a câmera do celular para os QR Codes presentes nas placas no litoral e ver ter acesso ao contato com a equipe.
Foto: Arquivo pessoal

Parcerias realizadas

A iniciativa é realizada juntamnete com o Water Research Lab, da University of New South Wales, Austrália; Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica (LGCO) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG), do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O projeto também conta com apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e financiamento da Secretaria do Meio Ambiente (Sema).  

Além disso, o trabalho está integrado aos projetos “Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará (PCM)”, coordenado pelo pesquisador Eduardo Lacerda Barros, e “Sistemas de Informações Geográficas (SIG) Ambiental do Ceará”, que tem como responsável o cientista Renan Gonçalves Pinheiro Guerra.

 

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