Israel provoca 'ataque direcionado' em Beirute
Bombardeios ocorreram poucas horas após o líder do Hezbollah ter prometido "duras represálias" às explosões de pagers e walkie-talkies
O Exército israelense anunciou, nesta sexta-feira (20), que efetuou um "ataque direcionado" em Beirute, na capital do Líbano, onde uma fonte das forças de segurança relatou um ataque aéreo de Israel na periferia sul da capital libanesa, reduto do grupo islamista pró-Irã Hezbollah.
"No momento, não há nenhuma mudança nas diretrizes (...) do Comando da Frente Interna", acrescentou o Exército.
Ao menos três pessoas morreram no bombardeio, informou o Ministério da Saúde libanês, enquanto uma fonte próxima do Hezbollah indicou que um alto comandante do grupo islamista estava entre os mortos. "O bombardeio do inimigo israelense nos subúrbios ao sul de Beirute causou, segundo um relatório preliminar, a morte de três pessoas, e os hospitais libaneses receberam até agora 17 feridos", disse o ministério.
Os bombardeios contra posições do Hezbollah ocorreram poucas horas após o líder desta milícia pró-Irã ter prometido "duras represálias" às explosões de pagers e walkie-talkies do grupo que deixaram 37 mortos e milhares de feridos.
O Hezbollah responsabiliza Israel pelas explosões de dispositivos de comunicação de integrantes do grupo xiita na terça (17) e quarta-feira (18) em várias regiões do Líbano. O líder do movimento, Hassan Nasrallah, prometeu na quinta-feira (19) que o Estado israelense receberá "uma punição justa".
ONU, Estados Unidos e várias potências fizeram um apelo por moderação diante do temor de uma escalada no Oriente Médio, a poucas semanas do aniversário de um ano do início da guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdullah Bu Habib, disse que o Líbano apresentará uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar a "agressão ciberterrorista de Israel", que ele descreveu como um "crime de guerra".
O primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati, pediu que a ONU adote uma "posição firme para interromper a agressão israelense contra o Líbano e a guerra tecnológica que está travando na reunião do Conselho de Segurança prevista para esta sexta-feira (20).
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Israel não comentou o ataque
Israel não comentou o ataque, que ocorreu após o ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, ter declarado na quarta-feira que o "centro de gravidade" da guerra, que começou com a operação contra o movimento palestino Hamas em Gaza, está se deslocando "para o norte", em direção à fronteira com o Líbano.
Durante o aguardado discurso de Nasrallah na quinta-feira, caças israelenses sobrevoaram Beirute e quebraram a barreira do som.
Israel anunciou no mesmo dia que bombardeou quase 100 lançadores de foguetes no Líbano que, alegou, estavam preparados para serem "utilizados de maneira imediata para disparar" contra seu território.
O Exército israelense e o Hezbollah - aliado do Hamas - efetuam ataques quase diários na fronteira desde o início do conflito em Gaza, há mais de 11 meses, mas os bombardeios da véspera foram os mais intensos desde o início dos confrontos.
No discurso, Nasrallah acusou Israel de ter ultrapassado "todas as linhas vermelhas" e denunciou um "massacre" que poderia ser considerado "uma declaração de guerra". A Agência Nacional de Notícias (ANI) do Líbano registrou 57 bombardeios da aviação israelense no sul do país.
O Hezbollah reivindicou, na quinta-feira (19), pelo menos 17 ataques contra 14 alvos militares no norte de Israel.