Saiba o quão grave pode ser a variante Ômicron
A variante é nova e ainda está sendo estudada pela comunidade científica, mas já é considerada "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
Identificada recentemente na África do Sul e já vista pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "preocupante", a Ômicron, nova variante do coronavírus, é resultado de pelo menos 50 mutações do vírus original, a maior quantidade registrada até então. “Só” isso já seria alarmante, mas, dentre as mutações, cerca de 30 também afetam diretamente a proteína Spike, que é a “chave de entrada” do vírus no organismo humano.
Além disso, segundo especialistas consultados pelo Diário do Nordeste, estudos preliminares com base nos primeiros casos registrados na África concluíram que o Número de Reprodução (RT) dessa variante é 2, o que significa que pode ser duplamente mais transmissível.
De acordo com um estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o RT representa o "número médio de indivíduos contagiados por cada infectado nas condições existentes num momento determinado". Esse indicador possibilita às gestões públicas planejar a demanda hospitalar futura e o uso de medicamentos, equipamentos e pessoal necessário.
A virologista, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel, compara o RT da Ômicron com o da Gama, por exemplo, que se originou no Brasil. “Em Manaus, que foi o epicentro [da pandemia de Covid-19] no ano passado, foi muito caótico, horrível. E [O RT] chegou a 1.8”, lembra a pesquisadora.
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A nova variante é mais transmissível e mais mortal?
Assim como ainda não é possível afirmar o padrão de transmissão da variante Ômicron, a comunidade científica ainda não sabe se ela será mais letal do que outras mais antigas. Até porque vai depender da capacidade dessa cepa de diminuir a eficácia das vacinas.
“São especulações, temos poucos países afetados por essa variante”, pondera a pesquisadora Lígia Kerr, da UFC, que também é médica e epidemiologista. Contudo, segundo ela, caso se confirme a alta transmissibilidade da Ômicron, “o espalhamento [para o restante do mundo] tende a ser muito rápido”.
Só que o potencial de transmissibilidade não necessariamente implica num agravamento da infecção em si. Como Kerr, o biomédico e microbiologista Samuel Arruda reforça que “ainda tem poucas informações, dados, para afirmar sobre mortalidade, sintomas e gravidade da doença” diante da presença da nova variante.
“O que foi visto é o aspecto de mutações. Ela [Ômicron] tem muito mais mutações do que as variantes acompanhadas até o momento, mas não significa que vá acarretar numa maior gravidade. Depende de como se dará a interação [com outras variantes]”, explica Arruda.
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A nova variante é resistente às vacinas?
Embora ainda esteja em estudo a influência da variante Ômicron na proteína Spike, é possível que a cepa consiga furar o bloqueio imunológico oferecido pelas vacinas contra a Covid-19 que são aplicadas atualmente.
No Brasil, os imunobiológicos disponíveis na campanha de vacinação contra a doença, são:
- CoronaVac (Butantan)
- AstraZeneca/Oxford (Fiocruz)
- Pfizer (BioNTech)
- Janssen (Johnson & Johnson)