Dono de clínica veterinária suspeito de fornecer cetamina à família de Djidja Cardoso é preso
Outros dois funcionários da clínica veterinária foram capturados na sexta-feira (7). O ex-namorado e o ex-coach de Djidja também foram detidos
Dono de uma clínica veterinária, José Máximo Silva de Oliveira foi preso neste sábado (8) na investigação sobre a morte de Djidja Cardoso. O empresário é suspeito de fornecer cetamina, uma droga sintética de uso veterinário, para a família da ex-sinhazinha do Boi Garantido. Ela foi encontrada morta no dia 28 de maio, em Manaus, e as investigações apontam que o motivo foi uma overdose da droga.
Segundo informações do Uol, o delegado Cícero Túlio afirmou que Oliveira se apresentou na presença do advogado. Outros dois funcionários da clínica veterinária foram capturados na sexta-feira (7). O empresário era o último foragido sob a suspeita de fornecer a substância à família de Djidja.
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O ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto, e o coach Hatus Silveira também foram detidos, na sexta-feira. Ambos são suspeitos de envolvimento na suposta seita religiosa "Pai, Mãe, Vida", que incentivava o uso da droga com promessa de "transcender a outra dimensão e alcançar um plano superior e a salvação".
Conforme o g1, Bruno Roberto tinha testemunhado sobre o caso na segunda-feira (3) e Hatus Silveira havia prestado depoimento na terça-feira (4).
Silveira relata que Djidja aplicou cetamina nele sem consentimento quando presenciou uma sessão do grupo, em janeiro. Ele afirma que, na ocasião, a mãe de Djidja, Cleusimar, ofereceu cetamina e ele negou. Na cozinha, a ex-sinhazinha do Boi Garantido teria se aproximado e aplicado o anestésico com uma seringa no braço do coach.
O ex-namorado dela, por sua vez, tinha tatuagem com o nome da seita 'Pai, Mãe, Vida'. À polícia, Bruno Roberto afirmou que cobriu o desenho após término do relacionamento.
Ele disse que efetivamente tinha feito a tatuagem durante um dos encontros que foi feito na casa dos investigados, onde eles firmaram compromisso de todos realizarem essa tatuagem. Vi que ele já havia remarcado a tatuagem com outra por cima.
As investigações apontaram que Bruno estava na casa de Djidja quando ela foi encontrada morta, e acionou a polícia para comunicar o falecimento dela.
ENTENDA O CASO
Djidja Cardoso foi encontrada morta em casa, em Manaus, no dia 28 de maio. A suspeita é de que ela tenha sofrido uma overdose de cetamina durante um dos rituais propostos pelos próprios parentes. Cleusimar e Ademar, a mãe e o irmão de Djidja, foram presos dois dias depois pelo crime.
Na casa da família, a Polícia encontrou seringas, doses de cetamina, frascos vazios, medicamentos, documentos e computadores. Além disso, os investigadores disseram que o lugar tinha "cheiro de carne em estágio de putrefação".
Segundo a polícia, a família já era investigada por liderar o grupo religioso, que forçava seguidores a usar cetamina. A defesa de Cleusimar e Ademar nega a existência da seita e afirma que eles ofereciam a substância sob efeito de drogas.
Não existe seita, não existe ritual macabro. Todas as declarações deles, os vídeos que circulam na internet, todas as provas que estão no inquérito são fruto de alucinações extremamente severas, de uma droga que está destruindo famílias.
De acordo com informações do UOL, uma das inspirações para a seita pode ter sido um livro com as "cartas de Cristo", que promete trazer "iluminação ao mundo" e "capacitar a humanidade" para construir uma "nova consciência" nos próximos dois mil anos.
Segundo a polícia, a seita funcionava há pelo menos dois anos no bairro Cidade Nova, em Manaus. As investigações apontam que algumas vítimas passaram por violência sexual e aborto.
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Funcionários dos salões de beleza de Djidja, Cleusimar e Ademar, além de amigos da família, participavam desses rituais. Três colaboradoras dos salões foram presas por suspeita de aliciamento de integrantes para o grupo.
O QUE É CETAMINA
Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a cetamina - original do inglês ketamine - é um anestésico que tem efeito rápido no combate aos sintomas da doença mental.
A substância foi desenvolvida na década de 1960 para uso médico e, ainda hoje, é utilizada para anestesia e alívio da dor. Tornou-se uma droga ilícita na década de 1980 por ter se popularizado com o uso recreativo.
Por conta disso, ela passou a ser super controlada para evitar a utilização fora do ambiente hospitalar, mas ultimamente, passou a ser usada também para tratamento de quadros depressivos onde o início da ação medicamentosa mais rápido é necessário.
A cetamina pode causar efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e tem potencial sedativo se usada como droga recreativa. A substância é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil, destinado a tratamento de quadros depressivos desde 2020.
A eficácia e segurança do anestésico é comprovada por especialistas em quadros depressivos refratários, desde que as normas sejam seguidas. O medicamento é de uso controlado e deve contar com rigoroso acompanhamento médico, pois há risco de dependência