42 bairros da Capital têm mais casos de Covid na segunda onda do que no primeiro momento da epidemia

Embora na segunda onda da epidemia haja mais conhecimento sobre as forma de prevenção, a incidência da doença tem sido mais alta em alguns territórios de Fortaleza

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
casos covid fortaleza
Foto: Helene Santos

Se no começo da pandemia do novo coronavírus a sensação era de total desconhecimento e isso afetou um combate mais rápido à crise sanitária, atualmente, o contexto é de avanço em relação ao que se sabe e é possível fazer para prevenir a doença. Mas, na realidade, devido a múltiplos fatores, a chamada segunda onda epidêmica, vivenciada em Fortaleza desde o início de outubro, embora ocorra em um cenário de maior preparo tanto da ciência, quanto da população em geral, tem sido marcada por uma crescente incidência de novos casos.  

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Em Fortaleza, conforme levantamento feito pelo Diário do Nordeste, com base nos boletins epidemiológicos da Prefeitura (cuja publicação é semanal, sendo a mais recente a do dia 12 de fevereiro), 42 dos 121 bairros, atualmente, já têm mais casos de Covid registrados na segunda onda do que no primeiro ciclo da epidemia. 

Não há um dia preciso no qual pode-se dizer que ali teve início a segunda onda da Covid na Capital, contudo, boletins epidemiológicos da Prefeitura consideram que "o recrudescimento do número de casos iniciado no início do mês de outubro, indicam  uma segunda fase ou onda do ciclo epidêmico". 

Desse forma, o balanço dos casos feito pelo Diário do Nordeste  tem como parâmetro que a primeira onda da epidemia na Capital ocorreu de março (registro oficial dos primeiros casos) até o final de setembro, e a segunda começou em outubro de 2020 e perdura até o atual momento.  Os registros de contaminação crescem gradativamente na cidade. 

Lista

Dos 121 bairros da cidade, os 42 listados a seguir têm mais casos de contaminados de outubro em diante, do que de março ao final de setembro:  

  • Cidade 2000
  • Itaperi
  • Messejana 
  • Guararapes
  • Parque Manibura
  • Boa Vista
  • Parque Presidente Vargas
  • Cajazeiras
  • Praia do Futuro I 
  • Paupina 
  • Parque Dois Irmãos
  • Bom Futuro
  • Guajeru 
  • Cambeba 
  • Dendê
  • Centro
  • Coaçu
  • Itaoca 
  • Joaquim Távora
  • Jangurussu
  • Praia de Iracema
  • Aldeota
  • Olavo Oliveira
  • Curió
  • José de Alencar
  • Prefeito José Walter
  • Sabiaguaba 
  • Alto da Balança
  • Demócrito Rocha 
  • Cocó
  • Parreão 
  • Ellery
  • Damas
  • Mondubim
  • Luciano Cavalcante 
  • Montese 
  • Maraponga
  • De Lourdes
  • Sapiranga/Coite
  • Edson Queiroz
  • Serrinha 
  • Meireles

Os números de contaminações contabilizadas na primeira e na segunda onda (em curso), são diversos em cada bairro. Mas dentre os 43 que têm essa situação de maior incidência no segundo momento, dois se destacam negativamente:  a Cidade 2000 já registrou quase o triplo de casos, e o Itaperi o dobro

O incremento acelerado das novas infecções por Covid, sobretudo nas últimas semanas, pode ser explicado por diversos fatores, como: uma possível maior transmissibilidade das novas variantes do coronavírus em circulação na Capital, a exemplo da detectada inicialmente em Manaus e constatada em Fortaleza recentemente; maior relaxamento no cumprimento das medidas de prevenção e serem ainda efeitos dos eventos disseminadores como as festas de fim de ano. 

Profissionais reforçam necessidade de cuidados

A titular da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite, reforça que na primeira onda “a população estava muito mais temerosa do que podia acontecer. Muito em isolamento”. No entanto, agora, acrescenta ela “a população está cansada e, por isso, temos que reforçar as medidas”.  A secretária enfatiza que o momento é de muita cautela e alerta.

O médico e presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, Guilherme Henn, explica que “A incidência de casos de Covid na segunda onda é algo multifatorial que devem está concorrendo para justificar esse número tão grande de casos. O primeiro é que, de fato, temos visto as pessoas ignorando as medidas de distanciamento social, tem muita gente realmente brincando com fogo. Coisa que não víamos tanto na primeira onda. Hoje, as pessoas estão saindo, trabalhando, se aglomerando”. 

Além disso, informa ele, “outro fator que pode influenciar é a maior transmissibilidade de outras variantes que já circulam por aqui. Isso é teórico ainda. Sabemos que potencialmente o poder de transmissibilidade tende a ser maior do que a cepa original.”. O médico ressalta que, mesmo com o processo de vacinação em curso, “é preciso manter as medidas de prevenção. Não podemos relaxar as medidas porque a guerra continua”.