Monique demorou quase três horas para chegar em casa quando a babá relatou agressões a Henry Borel
A mãe tinha ido para a academia e fazer as unhas em um salão de beleza, de acordo com o depoimento de Thayná
A babá do menino Henry Borel, Thayná de Oliveira Ferreira, relatou à Polícia Civil que a mãe do garoto, Monique Medeiros, demorou cerca de três horas para chegar em casa no dia de uma das agressões que a criança sofreu pelo padrasto, o vereador Dr. Jairinho (sem partido). As informações são do G1 e do RJ2, da TV Globo.
De acordo com a funcionária, ela contou à mãe do menino, pelo menos, três episódios de agressões que ele sofreu. O laudo apontou que a morte do garoto, no dia 8 de março, foi causada por "hemorragia interna" e "laceração hepática" (lesão no fígado), produzidas por uma "ação contundente" (violenta). A criança tinha 23 lesões e hematomas pelo corpo.
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Academia e salão de beleza
No dia 12 de fevereiro, Monique, ciente dos maus tratos que aconteciam na ocasião, afirmou à Thayná que estava a cinco minutos de casa, na Barra da Tijuca, mas ficou mais de três horas em um salão de beleza, segundo a Polícia Civil.
Também na mesma data, prosseguiu a babá no depoimento, a mãe de Henry saiu de casa às 14h30 para ir à academia e fazer as unhas. Ela disse que Dr. Jairinho chegou de surpresa ao Condomínio Majestic às 15h30.
Ainda conforme Thayná, o vereador foi para o quarto do casal e chamou o menino. Logo após, relembra a funcionária, escutou o garoto chamando-a: "ô, tia!".
Chegando perto da porta do quarto do casal, a babá notou que a porta estava fechada e que o volume da TV estava muito alto, acima do normal.
Na sequência, quando Henry saiu do cômodo, ela teria ligado para Monique e contado o que havia acontecido, baseada nos relatos dele: "chutes" e "bandas" dados pelo padrasto. Em um aplicativo de mensagens, mostrou em um vídeo que ele estava mancando.
Chamada de vídeo
Thayná destacou ainda que Monique fez uma chamada de vídeo para o filho, e que ele teria pontuado sobre as agressões que sofreu. O menino teria pedido à mãe que ela chegasse logo em casa.
No entanto, mesmo com o apelo de Thayná e de Henry, na conversa que começou às 16h, Monique chegou em torno de 19h. Ela, de acordo com o depoimento da funcionária, alegou que teria ido rápido e que até havia borrado a unha.
Já em casa, ela perguntou novamente sobre o que havia acontecido naquele dia, e ouviu Thayná outra vez. A babá falou que a avó materna soube das agressões que o neto sofreu pelo padrasto e ficou assustada. Segundo a funcionária, a avó materna perguntou ao garoto se ele estava mentindo ou não.
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Irmã do vereador sabia da situação
Conforme o depoimento de Thayná, ela foi convocada pela irmã de Dr. Jairinho, Thalita Sousa, para ir ao escritório do advogado do casal depois da morte de Henry, no dia 8 de março.
Lá, Monique teria orientado que a babá falasse à Polícia Civil que não havia visto/escutado nada sobre maus tratos ao menino, e que ela excluísse as mensagens trocadas. Na ocasião, ela teria se sentido intimidada, porque Monique falou de forma impositiva.
Relato interrompido
Dias depois, Thayná relatou que foi chamada para ir à casa da irmã do vereador. Quando chegou ao local, contou que parlamentar bateu no garoto, e Thalita a interrompeu e mandou que ela parasse de falar, sugerindo que não expusesse tudo que sabia.
Segundo a babá, Dr. Jairinho e Monique tinham discussões frequentes e a portas fechadas. Também conforme a funcionária, ela mentiu no primeiro depoimento porque sentiu medo, já que sabia o que o vereador tinha feito com a criança. Ela explicou que temeu que o mesmo acontecesse com ela.
Presente
Os policiais civis que estão a cargo das investigações questionaram Thayná se ela já ganhou algo, como presente ou dinheiro, do casal, e ela informou que havia recebido uma cama depois que narrou o primeiro episódio de maus tratos.