Macaúba: o que é e para que serve

Ela é uma palmeira oleaginosa cujo principal uso do fruto destina-se para a extração do óleo

Escrito por Redação ,
Macauba
Legenda: A macaúba, cujo nome científico é Acrocomia aculeata, é conhecida também como macaíba, bocaiúva, dendê mineiro, entre outros
Foto: Shutterstock

A macaúba é uma palmeira oleaginosa que pode crescer até 20 metros e é nativa das savanas, cerrados e florestas abertas da América Tropical. O principal uso do fruto da macaúba destina-se para extração do óleo, tanto da polpa, como da amêndoa.

A engenheira agrônoma, Maria Antonia Barbosa*, explica que a macaúba pode ser considerada o “ouro verde” do Brasil.

“Consideramos ‘ouro’ por ser uma rica fonte de óleo e uma espécie genuinamente da flora brasileira. Verde por ser de origem vegetal. E diante de todos os atributos observados nessa palmeira, entendemos que se trata de uma nova cultura que irá incrementar a cadeia produtiva de óleos vegetais e bioenergia, além de ser incorporada em áreas com solos degradados ou em recuperação, tornando-se um cultivo altamente sustentável”. 

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O que é macaúba?

A macaúba, cujo nome científico é Acrocomia aculeata, é conhecida também como macaíba, bocaiúva, dendê mineiro, entre outros nomes populares. É uma palmeira oleaginosa que pode crescer até 20 metros, possui folhas pinadas com comprimento que varia de 3 a 5 metros.

As inflorescências são de cor amarela e posteriormente dão origem aos cachos de frutos que podem medir até 130 cm. Cada cacho pode produzir até 500 frutos, mas isso varia entre cachos e entre plantas.

Uma das principais características que distingue a macaúba de outras palmeiras é a presença de espinhos ao longo do estipe, folhas, cacho e inflorescência. É considerada uma palmeira de alto rendimento de óleo, com produtividade média de até 6000 litros de óleo por hectare, cerca de dez vezes mais que a produção de óleo da soja.

Qual a origem da macaúba?

A macaúba é nativa das savanas, cerrados e florestas abertas da América Tropical. Possui ampla distribuição geográfica, com ocorrência natural desde o México até a Argentina, passando por Antilhas, Costa Rica, Paraguai e Brasil, os países de maior abundância.

Em solo brasileiro, a maior concentração de maciços de macaúba é encontrada no estado de Minas Gerais e é considerada a palmeira de maior dispersão, com ocorrência natural em quatro biomas: Cerrado, Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Pantanal.

Pode comer macaúba?

No caso do fruto, ele pode ser consumido de forma in natura como uma rica fonte de fibras, proteínas, lipídeos e carboidratos. Além disso, vem sendo utilizado na confecção de farinha para uso em receitas, como bolos e tortas.

O principal uso na alimentação vem do consumo dos óleos, tanto da polpa, como da amêndoa.  A composição do óleo da polpa é comparada ao azeite de oliva, com elevado teor de ácido oleico. Já o óleo da amêndoa é rico em ácido láurico, um importante ácido graxo que pode contribuir para elevar o nível de HDL, chamado de colesterol bom.

Qual a forma de comer a macaúba?

O óleo da polpa e amêndoa pode ser usado em saladas, cozimento e frituras de alimentos. Já a farinha obtida da polpa pode ser consumida in natura, porém, é mais comum na fabricação de bolos, tortas e sorvetes.

Para que serve a macaúba?

O principal uso do fruto destina-se para extração do óleo, que pode ser obtido tanto da polpa, parte amarela do fruto, quanto da amêndoa ou coquinho. Esses dois tipos de óleos são considerados comestíveis, com sua composição elevada de ácidos graxos insaturados, consagrando-o como óleo de alta qualidade, semelhante ao óleo de palma. 

A macaúba, no entanto, vem sendo estudada com foco principal para produção de biodiesel a partir do óleo do mesocarpo (polpa amarela). Com os resíduos da extração do óleo, são gerados subprodutos como:

  • “Torta”, considerada uma rica fonte de proteína para alimentação animal; 
  • Carvão obtido da queima do endocarpo (parte mais rígida do fruto e rica em carbono) que pode ser usado para abastecer caldeiras e gerar energia;
  • Produção de sabão por populações locais ou pequenos produtores que obtém o fruto de forma extrativista;
  • Produtos mais nobres na indústria farmacêutica, com uso terapêutico e anti-inflamatório, e cosmética como shampoos, cremes, óleos, etc.

Porém, segundo a especialista, há inúmeras outras aplicações, tais como no artesanato, uso da madeira em construções, entre outros.

A macaúba é encontrada no Ceará?

Em Minas Gerais, a macaúba tem recebido especial atenção das instituições de pesquisa e empresas privadas por ser encontrada em grande abundância e amplamente dispersa em vários locais do estado. No caso do Ceará, ela também é encontrada, porém, em menor proporção. 

Macaúba e tucumã são a mesma coisa?

Não. Apesar de serem frutos muito parecidos, trata-se de espécies diferentes: Tucumã corresponde a espécie Astrocaryum aculeatum, já a macaúba é Acrocomia aculeata.

Uma maneira fácil de distinguir as duas espécies é pelo formato dos frutos e copa das plantas. O fruto da macaúba tem formato arredondado, enquanto que o do tucumã é mais alongado. A macaúba frequentemente possui folhas secas que permanecem penduradas e depois caem, enquanto que no tucumã isso não é observado.

* Maria Antonia Barbosa é engenheira agrônoma, professora do curso de Agronomia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), doutora em Fitotecnia e especialista em fisiologia do estresse em plantas cultivadas.

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