"Por que fizeram isso com a minha filha?", diz mãe de mulher morta em casa durante operação na Penha
Cabeleireira Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, deixa um filho de 17 anos
A cabeleireira Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, está entre as vítimas da operação policial que deixou, pelo menos, 25 pessoas mortas, nessa terça-feira (24), na Penha, no Rio de Janeiro. Moradora do bairro vizinho, o Chatuba, a mulher foi atingida dentro de casa por um tiro de longo alcance, conforme apuração do jornal Extra.
A polícia alega não ter tido atuação de agentes naquela região. Durante o velório da vítima, inconformada, a mãe dela, Divone Ferreira da Cunha, de 72 anos, lastimava a perda.
“Por que fizeram isso com a minha filha? Por quê? Eu te amo muito”, dizia, enquanto era consolada pelo neto.
Gabrielle deixou um filho de 17 anos. Um dia antes da tragédia, o jovem havia viajado para a casa da avó, no interior do Rio.
“Eu estava em Petrópolis. A minha filha morava nesse lugar com o filho dela. Mandaram uma mensagem para ele. Até hoje não quero saber de onde veio a bala. O que não deveria acontecer, aconteceu, que foi a minha filha morrer. Agora, estou aqui enterrando ela”, relatou Divone, em entrevista ao Extra.
Gabrielle e o filho moravam em Chatuba há poucos meses. Conforme a família relatou o jornal, ela era de Petrópolis e estava no Rio de Janeiro há 18 anos. A cabeleireira teria se mudado para a capital carioca após engravidar, com o objetivo de buscar melhores condições financeiras.
"A minha filha era uma pessoa autêntica. Não deixava de resolver seus problemas. Uma pessoa que não negava a cor. Ela tinha sangue de baiana. Pessoa amorosa, alegre, feliz", disse Divone.
O velório ocorreu nessa quarta-feira (25), na presença apenas de familiares, no Cemitério São Francisco Xavier, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.
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Operação na Penha
Segundo a polícia, o objetivo da operação era prender chefes de uma facção que estavam escondidos na comunidade Vila Cruzeiro, na Penha, no Rio de Janeiro. A polícia afirma que lideranças da organização criminosa em outras favelas do Rio e até de estados do Norte e do Nordeste também estão abrigados lá.
Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) alegam terem sido atacados a tiros quando iniciavam uma “operação emergencial” na comunidade, conforme a PM.