Marinha afunda navio porta-aviões com substâncias tóxicas; ambientalistas veem risco de contaminação
Marinha já havia recebido uma proposta de R$ 30 milhões de um grupo saudita pela embarcação
O navio porta-aviões São Paulo foi afundado pela Marinha brasileira nesta sexta-feira (3), embarcação gerou polêmica entre ambientalistas que afirmam riscos de contaminação. As informações são da Folha de S.Paulo.
O naufrágio ocorreu a 350 quilômetros da costa brasileira, em área com profundidade de 5.000 metros. Marinha já havia recebido uma proposta de R$ 30 milhões de um grupo saudita pela embarcação, mas mesmo assim optou pelo naufrágio.
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"O procedimento foi conduzido com as necessárias competências técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro", disse a Marinha, em nota.
Amianto
O porta-aviões São Paulo tinha quase dez toneladas de amianto, e seu naufrágio foi motivo de discussões entre os ministros, José Múcio Monteiro (Defesa) e Marina Silva (Meio Ambiente), que foi derrotada.
O naufrágio ocorreu mesmo, quando ainda nesta sexta, o Tribunal Regional Federal da 5° Região negou recurso do Ministério Público Federal e manteve a decisão da primeira instância da Justiça Federal de Pernambuco que inferiu pedido para impedir que o casco do navio fosse descartado em águas brasileiras.
Além do Amianto presente nas partes estruturais do navio, que não puderem ser retiradas, consultores estimam que haja cerca de 200 toneladas de PCBs (sigla em inglês para bifenilas policloradas), compostos usados como fluidos em cabos e outros componentes.
O Ibama destacou os impactos previstos gerados pela contaminação do porta-aviões, são eles a capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos, a liberação de gases CFCs e HCFCs (que degradam a camada de ozônio e atuam no aquecimento do planeta). Além das mortes de espécies e deterioração de ecossistemas. A carcaça da embarcação ainda pode atrair espécies invasoras.
Embarcação ilegal
O porta-aviões foi vendido em 2021 pela Marinha a um estaleiro turco especializado em desmanche de navios. Mas, diante de denúncia sobre a exportação ilegal de amianto, o governo turco revogou autorização para entrada da embarcação.
Análises feitas pela ONG Shipbreaking Platform em um porta-aviões gêmeo ao São Paulo identificou 760 toneladas de amianto na embarcação. Diante disso, a organização questionou se, de fato, o casco enviado pelo Brasil teria as 10 toneladas da substância tóxica como previsto no inventário.
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) suspendeu a licença de exportação e determinou o retorno do navio ao Brasil.
Impedido de atracar no Rio de Janeiro e em Pernambuco, o porta-aviões estava fundeado cerca de 46 quilômetros em frente ao litoral pernambucano.