Três policiais militares investigados por morte de cabeleireiro são absolvidos

Conforme a CGD, não ficou comprovado o cometimento de transgressão disciplinar. O cabeleireiro morreu no início de 2020

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
caso morte cabeleireiro
Legenda: A família acredita que a vítima morreu em decorrência das agressões cometidas por PMs
Foto: Thiago Gadelha

Três policiais militares foram absolvidos da apuração administrativa que investigava a suposta participação dos agentes na morte do cabeleireiro Aldicélio da Silva Frazão.

Conforme a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD), os autos foram arquivados depois de não ficar caracterizado ou plenamente comprovada transgressão disciplinar por parte dos PMs.

Foram inocentados os militares: 1º sargento José Robson Roque da Silva, 2º sargento Cristiano Silva de Castro Saboia e o soldado José Evilásio Dantas Filho. O conselho pontuou que inexistem provas suficientes para a condenação e ressaltou que, caso surjam novos fatos ou evidências, há possibilidade de uma segunda instauração de apuração.

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O cabeleireiro morreu no dia 1º de janeiro de 2020, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do José Walter, em Fortaleza. Na época, familiares de Aldicélio alegaram que a vítima foi espancada e torturada por policiais militares, que estiveram na residência onde ele morava e mantinha um salão de beleza.

A família contou que policiais abordaram Aldicélio, na condição de suspeito, e que ele morreu em decorrência das agressões cometidas pelos agentes.

Na versão da PM, uma composição do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) foi averiguar uma denúncia na Rua Topázio, no bairro Barroso, e encontraram, na residência de Aldicélio, um revólver calibre 38, com quatro munições intactas, além de 55 gramas de maconha e 48 gramas de cocaína.

vitima cabeleireiro
Legenda: Aldicélio Frazão passou quatro dias na UPA e morreu no primeiro dia de 2020.
Foto: Reprodução

Com o desenrolar das diligências, outra composição também participou da ocorrência. O trio de policiais inocentados teria ficado responsável pelo começo da ação, até que componentes de uma outra equipe chegaram e transportaram o cabeleireiro até a UPA.

A defesa alegou que inexistem nos autos provas documental ou testemunhal "que desabone as condutas dos investigados no transcurso da função pública, sendo primários e possuidores de ótimo comportamento perante a Corporação PMCE".

Ainda segundo a defesa, a acusação foi feita sem qualquer amparo fálico e probatório.

PROTESTOS

Aldicélio Frazão passou quatro dias na UPA e morreu no primeiro dia de 2020. Laudo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) apontou que cabeleireiro alvo de ação da PM foi morto por "asfixia mecânica por mecanismo constrictor cervical".

O fato revoltou a família e os vizinhos do cabeleireiro, que realizaram um protesto durante o velório do homem. Aos gritos de "mataram um cidadão" e com cartazes de "pai de família morto pelo Cotam", os manifestantes queimaram madeiras e fecharam as ruas Amâncio Pereira e Emiliano de Almeida Braga.

A Polícia Militar interveio na manifestação e fez uso de balas de borracha e spray de pimenta O Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) também foi acionado para a ocorrência e apagou o fogo.

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