O que é preciso para se tornar um papa na Igreja Católica? Entenda quem pode ser pontífice
Normalmente, o nome sai do Colégio de Cardeais

Após a morte de papa Francisco, nesta segunda-feira (21), o Vaticano começa a se preparar para escolher o próximo pontífice. Essa definição segue um processo rigoroso e repleto de tradição, que envolve uma votação secreta realizada por cardeais em uma reunião fechada conhecida como conclave.
Tecnicamente, qualquer pessoa apta à ordenação ao sacerdócio católico – ou seja, homens solteiros – pode ser papa. Mas desde 1379, se tornou convencional que o novo nome saia de dentro do Colégio de Cardeais. O grupo é composto por 252 membros, mas só 125 podem votar.
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Portanto, seguindo essa tradição, o escolhido pode ter qualquer idade (maiores de 80 anos podem ser votados, não votar), mas deve ter uma longa trajetória na Igreja.
Podemos ter um papa brasileiro?
A possibilidade de o novo líder da Igreja Católica ser brasileiro existe, apesar de haver outros nomes favoritos. Conforme a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os cardeais locais são:
- Dom Odilo Scherer - Arquidiocese de São Paulo (SP)
- Dom Orani João Tempesta - Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ)
- Dom Paulo Cezar Costa - Arquidiocese de Brasília (DF)
- Dom Leonardo Ulrich Steiner - Arquidiocese de Manaus (AM)
- Dom Sergio da Rocha - Arquidiocese de Salvador (BA)
- Dom Jaime Spengler - Arquidiocese de Porto Alegre (RS)
- Dom Raymundo Damasceno Assis - Emérito da Arquidiocese de Aparecida (SP)
- Dom João Braz de Aviz - Emérito de Brasília (DF)
Segundo portais internacionais, os favoritos são Robert Sarah, Péter Erdo, Matteo Maria Zuppi, Pietro Parolin, Jean-Marc Aveline e Luis Antonio Gokim Tagle.
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Como acontece o conclave?
Essa assembleia ocorre na Capela Sistina, localizada dentro do Palácio Apostólico do Vaticano, e acontece sob rígidas regras de sigilo. Ou seja, no conclave, os sacerdotes membros do Colégio de Cardeais se reúnem em Roma e não saem, nem se comunicam com pessoas de fora, até uma decisão.
O grupo responsável pelo escrutínio reúne membros da alta cúpula da Igreja, nomeados pelo papa, de todo o mundo e com menos de 80 anos. São eles que gerem as dioceses ou arquidioceses.
Antes das votações, os cardeais participam de missas e orações. Se esses ritos forem concluídos até a tarde do primeiro dia, já pode ocorrer a primeira rodada de votação. O rito é o seguinte: cada cardeal escreve o nome de seu candidato em uma cédula, dobra o papel e o deposita em um cálice sobre o altar, seguindo a ordem do mais velho para o mais jovem.
Para ser eleito, um candidato precisa obter dois terços dos votos. As cédulas são contadas em voz alta na presença de todos, embora a autoria do voto seja mantida em sigilo.
Se ninguém alcançar a quantidade necessária de votos, são realizadas até quatro votações por dia: duas pela manhã e duas à tarde. O processo pode seguir por três dias consecutivos, caso contrário, o quarto dia será reservado para uma pausa voltada à oração e discussão em busca de consenso.
As votações podem ser retomadas em ciclos, com pausas regulares para oração. O processo pode continuar indefinidamente, embora, na prática, seja mais breve. Segundo a diocese de Providence, nos Estados Unidos, nenhum dos últimos 11 conclaves ultrapassou quatro dias de duração.
Assim que um cardeal atinge os votos necessários, ele precisa aceitar oficialmente a escolha. Só então o resultado é validado.
O decano do conclave, normalmente o cardeal mais velho, pergunta ao eleito se ele aceita o cargo e qual nome papal deseja adotar. O papa Francisco foi registrado como Jorge Mario Bergoglio no nascimento, em 1936, mas adotou o novo nome com a eleição, em 2013.
E a cor da fumaça?
Após a decisão, todas as cédulas são queimadas. Se nenhum papa foi escolhido, um produto químico é adicionado para produzir fumaça preta. Quando há um novo papa, a fumaça que sai pela chaminé da Capela Sistina é branca.
A fumaça branca é o sinal tradicional de que o novo papa foi eleito. Cerca de 30 a 60 minutos depois, ele aparece na sacada com vista para a Praça de São Pedro.
O nome do novo pontífice é anunciado ao mundo pelo cardeal mais velho presente, encerrando o conclave e iniciando oficialmente um novo papado.