De janeiro a agosto de 2021, Fortaleza registrou mais de 3 incêndios em imóveis por dia
No período, a CIOPS somou 779 ocorrências em edificações da Capital. Em igual período do ano passado, foram 753
Fortaleza registrou 779 incêndios nos primeiros oito meses de 2021. O número corresponde a uma média de 97,3 incêndios por mês ou pouco mais de três a cada dia.
Em relação a igual período do ano passado, quando a Capital somou 753 sinistros a imóveis, houve um acréscimo de 26 ocorrências atendidas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS).
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Percentualmente, o aumento foi de 3,45%, conforme dados disponibilizados pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp/CE) ao Diário do Nordeste. O órgão é vinculado à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS/CE).
Os registros englobam não somente imóveis residenciais, mas ainda estabelecimentos comerciais e edificações em geral.
Abril foi o mês que concentrou o maior número (114) de incêndios em todo o ano de 2021. Se comparado ao total (81) anotado em abril de 2020, houve um aumento de 40,74% nas avarias a imóveis da Capital. Já o mês com menos ocorrências este ano foi fevereiro (74). No segundo mês de 2020, foram 92, portanto, 18 a mais.
Para evitar o aumento de incêndios em edificações, é necessário se precaver diariamente, alerta o tenente Waldomiro Loreto, do Corpo de Bombeiros. Dentre as providências, elenca como necessário:
- Realizar manutenção das instalações elétricas, sobretudo, se forem antigas. Isso diminui os riscos de curto-circuito;
- Evitar o uso de equipamentos ligados nas chamadas tomadas T de energia. O uso pode sobrecarregar o circuito;
- Evitar acender velas para fazer orações em locais próximos a móveis ou objetos inflamáveis. O ideal é procurar um local isolado do imóvel;
- Sempre que possível, deixar os equipamentos desligados da tomada;
- Se ficar mais de um dia fora de casa, é indicado fechar as portas de todos os cômodos. Com a "compartimentação do incêndio", caso ocorra, as chamas e fumaça ficarão concentradas em um único local.
Ocorrência no TJCE
O incêndio na sede do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), debelado na manhã desta segunda-feira (6) no Centro Administrativo do Cambeba, em Fortaleza, entrará para as estatísticas de setembro.
O incêndio de grandes proporções tomou três andares do TJSE, mas segundo o órgão, dois policiais que realizavam a segurança do prédio ficaram somente "levemente feridos, com pequenas escoriações".
Segundo o governador Camilo Santana, as chamas também não comprometeram a integridade dos processos arquivados no órgão. Devido ao risco de desabamento, o prédio foi interditado pela Defesa Civil de Fortaleza.
Embora o TJCE tenha sido alvo de um incêndio de "enorme impacto", pois a edificação foi atingida por completo, não se tratou de uma ocorrência de "alta relevância" para a Defesa Civil, afirma o coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil de Fortaleza, Regis Tavares.
"É uma edificação institucional, não é residencial, não atingiu pessoas, não feriu ninguém, não vai desabrigar ninguém porque ninguém mora no prédio. Pra Defesa Civil, felizmente, não houve consequências mais graves. As pessoas passaram incólumes à ocorrência, o que é o mais importante pra gente".
Incêndios em vegetação saltam no Ceará
Somente em agosto de 2021, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) atendeu a um total de 2.018 ocorrências de incêndios em todo o Estado. Destes, 1.581 - ou 78,34% - ocorreram em vegetação e monturo (lixo).
Cabe ressaltar que essas quase 1.600 ocorrências registradas no mês passado superam o total (1.321) anotado em todo o primeiro semestre deste ano, com 260 incêndios a mais em vegetações e monturos. O número de incêndios em janeiro a junho de 2021, ainda assim, foi 300% superior ao anotado em igual período do ano passado.
De acordo com o tenente Waldomiro Loreto, o pico de incêndios em lixos e vegetação em agosto pode ser justificado pelo próprio período meteorológico no Ceará.
No segundo semestre, é comum a ausência de chuvas no Estado e o consequente aumento da temperatura, somado à baixa umidade relativa do ar. A força dos ventos também é maior.
"A partir de julho, começa a haver secura da vegetação e aumenta o risco de fogo. É por isso que a gente vê esse aumento exponencial [de incêndios] nesse período. E ainda não chegamos no mês mais seco, que é outubro. A tendência é [o número de ocorrências] aumentar até outubro, quando chegaremos mesmo no pico", estima o tenente.
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Segundo ele, o aumento dos incêndios em vegetação também reflete o desequilíbrio ecológico, a nível global. "Estamos vivendo um aquecimento global, um desmatamento desenfrado. Está tendo menos chuva, crise hídrica, vegetação secando mais, ficando mais propensa a fogo e, automaticamente, as condições meteorológicas são cada vez mais desfavoráveis".
Para evitar queimadas em vegetações e lixos, o tenente orienta a população a evitar fazer queimadas controladas, sobretudo nos horários mais quentes do dia. Outra providência importante, diz ele, é proteger o terreno durante as atividades agropastoris, usando solo mineral para evitar que um possível incêndio se propague e atinja reservas, florestas e quaisquer outras áreas de vegetação.