Rússia usa mísseis hipersônicos na Ucrânia, enquanto Zelensky exige diálogo
País usou os artefatos para destruir um depósito subterrâneo de armas
A Rússia intensificou, neste sábado (19), a ofensiva na Ucrânia, anunciando o uso, pela primeira vez, de mísseis hipersônicos. Já o presidente do país invadido, Volodymyr Zelensky, declarou que era hora de Moscou aceitar "conversar" seriamente sobre a paz.
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O ministério da Defesa russo garantiu que no dia anterior havia usado mísseis hipersônicos "Kinjal" para destruir um depósito de armas subterrâneo no oeste da Ucrânia, algo sem precedentes, segundo a agência estatal Ria Novosti. Esse tipo de míssil desafia todos os sistemas de defesa antiaérea, segundo Moscou.
Zelensky, por sua vez, considerou que "as negociações sobre paz e segurança na Ucrânia são a única oportunidade que a Rússia tem de minimizar os danos causados por seus próprios erros".
"É hora de nos encontrarmos. É hora de conversar. É hora de restaurar a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia", reiterou o chefe de Estado em um vídeo filmado à noite em uma rua deserta de Kiev e postado no Facebook. "Caso contrário, as perdas para a Rússia serão tais que levará várias gerações para se recuperar".
Controle
No terreno, o ministério da Defesa russo afirmou que destruiu centros de rádio e inteligência perto de Odessa, em Velikodolinske e Veliki Dalnik.
A Ucrânia, por sua vez, admitiu neste sábado que perdeu "temporariamente" o acesso ao Mar de Azov, apesar de a Rússia controlar de fato toda a costa desde o início de março e o cerco da cidade portuária estratégica de Mariupol.
Além disso, o Exército russo afirmou na sexta que conseguiu entrar e lutar no centro da cidade ao lado de tropas da "república" separatista de Donetsk.
Segundo o assessor do ministério do Interior ucraniano, Vadim Denisenko, citado pela agência Interfax-Ucrânia, a situação é "catastrófica" em Mariupol. "A luta acontece pela Azovstal", uma grande siderúrgica nos arredores da cidade. "Uma das maiores siderúrgicas da Europa está sendo arruinada de fato", lamentou.
As autoridades ucranianas acusaram a Força Aérea russa de bombardear "deliberadamente" o teatro de Mariupol na quarta-feira, o que a Rússia negou. Em um abrigo antiaéreo sob este edifício havia "mais de mil" pessoas, principalmente "mulheres, crianças e idosos", segundo a prefeitura deste porto do Mar de Azov.
Zelensky disse que mais de 130 sobreviventes foram retirados dos escombros. "Infelizmente, alguns sofreram ferimentos graves. Mas, neste momento, não temos informações sobre possíveis mortes", declarou, explicando que "as operações de resgate continuam".