China afirma ‘não ter medo de brigar’ após EUA aplicarem novas tarifas

Governo chinês classificou as medidas como ‘hipócritas’

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Redação producaodiario@svm.com.br
Colagem com duas fotos de Donald Trump e Xi Jinping.
Legenda: Trump justificou as novas tarifas como resposta às restrições impostas pela China à exportação de elementos de terras raras.
Foto: Andrew Cballero-Reynolds / Suo Takekuma / AFP.

A China criticou, neste domingo (12), a decisão dos Estados Unidos de aplicar novas tarifas de 100% sobre produtos chineses — medida anunciada na sexta-feira (10) pelo presidente americano Donald Trump.

Em comunicado, o Ministério do Comércio da China afirmou que não busca um confronto com Washington, mas alertou que “não tem medo de brigar”, caso seja necessário.

“Ameaçar impor tarifas altas a qualquer momento não é a forma correta de lidar com a China. Nossa posição sobre guerras tarifárias é consistente: não queremos brigar, mas não temos medo de brigar”, disse o ministério.

O governo chinês afirmou ainda que as tarifas impostas pelos EUA são “hipócritas” e advertiu que, se o país “persistir em agir unilateralmente”, Pequim tomará medidas correspondentes para defender seus “direitos e interesses legítimos”.

Colagem com as fotos de Donald Trump e Xi Jinping.
Legenda: No início do ano, uma nova guerra comercial levou ambos os países a aumentar progressivamente as tarifas sobre produtos importados, chegando a 145% nos EUA e 125% na China.
Foto: Mandel Ngan / Pedro Pardo / AFP.

Trump justificou as novas tarifas como resposta às restrições impostas pela China à exportação de elementos de terras raras, classificando as medidas chinesas como “surpreendentes” e “muito hostis”.

Com o aumento da tensão entre as duas maiores economias do mundo, a reunião prevista entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, que ocorreria no fim do mês durante a Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul, deve ser cancelada.

Segundo Trump, “agora não há motivo algum” para que o encontro aconteça. Pequim ainda não havia confirmado publicamente a reunião. Assim, as negociações diplomáticas entre os dois países devem seguir paralisadas.

No início do ano, uma nova guerra comercial levou ambos os países a aumentar progressivamente as tarifas sobre produtos importados, chegando a 145% nos EUA e 125% na China.

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Terras raras

Na última quinta-feira (9), a China anunciou a inclusão de cinco novos elementos na lista de controle de exportações, ampliou a vigilância sobre o uso de semicondutores e adicionou dezenas de tecnologias de refino às restrições.

O governo também passou a exigir que produtores estrangeiros que utilizem materiais de origem chinesa cumpram as normas locais. Atualmente, a China é responsável por mais de 90% da produção e do processamento mundial de terras raras, além dos ímãs derivados desses elementos.

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos encontrados em vários países, mas concentrados principalmente na China e no Brasil. Essenciais para a indústria moderna, estão presentes em chips, celulares, computadores e outras tecnologias de ponta.

A reação de Trump

Trump afirmou que a China tem enviado cartas a outros países anunciando planos para impor controles de exportação sobre todos os elementos usados na produção de terras raras.

“Ninguém jamais viu algo assim; essencialmente, isso ‘congestionaria’ os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo — especialmente para a própria China”, disse o republicano.

O presidente americano acrescentou ainda que os EUA possuem “posições monopolistas mais fortes e abrangentes” que as da China.

“Eu simplesmente não escolhi usá-las antes porque nunca houve motivo para isso — ATÉ AGORA!”, concluiu Trump.

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