Covid e influenza: qual o protocolo atual e quanto deve durar o isolamento do paciente em cada caso?
O número de trabalhadores afastados com Covid e o efeito econômico motivam redução no isolamento. Mas, da perspectiva científica, o recuo não é consenso
O aumento veloz de casos de Covid e, em paralelo, os de influenza - causada pela variante H3N2 -, tem gerado, dentre outros efeitos, o desfalque de profissionais nos postos de trabalho. Muitas vezes, essas pessoas atuam em atividades essenciais. Diante, sobretudo, desse cenário, autoridades sanitárias têm reduzido o tempo de isolamento. No Brasil, essa semana, o Ministério da Saúde publicou a revisão desses prazos para as ocorrências de Covid.
No decorrer da pandemia, a necessidade de isolamento domiciliar já foi estabelecida em 14 dias no país.
Atualmente, há tempos distintos de afastamento recomendados pelo Ministério da Saúde para cada condição. Na segunda-feira (10), o Governo Federal anunciou o novo protocolo. Confira:
- Isolamento de 5 dias: pessoas sem sintomas respiratórios, sem febre e sem uso de remédios antitérmicos há pelo menos 24 horas. Devem realizar a testagem no 5º dia com exames RT-PCR ou Teste Rápido de Antígeno (TR-Ag). Se o resultado for negativo, podem sair do isolamento. Se for positivo ainda, devem manter o isolamento até o 10º dia a contar do início dos sintomas.
- Isolamento de 7 dias: pessoas sem sintomas respiratórios, sem febre e sem uso de medicamentos antitérmicos há pelo menos 24 horas. Nesse caso não é necessário realizar a testagem para sair do isolamento. Mas, quem no 7º dia ainda estiver com sintomas, é preciso realizar a testagem.
- Isolamento de 10 dias: Pessoas que não realizaram a testagem até o 10º dia, mas estiverem sem sintomas respiratórios e febre, e sem o uso de antitérmico, há pelo menos 24 horas, poderão sair do isolamento ao fim do 10º dia. Nesse caso, não é necessário testar para sair do isolamento.
Em todas as situações em que o isolamento for encerrado no 5º ou no 7º dia, orienta o protocolo do Ministério da Saúde, as pessoas devem manter as medidas adicionais até o 10º dia.
Dentre recomendações estão: a manutenção do uso de máscaras adequadas, evitar contato com pessoas imunocomprometidas ou que tenham fatores de risco para agravamento da Covid, e não frequentar locais onde não possa usar máscara durante todo o tempo, como restaurantes e bares.
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Nos Estados Unidos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) reduziram o tempo de isolamento recomendado de 10 para 5 dias para pessoas assintomáticas após teste positivo para a Covid-19. Contudo, ainda não há consenso, nem uma base científica robusta, que defenda a redução do isolamento para 7 ou 5 dias.
O que deve ser considerado para definir os dias de isolamento?
O isolamento adotado na pandemia de Covid separa as pessoas infectadas das não infectadas em um tempo específico, chamado de “período de transmissibilidade da doença”, quando, segundo o Ministério da Saúde “é possível transmitir o patógeno em condições de infectar outra pessoa.
A médica de família e professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Magda Almeida, explica que o isolamento depende da carga viral.
“Cada doença, cada gripe, tem o seu tempo de pico de excreção dos vírus. Quando eu tenho a carga viral muito alta, eu transmito mais. Eu tenho a possibilidade de contaminar mais pessoas. E o que a gente tem visto é que esse pico de transmissão (da Covid) depende da variante. As variantes se comportam de forma diferente".
De acordo com ela, estudos científicos têm indicado que “a maior parte das pessoas continua com o ciclo de eliminação do vírus entre o terceiro e o sétimo dia. Por isso, o exame é mais sensível do terceiro ao sétimo dia”, explica.
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No caso do isolamento, orienta ela, “manter até o décimo dia é o mais seguro”.
“É quando realmente a pessoa está com a carga viral bem mais baixa e a possibilidade dela transmitir é bem menor. Isso não quer dizer que todo mundo vai ser assim. É uma média. Tem pessoas que passam mais tempo transmitindo. Mas isso é uma média. Um padrão. O isolamento básico e mais seguro é o de 10 dias.”
Magda reforça que quando a pessoa está assintomática, ela tem a carga viral mais baixa e elimina menos vírus. “Por isso que existe essa diferença na liberação”, afirma.
Na segunda-feira (10), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) também se manifestou sobre o assunto. A orientação é de isolamento de 7 dias para pacientes sem febre nas últimas 24 horas e com melhoras dos sintomas. Para aqueles que continuam sintomáticos no 7º dia, o isolamento deve ser mantido por 10 dias.
No caso da influenza, qual a orientação?
Para a influenza não há um protocolo estabelecido relativo aos dias de isolamento. Autoridades sanitárias recomendam que:
- Isolamento de 7 dias: em linhas gerais, pacientes com sintomas como febre, tosse, coriza, dor de garganta, devem passar por um isolamento de sete dias para evitar contaminar outras pessoas.
A incubação do vírus, nos casos de H3N2 é de três a cinco dias e o período de maior transmissão é de 7 dias. Mas, também é possível que uma pessoa tenha a doença de forma assintomática, e não apresente nenhuma reação.
Conforme Magda, “a influenza é menos problemática, mas não quer dizer que não seja grave”. O tempo dos sintomas, explica ela, é geralmente de 7 a 10 dias. “Se tiver sem sintomas, pode sair mais cedo. Mas no caso da influenza não precisa fazer exames”, orienta.