Entenda como funciona o processo eleitoral nos EUA e outras curiosidades sobre o pleito americano

O processo eleitoral nos Estados Unidos, considerando sistema e data de votação, entre outros fatores, é bem diferente do adotado no Brasil

Escrito por Redação e Folhapress ,
Legenda: Joe Biden e Donald Trump, da esquerda para a direita
Foto: AFP

Nesta terça-feira (3), os Estados Unidos escolhem seu novo presidente. Mais de 100 milhões de estadunidenses votaram antecipadamente nas eleições deste ano, por meio dos correios ou pessoalmente. O número representa 72,8% de todos os votos do pleito de 2016, um recorde. 

Além do mandatário do país, estadunidenses escolhem até esta terça-feira parlamentares da Câmara dos Representantes e de Assembleias Legislativas, governadores e um terço dos senadores. 

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O processo eleitoral nos Estados Unidos, considerando sistema e data de votação, entre outros fatores, é bem diferente do adotado no Brasil. No país norte-americano, nem sempre o candidato à presidência que levou mais votos ganha a disputa. Além disso, por adotar o voto facultativo, o dia do pleito não é feriado nos EUA, o que dificulta a adesão ao ato.

Entenda, a seguir, curiosidades sobre as eleições dos Estados Unidos:

Como funciona o processo eleitoral nos EUA?

A eleição para presidente nos Estados Unidos é indireta. Dessa forma, o eleitor não escolhe exatamente qual será o presidente, mas qual o postulante vai ganhar os votos dos delegados do seu estado, já que o pleito é denifido por unidades federativas, e não por votação direta a nível nacional. O sistema é conhecido como Colégio Eleitoral.

Ao todo, são 538 delegados divididos proporcionalmente pelos 50 estados do país, levando em consideração a população de cada unidade federativa. Sendo assim, estados mais populosos têm mais delegados, como é o caso da Califórnia, com 55 representantes para seus quase 40 milhões de habitantes.

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Por isso, a contagem é feita da seguinte forma: o candidato que mais ganhou votos dos habitantes de determinada unidade federativa leva o total de delegados daquela localidade. É como se eles acumulassem pontos por terem a maioria dos votos nos estados. Assim, o postulante que ganhar 270 pontos, ou seja, delegados, assume a presidência.

É por isso que, mesmo um candidato sendo o preferido nas pesquisas eleitorais, há chances de ele não levar a melhor, como aconteceu com Hillary Clinton, em 2016, contra Donald Trump.

Em quais estados ficar de olho nesta terça-feira?

Mesmo com a vantagem nas pesquisas eleitorais, a vitória do democrata Joe Biden sobre o seu rival republicano, o presidente Donald Trump, ainda não é certa.

Analistas políticos dividem os estados do país entre seguros, prováveis e indefinidos. Nos considerados seguros, o candidato na liderança tem mais de 95% de chance de vencer, de acordo com a classificação do boletim The Cook Political Report. Já nos prováveis, o líder tem entre 75% e 95% de chance de vitória.

É como se, na prática, a disputa neles já está decidida e seria necessária uma surpresa muito grande para o rival vencer por causa da tradição partidária.

Atualmente, Biden tem em sua coluna de seguros ou prováveis 17 estados mais o Distrito de Columbia, que abriga a capital Washington DC. Já Trump conta com 20 estados nos quais lidera com folga. Eles somam, então, considerando o número de delegados nesses estados, 212 e 125 votos, respectivamente, nos Colégios Eleitorais.

Restam, dessa forma, 13 estados em disputa, que podem ser divididos entre aqueles com tendência pró-Biden ou pró-Trump (o líder tem entre 60% e 75% de vitória) e os indefinidos (ninguém chega a 60% de chance).

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Deve ser desse bolo que sairá o estado considerado "ponto da virada", isso é, o que dará número de votos suficientes para o candidato superar os 270 votos no Colégio Eleitoral.

Existe um terço de chance da Pensilvânia ser novamente esse estado decisivo, como já aconteceu na eleição de 2016. Isso significa que, se vencer ali e em todos os estados no qual tem um desempenho melhor, Biden será eleito, independentemente do que acontecer no resto do país. Já se o republicano vencer o estado e todos os outros onde vai melhor que o democrata, aumentam as chances de alcançar os 270 delegados e ser reeleito.

Na prática, se vencer em seis dos sete estados com inclinação a seu favor (e confirmar o favoritismo nos outros 18), o democrata estará eleito.

Com menos votos seguros e prováveis, Trump também precisa de um resultado melhor que o rival nos estados ainda em disputa para conseguir a vitória. Para ser reeleito, o republicano tem de confirmar a liderança no Texas, vencer todos os indefinidos e roubar dois estados com inclinação pró-Biden.

Por que os EUA votam sempre numa terça-feira de novembro?

A lei que define a terça-feira como o dia da votação nos EUA foi assinada em 1845 e feita para se encaixar na rotina da época. Em um país quase todo agrícola, era preciso percorrer grandes distâncias, de carroça ou a cavalo, para votar na sede dos condados, em viagens que tomavam horas ou dias. Para chegar na segunda, seria preciso sair no domingo, algo impensável, pois era um dia sagrado, reservado para descansar e ir à igreja.

Na quarta, era a vez de ir às compras, em feiras e mercados, o que também envolvia pequenas viagens. E o sábado ficou de fora por ser o dia sagrado dos judeus.

A lei também determina que a votação ocorra na terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, de modo a evitar coincidência com a festa de Todos os Santos, em 1º de novembro.

E novembro foi escolhido por ser um período entre o final das colheitas e antes do inverno no hemisfério norte, cujas tempestades rigorosas dificultam as viagens.

Apesar da tradição, a opção pela terça-feira gera criticas. A principal delas é que a data é atualmente um dia cheio de atividades, o que exige que os eleitores encontrem tempo para ir à sessão eleitoral em meio à rotina de trabalho ou de aulas. O dia da votação não é um feriado no país.