Aluno da UFRGS tenta se formar com suástica pintada no rosto; universidade registra boletim de ocorrência na PF
Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição informou que enviou ofício à Reitoria exigindo a anulação da formatura do estudante

Um aluno da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tentou participar da cerimônia de formatura com uma suástica pintada no rosto, na noite dessa terça-feira (18). Após o episódio, a instituição informou que registrou ocorrência na Superintendência da Polícia Federal em Porto Alegre, na manhã desta quarta-feira (19).
Ainda segundo a UFRGS, o estudante foi advertido que, caso não removesse o símbolo, seria levado à PF e não poderia colar grau na solenidade do curso de Engenharia de Minas.
Então, o formando alegou que se tratava de um símbolo hindu e negou relação com o nazismo. Mesmo assim, ele teria concordado em apagar a pintura, mantendo no rosto apenas outros ícones que não remetiam à ideologia hitlerista.
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Em nota, a Universidade afirmou que o aluno “não ostentava símbolos nazistas durante a cerimônia de formatura”. A instituição enfatizou, ainda, que não tolera manifestações de ódio, de intolerância ou de ataque aos direitos humanos.
“Também é importante destacar que a decisão da Universidade de dar prosseguimento à cerimônia dentro da possível normalidade diante deste inadmissível episódio deve-se à consideração aos demais formandos, seus familiares e convidados que estavam reunidos em um momento de celebração”, acrescentou a UFRGS.
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS
Após a repercussão do caso, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRGS informou que enviou ofício à Reitoria exigindo a anulação da entrega do diploma e da formatura do aluno Vinícius Krug de Souza. Além disso, o núcleo estudantil cobrou uma “rigorosa investigação” do episódio.
“Enquanto representação máxima dos estudantes da UFRGS, reafirmamos que apologia ao nazismo é crime e essa ação não passará impune. A UFRGS é território antifascista e não aceitaremos que se normalizem ações como essa dentro da nossa Universidade”, defendeu o DCE.
Em resposta, a Reitoria da Universidade anunciou que, na sexta-feira (20), vai se reunir com a procuradora federal na UFRGS para definição das medidas administrativas cabíveis no âmbito da instituição. A decisão pela anulação ou não da formatura do aluno dependerá dos desdobramentos dessas ações, ressaltou a unidade federal.
“A UFRGS ressalta que não tolera ataques aos direitos humanos nem manifestações de ódio nos seus espaços e que sempre irá reagir com veemência diante de episódios inadmissíveis como o que ocorreu nos momentos que antecederam a solenidade de colação de grau do último dia 18, no Salão de Atos”, evidenciou.
A reportagem não conseguiu o contato do aluno Vinícius Krug de Souza. O espaço segue aberto para manifestação.
APOLOGIA AO NAZISMO É CRIME
O ato de promover ou praticar sob qualquer argumento ou meio as ideias, doutrinas ou instituições adotadas pelo Partido Nazista é classificado como apologia ao nazismo, prática considerada crime no Brasil, conforme a lei federal antirracismo (Lei 7.716, de 1989).
Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo"
No mesmo artigo, a legislação afirma ser crime "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".