‘Tragédia nacional’: Para Drauzio Varella, desigualdade social agrava coronavírus no Brasil
O médico ainda comenta sobre os impactos negativos na vida pessoal, aos quais todos estão sujeitos em um cenário de livre propagação do vírus
Antes otimista a respeito do novo coronavírus, Drauzio Varella, de 77 anos, agora, considerando as proporções que a pandemia tomou no Brasil, tem opiniões bem diferentes das do começo deste ano.
Em entrevista à BBC News Brasil, o médico faz previsões pessimistas sobre os impactos da pandemia na vida em sociedade.
Para ele, a desigualdade social brasileira é um agravante para o avanço da doença no país. "Enquanto tivermos essa disseminação em lugares impróprios para a vida humana, você não se livra do vírus. E é esse vírus que ameaça a todos, o tempo inteiro", explica.
Agora é que nós vamos pagar o preço por essa desigualdade social com a qual nós convivemos por décadas e décadas, aceitando como uma coisa praticamente natural. Agora vem a conta a pagar.
Drauzio ainda comenta sobre os impactos negativos na vida pessoal, aos quais todos estão sujeitos em um cenário de livre propagação do vírus. "Acho que o sofrimento é uma pressão para o aprendizado. Todos nós vamos perder amigos, muitos vão perder pessoas da família, e isso vai nos ensinar que não é possível viver como nós vivíamos até aqui."
Por ser uma doença nova e ainda não existir vacina ou tratamento específico para erradicá-la, o médico comenta que, o seu sintoma mais grave - falta de ar - é também o mais difícil de conter.
"Não é que você volta para casa, sofre um pouco e passa. Não, falta de ar é o pior sintoma que existe. Porque se você tem dor, toma analgésico, você tem tosse, tem jeito de bloquear. Agora ter falta de ar é uma morte horrível. Horrível.”
Combate ao coronavírus
Além de defender fortemente o isolamento social e a higienização das mãos como medidas para a conter a propagação do novo vírus, Drauzio Varella faz parte de iniciativa de combate à pandemia.
O médico integra o grupo "Todos pela Saúde", criado para decidir os rumos da doação de R$ 1 bilhão feita pelo Itaú Unibanco contra o coronavírus.