Vacina de reforço contra a polio no Ceará será injetável a partir de 4 de novembro; entenda

O Ministério da Saúde mudou o esquema vacinal contra a poliomielite no Brasil, que não contará mais com a "gotinha" a partir de novembro

Escrito por Luana Severo , luana.severo@svm.com.br
Menino no colo da mãe recebe vacina injetável contra a poliomielite
Legenda: Todo o esquema vacinal contra a poliomielite será injetável a partir de novembro, no Brasil
Foto: Divulgação/Prefeitura de Fortaleza

Familiares de crianças com doses de reforço da vacina contra a poliomielite ainda para tomar, no Ceará, devem esperar até 4 de novembro para buscar as salas de vacinação. Isso porque, neste momento, o Estado conclui um processo transitório e encerra a aplicação do reforço com as famosas "gotinhas", conforme determinou o Ministério da Saúde.

Desde o ano passado, o Governo anunciou que a vacina oral poliomielite (VOP, na sigla em inglês), será aposentada no Brasil neste ano. A dose oral, que vinha sendo aplicada nos reforços, será substituída pela vacina inativada poliomielite (VIP, na sigla em inglês), aplicada no formato injetável.

"Estamos nessa fase de transição. Os municípios [cearenses] já estão recolhendo todas as vacinas contra a poliomielite da bisnaga, as 'gotinhas'", disse a Karine Borges, coordenadora de Imunizações da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Os lotes recolhidos serão enviados ao Governo Federal, responsável por definir o descarte.

De acordo com a gestora, a substituição da vacina oral pela injetável confere mais segurança ao processo, uma vez que a "gotinha" pode levar a casos da doença derivados do imunizante. "Então, para eliminar qualquer cenário de risco, entraremos nesse processo em que as crianças terão seu esquema vacinal um pouco alterado", continuou ela.

Veja também

O que muda no esquema vacinal?

No cenário atual, o esquema vacinal contra a poliomielite é composto por três doses injetáveis aplicadas no primeiro ano da criança — aos dois meses, quatro meses e seis meses de vida. Depois, são aplicadas duas doses de reforço com a "gotinha", uma aos 15 meses de idade e outra aos quatro anos.

vacina contra a poliomielite no Brasil
Legenda: Novo esquema vacinal contra a poliomielite no Brasil
Foto: Diário do Nordeste

Com o novo esquema, todo o processo será injetável, desde as três primeiras doses até o reforço. Além disso, este complemento será feito apenas uma vez, aos 15 meses.

Veja também

Cobertura vacinal contra a poliomielite

A poliomielite é uma doença grave, contagiosa, causada por um vírus que pode infectar crianças e adultos, por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. Em casos graves, a pólio acarreta paralisia nos membros inferiores.

No Ceará, segundo Karine Borges, da Sesa, a cobertura vacinal de crianças com as três doses injetáveis contra a doença é de 97%, de acordo com monitoramento feito em julho deste ano. Só essas três doses, sem os reforços, já garantem uma proteção de até 99%. No entanto, as doses extras são necessárias para garantir defesa ainda maior.

Dia 'D' de vacinação

Neste mês, o dia 'D' de vacinação no Ceará será neste sábado (21). Com a iniciativa, a Sesa coloca a sala de vacinação do Vapt Vupt, no Papicu, em Fortaleza, à disposição da população, de 10 horas às 16h, para atualização de toda a caderneta vacinal.

Os municípios terão programações individualizadas. O Diário do Nordeste solicitou a programação da Capital e aguarda retorno da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para atualização desta matéria.

Veja também

Poliomielite no Brasil 

Não há notificação de casos de pólio no Brasil desde 1989. Contudo, as coberturas vacinais sofreram quedas sucessivas nos últimos anos e alertam autoridades sanitárias.

Zé Gotinha faz um coração com as mãos
Legenda: O 'Zé Gotinha' é o símbolo da vacinação no Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Conhecido nacionalmente como o símbolo da vacinação no País, o personagem 'Zé Gotinha' surgiu justamente para encabeçar a luta pela erradicação da poliomielite nas Américas. À época, no fim da década de 80, a doença provocada pelo poliovírus selvagem só podia ser prevenida por meio de duas gotinhas aplicadas em crianças em seus primeiros anos de vida, mas a situação mudou agora, a partir de novas descobertas científicas.

Assuntos Relacionados