Erisipela: o que é, quais as causas e como tratar

Doença é provocada por bactérias e, geralmente, afeta as pernas

Escrito por Luana Severo ,
Perna com manchas vermelhas provocadas pela bactéria causadora da erisipela
Legenda: As pernas são os membros, geralmente, mais afetados pela infecção.
Foto: Shutterstock

Quando sofremos um ferimento que “rasga” a nossa pele, deixando à mostra o tecido subcutâneo, é comum nos preocuparmos com as chances de contaminação da região por impurezas e germes. E o receio é legítimo. Uma dessas possibilidades é a de contrair erisipela, um processo infeccioso provocado por uma bactéria que se propaga nos vasos linfáticos.

Embora qualquer ferimento possa servir de porta de entrada para a bactéria, a erisipela é, normalmente, contraída em casos simples de micoses entre os dedos — as chamadas “frieiras” — e de picadas de insetos.

“A erisipela é uma infecção bacteriana da pele causada, principalmente, por estreptococos [bactérias] do grupo A, que acomete a derme e tem um importante envolvimento linfático, sendo mais frequente na perna”, explica o dermatologista Guilherme Holanda*.

Algumas pessoas costumam confundir a erisipela com celulite. Contudo, tratam-se de processos diferentes, e a celulite costuma afetar mais a derme profunda e o subcutâneo. O diagnóstico de ambas as patologias é feito, essencialmente, por meio de exame clínico.

Também é importante não confundir a enfermidade com a psoríase, que é uma doença crônica e inflamatória que também provoca manchas rosadas ne pele. 

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O que é erisipela?

É um processo infeccioso da pele provocado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Qualquer pessoa de qualquer idade pode ser acometida pela doença, mas ela é mais comum em diabéticos, obesos e pessoas com histórico de varizes

Quais são os fatores de risco?

Estudos epidemiológicos apontam que os principais fatores de risco para a erisipela, são: 

  • Obesidade;  
  • Histórico de celulite e erisipela de repetição; 
  • Insuficiência vascular periférica; 
  • Safenectomia (procedimento médico para a retirada da veia safena); 
  • Úlcera crônica de membro inferior. 

Erisipela na perna

O Ministério da Saúde afirma que a sequela mais comum da doença é o linfedema, que é o inchaço e o endurecimento persistentes de um membro. No caso da erisipela, o membro mais afetado é a perna ou o tornozelo.

O médico Guilherme Holanda também reforça que 85% dos casos de erisipela são concentrados nos membros inferiores dos pacientes, especialmente nas pernas.

Erisipela bolhosa

Alguns pacientes com erisipela podem apresentar vesículas, pequenas áreas hemorrágicas e bolhas. Em alguns casos, essas bolhas são desencadeadas por necrose (morte das células) da pele. Pacientes idosos são os mais propensos a desenvolver essa complicação.

Quais os riscos?

Quando o paciente trata a doença de maneira precoce, as complicações não são tão graves. 

Contudo, quando demoram a ser tratadas, as erisipelas podem provocar a formação de abscessos, que são bolsas de pus, necrose (morte de células), trombose venosa profunda e linfedema, que, como dito acima, é o inchaço e o endurecimento de um membro. 

Perna com inchaço, manchas vermelhas e erupções cutâneas
Legenda: Em alguns casos, os membros podem inchar bastante e podem surgir erupções cutâneas.
Foto: Shutterstock

Quais os primeiros sintomas?

Segundo Guilherme Holanda, depois que a bactéria passa por um período de incubação de dois a cinco dias, ocorre um início abrupto de febre, calafrios, mal-estar e náuseas.

Poucas horas depois dos sintomas iniciais, surgem manchas avermelhadas na pele, associadas a dor, inchaço e calor. Em 85% dos casos, de acordo com o dermatologista, a patologia acomete os membros inferiores. Somente 10% das infecções chegam ao rosto.

O que causa a erisipela?

Para que a erisipela se instale em um organismo, é preciso que ela penetre por ferimentos ou poros abertos na pele, podendo ter como predisponentes fatores como frieiras e micoses, picadas de inseto, obesidade, doenças do fígado, histórico de varizes e outros.

É contagioso?

Embora seja uma doença provocada por bactérias, a erisipela não é contagiosa. Diferentemente, por exemplo, da doença mão-pé-boca, que também provoca manchas vermelhas em determinadas partes do corpo, mas que é causada por um vírus e é altamente contagiosa.

Como tratar a erisipela?

O tratamento da erisipela é feito à base de antibióticos específicos prescritos pelo médico e cuidados com as “portas de entrada” da bactéria, basicamente.

O Ministério da Saúde orienta, ainda, reduzir os inchaços, estimulando repouso absoluto com as pernas elevadas; o fechamento da porta de entrada, tratando as lesões da pele e a frieiras, e a limpeza adequada da região, para reduzir a possibilidade de surgirem mais bactérias.

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Em alguns casos, os médicos também podem recorrer a anti-inflamatórios, antifebris, analgésicos e outros medicamentos que atuam na circulação linfática e venosa. 

Tem cura?

Sim, tem cura. A erisipela é uma doença tratável à base de antibióticos e cuidados com as “portas de entrada” da bactéria.

O que evitar quando se tem a doença?

Tratamentos que demandam a cicatrização da pele requerem uma série de cuidados, inclusive, de alimentação, para que o processo não seja atrapalhado por inflamações. 

Nesse caso, são alimentos prejudiciais, por exemplo: abacate, camarão, alimentos industrializados, carnes gordurosas e frituras.

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Como prevenir?

A erisipela pode ser evitada com cuidados higiênicos, mantendo os espaços entre os dedos sempre limpos e secos. Além disso, é importante tratar adequadamente as infecções fúngicas dos pés e tratar qualquer ferimento nas pernas e nos pés.

Também é importante manter o peso adequado e evitar passar muito tempo parado, seja sentado ou em pé. Repousos com as pernas elevadas também são recomendados, sempre que possível.

*Guilherme de Medeiros Holanda é médico, com residência médica em dermatologia pela Universidade de São Paulo (USP), doutorando em clínica-médica/dermatologia na USP, especialização em dermatologia oncológica e cirúrgica na USP e especialização em cirurgia micrográfica de Mohs na USP

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