Funcionário do IJF baleado no ataque que matou e decapitou copeiro passa por cirurgia, mas está bem

Carlos Sérgio Matos de Queiroz, 63 anos, estava indo deixar uma garrafa de café no refeitório quando foi atingido com um tiro no braço. Família denuncia insegurança no hospital

Escrito por Luana Severo ,
Carlos Sérgio deitado em uma maca
Legenda: Carlos Sérgio Matos de Queiroz tem 63 anos e trabalha no refeitório do IJF há 41 anos
Foto: Arquivo Pessoal

Carlos Sérgio Matos de Queiroz, 63 anos, vítima baleada no ataque registrado no Instituto Dr. José Frota (IJF) nessa terça-feira (23), teve de passar por uma cirurgia de urgência. Ele trabalha há 41 anos no refeitório do hospital, justamente onde Francisco Aurélio Rodrigues de Lima, de 41 anos, matou e decapitou o copeiro Francisco Mizael Souza da Silva. O criminoso já foi encontrado e preso

Familiares de Sérgio, que foi atingido no braço, souberam do crime bárbaro por meio da imprensa e, desde então, ficaram apreensivos, esperando notícias do funcionário, que chegaram por um telefonema da assistente social da unidade.

"A gente viu pelas reportagens [o crime] e ficou apreensivo. Depois almoço, depois que [a história] passou no jornal e tudo, a assistente social do hospital ligou para a gente e falou que ele [Sérgio] tinha sido atingido e ido para a cirurgia, mas que estava bem, falando", lembra o filho da vítima, o professor Felipe Queiroz, 36.

De acordo com Felipe, o pai foi transferido nesta quarta-feira (24) para a enfermaria do IJF e está bem, estável, com possibilidade de alta ainda nesta semana. "Ele estava indo deixar uma garrafa de café lá no refeitório quando viu o pessoal correndo. Passou por ele um homem pedindo socorro, que foi a vítima já pedindo socorro, e atrás veio o homem [Francisco Aurélio] já atirando. No segundo disparo, atingiu o braço do meu pai, atingiu na artéria, e, imediatamente, meu pai já virou. Como ele trabalha lá há muito tempo, ele já conhecia tudo do hospital, então, ele já virou e foi direto procurar ajuda", relata Felipe.

Carlos não chegou a presenciar o crime bárbaro que aconteceu depois com o colega de trabalho. "Não sei se ele já está sabendo agora, mas, até ontem, ele nem estava sabendo da proporção que tinha tomado esse caso, das barbaridades", compartilha o filho.

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Família denuncia 'grande irresponsabilidade do hospital' 

Segundo Felipe, a família de Sérgio irá procurar o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort) em busca dos direitos do trabalhador.

"É uma grande irresponsabilidade do hospital. É uma coisa que poderia ter sido evitada se o hospital tivesse trabalhado direito na parte da segurança, do controle da entrada. Todo mundo fala, já é muito conhecido isso, que são muito burocráticas as visitas, mas, de repente, um homem desse consegue entrar com uma mochila, com arma, e poderia ter sido uma tragédia ainda muito maior se o assassino quisesse matar todo mundo. Ele teria conseguido, ninguém teria empatado", criticou o professor.

Felipe afirmou ainda que toda a documentação da internação do pai será mostrada ao Sindifort e ao advogado do sindicato, para que providências sejam tomadas.

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'Vamos resguardar e apoiar os direitos do servidor'

De acordo com Ana Miranda, servidora do IJF que compõe a diretoria do Sindifort, a entidade acompanha o caso e busca a garantia de direitos de todos os funcionários abalados pela tragédia, desde as duas vítimas diretas — Sérgio e Mizael — a todas as outras que trabalham ou não no refeitório, setor que foi palco do ataque.

"Nós, enquanto entidade, vamos resguardar e apoiar os direitos do servidor lesionado [Sérgio]. Vamos ver tudo o que pudermos fazer, tanto administrativamente como juridicamente", garantiu a diretora.

Para além disso, segundo Miranda, é cobrado um suporte institucional por parte da Prefeitura de Fortaleza, responsável pelo IJF. "Uma demanda dessa magnitude não impacta apenas o grupo que estava lá na hora. Impacta o emocional de todos os servidores e dos pacientes e acompanhantes", dimensiona ela. "Estar numa maca, num leito de hospital, sem condição de andar, correr, e ficar ouvindo rajadas de tiro... Abalou demais. O clima no hospital não está bom. Para onde a gente olha, é gente orando", acrescentou.

Outra demanda feita pelo Sindifort ao Executivo municipal diz respeito a um "programa satisfatório" de segurança preventiva e aumento de segurança ostensiva na unidade hospitalar.

O Diário do Nordeste solicitou posicionamento sobre as críticas ao IJF e, quando houver retorno, esta matéria será atualizada.

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