Mieloma múltiplo: sintomas, diagnóstico e tratamento
Diferentes exames podem ser solicitados para identificação da doença
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer com maior incidência em pessoas acima dos 50 anos. Conforme profissionais da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a doença se desenvolve quando plasmócitos sofrem mutações, defeitos, que se acumulam na medula óssea, formando os plamocitomas, considerados um “tumor maligno”.
Os plasmócitos são células que produzem anticorpos. Portanto, segundo a médica hematologista do Centro Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Andreia Alcântara, quando essas células estão adoecidas, o paciente perde um percentual importante da sua capacidade imunológica e se torna imunossuprimido.
Alguns pacientes podem ser assintomáticos, ou seja, não apresentar nenhum tipo de sintoma da doença – em especial, se os plasmócitos se infiltram em pouca quantidade na medula óssea e a produção de componente M é pequena. Porém, outros podem desenvolver quadros bastante graves.
"O mieloma é muito heterogêneo. Tanto em gravidade quanto em apresentação clínica [sintomas]. Tem mieloma muito leve, de crescimento muito lento, com poucos sintomas, e tem mieloma que, em pouco tempo, o paciente está acamado, internado, em estado gravíssimo", pondera Alcântara.
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Como é feito o diagnóstico do mieloma múltiplo?
Em casos de pacientes assintomáticos, muitas vezes, o diagnóstico de mieloma múltiplo é realizado através de exames de rotina. O mais comum é o hemograma. Por meio dos resultados é possível ver as alterações das células.
Geralmente, chamam atenção dos médicos para a possibilidade de mieloma pacientes com quadro de anemia associado a outros sintomas como insuficiência renal e dor/fraqueza óssea. "Pacientes com uma anemia que você não explica, fraturas ósseas desproporcionais ao trauma [por bater na quina da mesa, por exemplo] ou insuficiência renal também sem explicação", detalha a hematologista do Hemoce.
Havendo a suspeita da possibilidade de câncer, ainda nos exames diagnósticos o médico solicita uma biópsia da medula óssea. Para realizar o exame é retirado um fragmento do osso da bacia. Em seguida, após análise, são quantificados os plasmócitos presentes.
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Outros procedimentos também são indicados para completar o diagnóstico, como a eletroforese de proteína e a imunofixação de proteína. Ambos são realizados por meio de coletas de sangue e urina, com o objetivo de encontrar a proteína M no sangue do paciente.
Além disso, outros meios de diagnóstico são a radiografia óssea, a tomografia computadorizada, o PET Scan e a ressonância magnética. Esses exames visam verificar se existem alterações nos ossos e se há presença de plasmocitomas.
Doença rara
Segundo a médica Andreia Alcântara, o mieloma múltiplo é considerado uma doença rara. Ele representa 1% de todos os tumores e, somente dos hematológicos, está em 10% dos casos.
"É uma doença que não tem cura. A gente fala em controle. Você trata o paciente com o objetivo de fazer com que essa proteína [M] fique em níveis mínimos ou até desapareçam, mas a gente sabe que é temporário, que a tendência é [o paciente] sofrer recaídas ao longo da história", explica a especialista.
Alguns pacientes tratam o mieloma e podem ficar longos períodos longe de sintomas. Outros tratam mas, rapidamente, têm recaídas. "Boa parte deles [pacientes] consegue voltar a uma vida praticamente normal. Muitas vezes até a atividades produtivas. Os mais prejudicados são aqueles com fraturas ósseas graves", ressalta a médica.
Sintomas comuns em pacientes com mieloma múltiplo
- Anemia, cansaço extremo, fraqueza, palidez e perda de peso;
- Mau funcionamento dos rins, inchaço nas pernas;
- Sede exagerada, perda de apetite, constipação grave;
- Dores ósseas (especialmente na coluna) e fraturas espontâneas;
- Infecções constantes.
Mieloma múltiplo tem tratamento?
A hematologista do Hemoce, Andreia Alcântara, cita que os casos de mieloma múltiplo geralmente são tratados com quimioterapia e transplante de medula autólogo (quando é do paciente para ele mesmo). Essa última modalidade é cogitada para pacientes com idade e condições clínicas que permitam o procedimento.
O tratamento do mieloma possibilita ao paciente ter uma vida com qualidade. A Abrale sinaliza seis meios de cuidar para amenizar o avanço da doença.
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Quimioterapia, imunomoduladores, inibidores do proteassoma, imunoterapia, bisfosfonatos e, o mais extremo, transplante de células-tronco hematopoiéticas são os tratamentos mais comuns.
Fatores de risco
O mieloma múltimo não é como um câncer de pulmão, por exemplo, que pode ser prejudicado pelo uso de cigarro ao longo da vida. Não há fatores de risco específicos conhecidos pela medicina. O que se sabe é que a doença é discretamente mais comum entre homens e que, geralmente, o diagnóstico é feito após os 65 anos de idade.
Além disso, uma das causas mais frequentes de óbito são as infecções que acometem mais facilmente esses pacientes.
A matéria foi produzida com base em entrevista com a médica hematologista do Hemoce, Andreia Alcântara, e em informações de profissionais de saúde da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale). A entidade orienta que a qualquer sinal diferente no corpo é importante procurar um médico. O especialista responsável por tratar o mieloma múltiplo é o onco-hematologista.