Ceará registra três primeiros casos confirmados da nova variante do coronavírus
Dois casos confirmados são relacionados a viajantes. O terceiro é de uma pessoa residente no Ceará, provavelmente indicando transmissão comunitária no Estado
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou, na tarde desta segunda-feira (8), que o Estado registrou os três primeiros casos confirmados da nova variante do coronavírus oriunda de Manaus, no Amazonas. Outras 90 notificações de casos suspeitos estão sendo analisadas.
De acordo com a pasta, em análises realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Ceará e no Amazonas foram detectadas no Estado, por meio de sequenciamento total, três amostras com genoma específico da linhagem do novo vírus.
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A Sesa informou que dois casos confirmados são relacionados a viajantes. O terceiro se refere a contactante (pessoa residente no Ceará), provavelmente já caracterizando transmissão comunitária no Estado.
Em vídeo divulgado pela secretaria, o titular da pasta, Carlos Roberto Martins, o Dr. Cabeto, ressaltou que a identificação dos primeiros casos "chama atenção principalmente para o maior cuidado da população" - especialmente pelo indicativo de transmissão comunitária da variante. "Estamos diante de uma realidade epidemiológica bem diferente", pontuou.
"Nós não sabemos ao certo ainda se essa mutação faz com que os casos fiquem mais graves, se o perfil da doença está mudando. Me parece que tem, sim, influências na apresentação clínica da população acometida, e até interferência da eficácia da vacina, como vimos que aconteceu na África do Sul. No entanto, é preciso de ainda mais tempo para que a gente possa analisar", ponderou.
"É importante, mais uma vez, preservarmos os cuidados de termos mais restrições. Obedecer ao uso de máscara, não aglomerar, e principalmente, criar o movimento solidário de cuidar da vida do outro", alertou o secretário.
Assista ao alerta do secretário da Saúde:
Perfil
Segundo a Sesa, os três pacientes com confirmação do novo vírus são homens, com mais de 60 anos, internados em hospitais particulares de Fortaleza. Além deles, Sesa e Fiocruz ainda analisam outras 90 notificações de casos suspeitos.
Também conforme a Sesa, não há cronologia nas amostras confirmadas - ou seja, os três pacientes não necessariamente são os primeiros a se infectar com a nova variante do vírus. Entre os suspeitos, 68,8% são viajantes e 31,2%, contactantes.
A pasta explicou que, como parte dos esforços do Estado, um fluxo de rastreio, triagem, diagnóstico e encaminhamento de amostras representativas com suspeita de conter a nova variante do vírus foi formalmente constituído em parcerias estabelecidas entre órgãos da Sesa, como o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), e a Rede Genômica Fiocruz, representada pela Fiocruz-CE e Fiocruz-AM, o que tem permitido a caracterização genômica de novas variantes.
Orientações para viajantes
Aos viajantes oriundos de Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Roraima, Pará e Sergipe, a Sesa recomenda realizar quarentena de 14 dias após o dia da chegada no Ceará, com monitoramento sobre surgimento de sintomas. Nesses estados foi detectada a presença de novas variantes.
Caso o viajante apresente sintomas que sugiram doença respiratória aguda durante ou após a viagem, deve procurar atendimento médico e compartilhar o histórico de viagens com o profissional.
Também são consideradas áreas de risco com circulação de novas variantes: Argentina, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos da América, Jamaica, México, Peru, Japão, Reino Unido, África do Sul e República Dominicana, assim como outros países que venham a confirmar circulação.
Além da notificação de casos suspeitos e imediato tratamento dos pacientes, o monitoramento das novas cepas busca compreender as implicações das mutações nas propriedades do vírus e seu potencial impacto no incremento da transmissão o vírus, aumento das taxas de reinfecção e impacto na efetividade das intervenções, incluindo vacinas.