Além de cetamina, Djidja Cardoso usava potenay, chás e cogumelos com família, diz delegado
Dez pessoas já foram presas suspeitas de envolvimento no grupo religioso que promovia o uso indiscriminado de drogas
As investigações após a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, já resultaram na prisão de dez pessoas suspeitas de envolvimento no caso. Conforme a Polícia, o grupo religioso criado pela família dela promovia o uso indiscriminado de cetamina, droga sintética de uso humano e veterinário.
Segundo informações do jornal A Crítica, o delegado que investiga o caso, Cícero Túlio, afirmou que o grupo usava, além de cetamina, potenay, chás e cogumelos.
A prisão mais recente foi a do dono da clínica veterinária suspeito de fornecer cetamina para a família, no último sábado (8), segundo noticiado pelo jornal O Globo. José Máximo Silva de Oliveira se apresentou à Polícia após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça do Amazonas.
"Conseguimos apreender equipamentos, telefones, computadores e documentos referentes a esses petshops e clinicas veterinárias, e alguns produtos químicos que também eram objeto da investigação, como o anabolizante potenay, que também era comercializado e destinado a essa família para utilização dos rituais que eles faziam na casa", explicou o delegado.
Potenay
Medicamento composto por um mix de vitaminas e uma metanfetamina (estimulante), o potenay tem como indicação veterinária o aumento do tônus muscular e estímulo do sistema circulatório em bovinos e equinos que tenham déficit vitamínico e sistema imunológico debilitado.
Entenda o caso
Djidja foi encontrada morta em casa, em Manaus, no dia 28 de maio. A suspeita é de que ela tenha sofrido uma overdose de cetamina durante um dos rituais propostos pelos parentes. A mãe e o irmão foram presos dois dias depois pelo crime.
Na casa da família Cardoso, a Polícia revelou que encontrou seringas, doses de cetamina, frascos vazios, medicamentos, documentos e computadores. Além disso, os investigadores disseram que o lugar tinha "cheiro de carne em estágio de putrefação".
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A morte da ex-sinhazinha revelou uma seita liderada pela mãe dela, Cleusimar, e pelo irmão dela, Ademar. Segundo o UOL, um livro com as "cartas de Cristo", que promete trazer "iluminação ao mundo" e "capacitar a humanidade" para construir uma "nova consciência" nos próximos dois mil anos, pode ter sido uma das inspirações do trio, que é investigado por uso de drogas e abusos sexuais.
A defesa da mãe e do irmão alega que mãe e filho são "extremamente dependentes químicos".
Conforme a Polícia, os rituais da seita da família Cardoso prometiam "transcender a outra dimensão e alcançar um plano superior e a salvação" com o uso de cetamina. Participavam desses rituais funcionários dos salões de beleza de Djidja, Cleusimar e Ademar, além de amigos da família.
Três colaboradoras dos salões, inclusive, foram presas por suspeita de aliciamento de integrantes para o grupo.